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IBGE só conseguiu ouvir metade da população de Niterói e pede socorro para concluir o Censo

Por Sônia Apolinário
| aseguirniteroi@gmail.com

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Comunidades e condomínios com acessos restritos estão dificultando o trabalho do Censo, na cidade. IBGE pediu ajuda da Prefeitura
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A recenseadora Julia Lima de Paula em ação. Fotos: Sônia Apolinário

Em Niterói, comunidades e condomínios com acessos restritos estão dificultando o trabalho do Censo, na cidade. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) previa concluir o trabalho, em Niterói, até 31 de outubro. Porém, até o momento, apenas 54% da população foi recenseada. O prazo foi prorrogado até o final do ano.

Em agosto passado, poucos dias após o início da coleta de dados para o próximo Censo Demográfico, o A SEGUIR acompanhou um dia de trabalho de um recenseador, na verdade, uma recenseadora. Naquela época, o coordenador do IBGE responsável por Niterói, Luiz Carlos Lima, já havia detectado um alto grau de recusa do morador da cidade, em receber os pesquisadores. Na sua opinião, o problema não estava relacionado com algum eventual medo de violência, mas apenas pura falta de interesse do niteroiense em participar do Censo.

O coordenador do IBGE responsável por Niterói, Luiz Carlos Lima, e a recenseadora Julia Lima de Paula.

Agora, diante da dificuldade de acesso à grande parte da população, o IBGE pediu auxílio à Prefeitura para conseguir realizar seu trabalho, em Niterói. Para o A SEGUIR,  Luiz Carlos Lima falou sobre a questão:

De que forma a prefeitura de Niterói está dando apoio aos recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística na coleta de dados para o Censo?

A Prefeitura de Niterói nos ajuda na intermediação com as associações de moradores das comunidades. Também contribui com a divulgação do Censo para a conscientização da população, mostrando aos moradores de Niterói a importância de responder a pesquisa. Temos o apoio da Secretaria de Políticas Sociais na intermediação com as associações de moradores; o apoio da Secretaria Executiva que nos fornece uma ampla rede de apoio com divulgação do Censo nas redes sociais da Prefeitura nos facilitando a alcançar vários parceiros importantes para o bom andamento da coleta do Censo.

 

Por que o IBGE está precisando desse apoio?

O IBGE precisa chegar a todos os domicílios e precisamos de parceiros para chegar a todos os locais de Niterói. Em alguns locais, o IBGE não consegue chegar sozinho devido ao risco de segurança. Em alguns locais, precisamos ser apresentados aos moradores, associações e demais entidades do local, para que o nosso trabalho possa ser realizado sem qualquer tipo de inconveniência ou imprevisto indesejado.

 

Qual o atraso do Censo, em Niterói, em relação ao cronograma original? 

O Censo estava previsto para terminar em 31 de outubro de 2022, porém, devido ao baixo efetivo de recenseadores e por não encontrarmos o morador em casa com facilidade, o cronograma se estendeu um pouco. Temos 54% da população recenseada até o momento.

 

Quais locais o trabalho está sendo mais difícil?

Niterói possui comunidades e condomínios com acesso restrito. Nessas comunidades, o recenseador e o supervisor precisam de auxílio para que entremos com mais tranquilidade. A maior parte dos locais não realizados são comunidades como Viradouro e Morro do Céu. A Secretaria de Participação Social (SEPAS) tem nos ajudado muito nisso nos apresentando e fazendo a intermediação com associações de moradores dessas comunidades. Outra dificuldade que Niterói enfrenta é a ausência de moradores. Por ser uma cidade em que muitos de seus moradores não se encontram em casa, em horário comercial, o recenseador precisa implementar estratégias para que ele encontre o morador em casa e possa realizar o Censo com toda a população.

 

Quando fizemos a matéria sobre o Censo, o senhor afirmou que Niterói não estava sendo totalmente cooperativa. Como está a postura do morador de Niterói para com os recenseadores? 

Os moradores de condomínios estavam muito receosos de atender ao recenseador em suas residências. Após um trabalho de convencimento, conscientização e negociação com os síndicos, pelos Agentes Censitários Municipais, essa postura bastante cautelosa do morador tem mudado um pouco e temos conseguido uma receptividade maior dos condomínios. Nesses locais, temos uma conversa com os síndicos para assegurar o acesso dos recenseadores ao prédio e a ampla divulgação do recenseador dentro do condomínio.

 

A possibilidade de responder o questionário do Censo pela internet ou telefone sempre existiu ou foi um recurso criado recentemente? 

Neste Censo, a possibilidade sempre existiu. Para responder pela internet e pelo telefone, é necessário atender o recenseador primeiro. Depois o recenseador deve registrar a opção do morador de responder pela internet ou por telefone. Se o morador preferir pela internet, o recenseador registra, no seu Dispositivo Móvel de Coleta (DMC), o e-mail em que o morador receberá um link para responder ao questionário. Essas duas opções remotas são alternativas para que todos possam participar. Porém, o recenseador convencerá o morador de que a entrevista presencial é sempre a melhor opção. 

Pelo Brasil

No início neste mês de novembro, o IBGE fez um terceiro balanço sobre o trabalho do Censo. Até aquele momento, 136 milhões de pessoas já tinham sido recenseadas, o que corresponde a mais de 60% da população.

O estado mais adiantado, ou seja, com maior proporção de pessoas recenseadas em relação à população estimada, era o Piauí (86,08%), sendo o Mato Grosso, o mais atrasado (42,72%). O Rio de Janeiro se encontrava dentro da média nacional (63,42%).

O boletim registrou que, até 31 de outubro, cerca de 2,33% dos domicílios tinham se recusaram a responder o questionário. O título de campeão em taxa de recusa estava com o estado de São Paulo: 4,03%, principalmente, por conta da dificuldade de acesso a condomínios.

– Quando o síndico se recusar expressamente a dar acesso ao recenseador, o IBGE irá entrar com uma ordem de acesso ao condomínio. Se não for cumprida, a Unidade Estadual chamará a polícia para garantir o acesso – informa o gerente técnico do Censo, Luciano Duarte.

 

 

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