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Igreja Universal torna eleição uma guerra santa nos templos em Niterói

Por Redação
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Editorial da Folha Universal, jornal do bispo Macedo, diz que o estado é laico mas o voto, não
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A Igreja Universal do Reino de Deus esteve presente no desfile do Sete de Setembro, em Brasília, no palanque com o presidente Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução Folha Universal

O assunto não aparece na pauta de nenhum partido ou candidato, mas a falsa ameaça de fechamento de templos evangélicos já é um dos temas dominantes desta eleição. Depois de o pastor Silas Malafaia e o deputado e pastor Marco Feliciano alardearem a existência de risco de cerceamento da prática religiosa num governo do PT, agora a Igreja Universal também mobiliza os fiéis em seus templos, em Niterói, para votar contra candidatos que, se forem eleitos, poderiam agir contra a comunidade cristã.  A ameaça, já desmentida pelo PT e por seu candidato, o ex-presidente Lula, é fake news.

Pastores ligados ao bolsonarismo espalham, com intenção de prejudicar o candidato petista, que votar em Lula é votar contra o mal, como aparece na campanha do presidente Jair Bolsonaro.

Na última semana, um editorial do jornal Folha Universal deixou claro o posicionamento, replicado pelos pastores nos cultos: “O estado é laico, o voto não”. O texto reconhece que o estado é laico. Mas estabelece um contraponto, entre o que seria um estado religioso e um estado ateu, para advertir para ameaça do comunismo, um dos pontos da campanha do presidente Bolsonaro. Diz o texto:

“Mesmo que o Brasil não seja um estado teocrático (governado pela religião), como é o caso do Vaticano e dos países islâmicos como Arábia Saudita e o Irã. Isso não significa que o país seja um estado ateu, como os países socialistas e comunistas (a exemplo do Camboja, China, Coreia do Norte e Cuba), muito pelo contrário.”

O editorial adverte que alguns jornalistas, pessoas públicas e candidatos (sem citar nomes) “cometem o equívoco de confundir a laicidade do Estado com o impedimento de que o cidadão-eleitor que se professa cristão tenha o direito de ter sua ideologia de vida como bússola moral para suas escolhas.” Segundo o documento, estas pessoas não aceitariam a defesa dos ideais cristãos no governo.

E continua:  “Assim, ao ganharem as eleições, tais candidatos (sem citar nomes) poderão intrometer-se à vontade na fé alheia, determinando o que as instituições religiosas e os cristãos podem ou não fazer.”

De acordo com o último censo, 85% dos brasileiros se declaram cristãos. Na última eleição, em 2018, foram recorrentes os registros de ações nos templos para determinar o voto dos fiéis em listas de candidatos distribuídas nos cultos. A Igreja Universal é uma das mais atuantes na construção de uma bancada evangélica. Hoje, o voto religioso sustenta no Congresso a chamada Bancada da Bíblia.

Embora as acusações mentirosas sobre cerceamento religioso não sejam dirigidas nominalmente contra o ex-presidente Lula, os depoimentos de Malafaia e Feliciano não deixam dúvida sobre o alvo. O PT questionou judicialmente o ataque, que obedece à mesma estratégia de desinformação criada em torno do kit gay, que foi tema da campanha bolsonarista de 2018, ou do risco de fraude eleitoral.

Curiosamente, a mesma edição da Folha Universal, datada de 4 de setembro, reserva uma página para outro tema que aparece fortemente na campanha de Bolsonaro, a relação com as Forças Armadas. A publicação destaca “A condecoração e a consagração das forças armadas e de segurança pública”, cerimônia realizada em todo o Brasil. Na ilustração do texto, além das imagens do encontro no Templo de Salomão, aparecem o Pastor Roni Negreiros, responsável pelo grupo Universal nas Forças Policiais e o comandante da Base Aérea de São Paulo, Fabio Cuzziol.

A política entrou definitivamente na igreja.

 

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