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A implantação da Linha 3 do Metrô, ligação entre Rio e Niterói, voltou a aparecer nos planos de governo das duas cidades, desta vez, na proposta de candidatura conjunta para sediar os Jogos Pan-Americanos de 2031.
Na última terça-feira (3), os dois municípios formalizaram ao Comitê Olímpico do Brasil (COB), por intermédio de uma carta, a intenção de se tornarem, em conjunto, cidades-sede do evento. São Paulo e Assunção (Paraguai) também estão no páreo.
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A Linha 3 do Metrô entrou na história porque o prefeito (reeleito) do Rio e o prefeito eleito de Niterói, respectivamente, Eduardo Paes e Rodrigo Neves afirmaram, durante a cerimônia de formalização da candidatura, que se comprometeriam a viabilizar a implantação da linha caso Rio e Niterói se saíssem vitoriosos no pleito. Seria, no entendimento dos gestores, o principal legado do Pan 2031 para os municípios.
A Linha 4 do Metrô que liga Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro, à Barra da Tijuca, na zona oeste, foi inaugurada para os Jogos Olímpicos, realizados no Rio, em 2016, pelo então presidente interino Michel Temer e pelo governador em exercício Luiz Fernando Pezão. As obras começaram em 2010. Dois anos depois, o governo do Estado do Rio de Janeiro divulgou que o custo total do investimento seria de R$ 8,7 bilhões contra os R$ 5 bilhões inicialmente informados. No final da obra, estima-se que custou R$ 10 bilhões.
A responsabilidade do Metrô é do governo do Estado. Em agosto do ano passado, uma comitiva da estatal chinesa CRRC Corporation Limited, em reunião com o governador Cláudio Castro, no Palácio Guanabara, não apenas manifestou o interesse na elaboração dos estudos sobre a Linha 3 do Metrô como apresentou o modelo DLS que desenvolve que engloba, desde o projeto de construção até a operação com suporte de inteligência, para esse modal.
Como passo seguinte, em outubro também do ano passado, o governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Transporte e Mobilidade Urbana (Setram), chegou a marcar para 19 de dezembro a licitação para contratação de empresa que teria como tarefa elaborar os estudos relacionados à ampliação do sistema metroviário no Rio de Janeiro. O chamamento público, publicado no Diário Oficial do Estado, previa a análise da viabilidade técnica, jurídica, econômica e ambiental para a implantação dos trechos Praça XV x Araribóia x Alcântara e também Jardim Oceânico x Alvorada x Recreio dos Bandeirantes, estabelecidos no Plano Diretor Metroviário (PDM).
De acordo com a Setram, a licitação foi anulada. Sobre a questão, atualmente, a informação dada ao A Seguir é que “seguem em andamento as tratativas internas para um novo processo licitatório”.
No caso de Rodrigo Neves, não é a primeira vez que ele promete implantar a Linha 3 do Metrô. Em 2022, quando foi candidato ao governo do Rio, o modal marcou presença na sua campanha.
O então candidato a governador chegou a apontar a criação dessa linha de Metrô como a solução para os problemas de mobilidade enfrentado por moradores dos municípios do Leste Fluminense, mais especificamente, Niterói, São Gonçalo e Itaboraí.
Na época, em entrevistas a diferentes mídias, Neves afirmou que, se eleito, iria começar “no primeiro dia do mandato”, a fazer a Linha 3 do Metrô. Naquele momento, afirmou que para tirar a obra do papel lançaria uma licitação internacional para a construção do Metrô que ligaria a capital do estado a Niterói, São Gonçalo e Itaboraí. Na sua opinião, o custo dessa obra, seria baixo do previsto em 2015, quando, segundo ele, o projeto foi orçado em cerca de R$ 4 bilhões.
A construção da Linha 3 do Metrô já teve seu custo estimado em R$ 1,2 bilhão pelo Governo federal, em 2011. Dois anos depois, o valor passou para R$ 2,57 bilhões em estimativa do Governo estadual.
Em 2022, também era candidato à (re) eleição para o cargo de governador do Rio Claudio Castro. Na ocasião, ele prometeu, se reeleito, fazer a Linha 3 do Metrô, ligando Itaboraí, São Gonçalo e Niterói. Em campanha, informou que o projeto já estava pronto e que a verba para a obra viria do leilão da Cedae.
O leilão de concessão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) do Rio de Janeiro, em abril de 2021, resultou na venda de três dos quatro blocos em que a empresa foi fatiada, por R$ 22,69 bilhões. Entre os municípios beneficiados com o negócio estão Rio de Janeiro (R$ 5 bilhões) São Gonçalo (R$ 1 bilhão) e Duque de Caxias ( R$ 750 milhões) ,então sob gestão do prefeito Washington Reis que, por um breve período, foi o vice na chapa de Claudio Castro.
A primeira vez que se pensou na criação de um modal de transporte ferroviário para ligar as cidades do Rio de Janeiro e Niterói data do final do século 19, ainda sob reinado de Dom Pedro II. Na prancheta, o primeiro traçado do que veio a se chamar Linha 3 foi feito em 1968 e ligaria a zona norte carioca a Niterói.
De acordo com Caio Barbosa, em artigo para o site Casa Fluminense, em 2015, quando a Linha 3 voltou a ser falada pelo Governo do Estado, a ideia era ligar o Centro do Rio a Niterói, tendo como um dos trechos um túnel a ser escavado por baixo da Baía de Guanabara. Do outro lado da Baía, a linha do metrô seguiria a antiga linha de trem, passando por Alcântara e chegando na Estação Guaxindiba, em São Gonçalo.
Antes, em 2013, o Governo do estado chegou a cogitar fazer a ligação entre os dois municípios por um monotrilho.
O ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, que teve Cláudio Castro como vice, também prometeu, na época de campanha, que tiraria a Linha 3 do Metrô do papel. No cargo, porém, afirmou que seria mais barato e eficaz construir mais estações de barca, em São Gonçalo. Witzel sofreu impeachment em 2020 e se tornou inelegível por cinco anos. Mesmo assim, chegou a registrar sua candidatura para o governo do estado em 2022. A candidatura foi indeferida.
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