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Gente de Niterói, nos traços de Bruno Drummond

Por Redação
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Cartunista expõe para a cidade o seu caderno de desenhos
bruno drummond
Bruno Drummond. Foto: Arquivo Pessoal
É possível que você já tenha visto Bruno Drummond pelas ruas de Niterói. Morador da cidade desde que nasceu, estudou a vida toda no Centro Educacional de Niterói. Cartunista durante quase 20 anos da “Revista do Globo”, onde nos divertia e fazia pensar a cada semana com os personagens da coluna Gente Fina, ele atualmente mora em Icaraí, onde também mantém seu estúdio. Você vai reconhecer quando topar com ele, não é um tipo muito comum. É louro, meio ruivo, usa barba, esguio, olhar bem atento. Com certeza você já o viu em Piratininga, na Moreira César, em algum café… Não lembra? Olha a foto. Não importa, o mais certo mesmo é que ele te viu!
Bruno, de 47 anos, é destas pessoas que estão sempre atentas a tudo. Prefere não ser percebido, para que nenhum movimento seu contamine a cena que observa. É assim que consegue capturar e interpretar personagens que podemos identificar, que imaginamos conhecer. Das peladas no Praia Clube à rotina de buscar os filhos na escola, Bruno tem uma relação visceral com Niterói. Não recusa nenhum convite da cidade para mostrar o seu trabalho, falar dos rumos do cartoon e do país, sempre interessado em conhecer, saber mais, nos decifrar. Os três livros que já lançou mostram esta sua permanente curiosidade, com tipos do cotidiano. Alguns deles, certamente, estarão retratados na graphic novel que está finalizando e que deve sair tão logo o mundo volte ao normal.
 
Agora, Bruno revela um traço do seu trabalho que guarda muito bem guardado. No bolso da calça. Os desenhos que faz num caderno moleskine. Sem propósito, sem um objetivo especial, apenas pelo exercício orgânico de observar e tentar capturar a alma humana. A relação com a cidade fez com que Bruno abrisse o seu caderno de desenhos para nos revelar alguns registros que fez nos últimos anos, num tempo em que nos encontrávamos pelas ruas de Niterói.
 
Fique com Bruno Drummond, você vai se reconhecer nos desenhos dele.
 
Anotando Gente
Sorria, você está sendo desenhado!
 
Por Bruno Drummond
 
Sketchbooks, diários de viagem ou diários gráficos, moleskines ou simplesmente cadernos. Muitos desenhistas têm. Não é uma novidade. A novidade é que o conteúdo destes cadernos, antes restrito aos autores, tornou-se público graças à internet e a redes como o Instagram.
 
No meu caso, estes pequenos cadernos – são pequenos mesmo, uso um moleskine de 6,5 por 10 cm, com 54 páginas, que cabe no bolso – são uma forma diferente de perceber os outros. Quando desenho eu enxergo melhor e até escuto melhor.
 
Muitas vezes saco o caderno no meio da rua e em plena luz do dia para desenhar “a espécie” no seu habitat natural. É como caçar, a presa deve estar distraída, relaxada, naquele estado de pós-almoço de domingo. Tento me mover lentamente, vagarosamente, e quando ela menos espera, eu traço!
 
Nesses tempos de pandemia, com bares, cafés, livrarias e bancos de praça interditados – meus lugares favoritos –, desenhar gente ficou impossível. É preciso se proteger e proteger os outros. Mas em breve estarei de volta às ruas e a caça (respeitando o metro e meio de distância). E caso você me perceba te observando calado enquanto rabisco num caderno, não se assuste: não quero roubar-te a alma, vou apenas anotar o seu penteado.

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