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Leader de Icaraí é esvaziada

Por Sônia Apolinário
| aseguirniteroi@gmail.com

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Na manhã desta sexta-feira (17), todas  as mercadorias foram ensacadas e levadas para um caminhão, estacionado na calçada em frente à loja
loja leader vazia
O esvaziamento da loja foi por volta das 10h. Fotos: reprodução vídeo Angelo Morse

Na manhã desta sexta-feira (17), a loja Leader, na rua Otávio Carneiro, 86, em Icaraí, foi esvaziada e suas portas fechadas.  Todas as mercadorias foram ensacadas e levadas para um caminhão, estacionado na calçada em frente à loja.

As mercadorias no caminhão.

 

O esvaziamento da loja, por volta das 10h, foi testemunhado pelo ator e diretor da Casa Escola Golfinho Feliz, no Jardim Icaraí, Angelo Morse, que postou um vídeo  com o registro nas suas redes sociais.

Na semana passada, a unidade teve dificuldade para funcionar. Por falta de pagamento, seus funcionários estavam se recusando a trabalhar. Houve dias em que as portas só foram abertas por volta das 12h, quando o horário de início de funcionamento é às 10h. Em outros, nem abriu.

Em janeiro passado, a loja de Icaraí chegou a ficar fechada por alguns dias por falta de luz, cortada por atraso no pagamento da conta. Reabriu precariamente iluminada e visivelmente desabastecida. Uma semana antes, a rede de lojas de departamento tinha fechado a unidade de dois andares que funcionava no Centro de Niterói – seu segundo andar era interligado ao Plaza Shopping por uma passarela.

 

 

Uma longa história

A Leader foi fundada em 1951 em Miracema (RJ). Era, então, uma loja de tecido e armarinho chamada Bazar Leader. Um dos fundadores foi Newton Fernandes Gouvêa, nascido em Palmas (MG), filho de ferroviário cujo primeiro empreendimento foi a venda, com irmãos, de doces caseiros feitos pela mãe. Newton Fernandes Gouvêa permaneceu à frente da gestão da empresa por 60 anos. Ele faleceu em 2015, aos 90 anos.

Em 1966, com três lojas no interior do Rio, a Leader chegou a Niterói e iniciou sua expansão. Em 1970, houve a fusão de várias empresas da família Gouvêa dando origem à União de Lojas Leader Limitada, sob o nome fantasia Leader Magazine. Em 1991, a segunda geração das famílias dos sócios-fundadores assumiu o negócio. Foi inaugurada a primeira loja no município do Rio, em Madureira, e nesse ano também foi aberta a fábrica Leader, em São Gonçalo. No seu auge, a rede chegou a ter 65 unidades em oito estados. Tinha, então, 5 mil funcionários .

Em 2005, o banco de investimentos BTG Pactual, do banqueiro André Esteves, comprou a varejista Leader Magazine. O banco ficou com 70% das ações em um negócio que girou em torno de R$ 1 bilhão. Em 2008, a Renner tentou comprar a Leader, mas desistiu do negócio, após a crise global atingir os mercados financeiros.

O BTG Pactual controlou a Leader até 2016, quando anunciou o pedido de falência da rede varejista. A solicitação foi feita pela família Furlan, dona da rede da rede paulista Seller, comprada pela Leader, em 2013, que reclama pagamento atrasado de R$ 9 milhões, na Justiça.

Com uma dívida de R$ 1,1 bilhão, em 2020, a Leader negociou os termos de seu plano de recuperação judicial com credores. Várias de suas lojas encerraram as atividades comerciais, inclusive a sua primeira loja, em Miracema, que fechou após 71 anos de operação em 29 de outubro de 2022. Agora, é dado como certo o fechamento da Leader Icaraí.

Recuperação judicial

No último dia 9, a loja teve dificuldade para abrir porque os funcionários fizeram greve parcial por falta de pagamento. Foto: Sônia Apolinário

No site da rede, consta o seguinte informe:

“A Recuperação Judicial visa resguardar a capacidade de operação e de geração de receitas, num processo pensado cuidadosamente para garantir a retomada da empresa, com o menor impacto possível. É mais um passo, portanto, na estratégia de recuperação dos negócios, pois fornece as garantias e a segurança necessárias para uma negociação ampla e definitiva de todas as pendências financeiras com seus credores.

Desde 2016, o Grupo Leader se lançou ao desafio de se reerguer e voltar a ser uma das maiores empresas do varejo brasileiro. Nessa trajetória, diversas medidas foram tomadas, sempre com cautela e visando a preservação das relações de parceria com seus fornecedores e clientes. No entanto, a retração econômica dos últimos anos teve reflexos ainda mais profundos em 2019.

As vendas de dezembro e janeiro foram muito abaixo do esperado, o que ocasionou uma grande dificuldade de caixa. Com a crescente realização de protestos, de valores cada vez maiores, recorrer a proteção legal da recuperação judicial tornou-se inevitável.

Operando sem interrupções e com as proteções garantidas pela recuperação judicial, o Grupo Leader conseguirá gerar os recursos necessários para atender todas as demandas, como sempre aconteceu no enfrentamento de vários outros momentos de dificuldades econômicas no setor varejista”.

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