Niterói por niterói

Pesquisar
Close this search box.
Publicado

‘Foi injeção de ânimo nesses tempos de pandemia’, conta novo livreiro de Niterói

Por Livia Figueiredo
| aseguirniteroi@gmail.com

COMPARTILHE

Livraria Ponte foi inaugurada no Ingá na última terça-feira (1) e já planeja feiras, lançamentos de livros, saraus e clubes do livro
Livraria Ponte
Novo espaço, que tem como foco livros de ficção e infantis, ficano segundo andar da casa, acima de um café e de um ateliê. Foto: Reprodução/Redes Sociais

A proposta é integrar um circuito cultural, abrindo espaço para o debate, reflexão e para a troca de conhecimento. Feiras, lançamentos de livros, saraus e clubes do livro já estão na lista de prioridades do livreiro criado em Niterói Raffaele Calandro, que abriu no Ingá, na Rua Tiradentes, 128, na última terça-feira de carnaval, a livraria Ponte.

O  espaço, que tem como foco principalmente livros de ficção e infantis, fica localizado no segundo andar da casa, acima de um café e um ateliê de móveis artesanais.

Leia mais: Niterói inaugura uma nova Ponte, a livraria de bairro no Ingá

Foi em novembro de 2021 que a ideia de abrir uma livraria ganhou forma. O esboço dela surgiu numa conversa em uma cafeteria, logo abaixo de onde ficar localizada a Ponte, onde o produtor editorial  Raffaele Calandro pensou que, sim, seria possível investir em um sonho de longa data.

A abertura de locais independentes e a permanência de alguns estabelecimentos, mesmo com a crise  da pandemia, serviam como um estímulo de que poderia dar certo. E deu. Em plena terça de carnaval, o movimento da livraria foi acima do esperado. Os foliões trocaram o glitter, a purpurina, os litrões de cerveja, a música alta e todos os elementos que compõem a euforia típica dessa época do ano pelo sossego, aconchego e, principalmente, pela troca inconfundível de um livreiro com o seu público.

Escadaria carrega títulos de obras consagradas. Foto: Divulgação

– Eu estava no doutorado e sem perspectiva de seguir carreira acadêmica. Estava complicado e a pandemia chegou e dificultou muito a situação de um modo geral. Eu e minha esposa sempre gostamos muito de livros e eu já tinha tido contato com a área como estagiário numa editora aqui de Niterói. Com o avanço da vacina, as lojas foram reabrindo e eu vi uma luz no fim do túnel. Fui muito resistente no começo, mas minha esposa me incentivou a seguir com o projeto. Vimos que tinha um espaço para alugar em cima do café que frequentávamos desde antes da pandemia e resolvemos tirar a ideia do papel – conta ele.

Raffaele diz  que o intuito da livraria Ponte é ser associada a uma conexão, um espaço para formar laços. O logo da livraria é uma alusão clara à Ponte Rio-Niterói, que também imprime o conceito de conexão.

“É um espaço para encontros, conversas, para o contato físico, que ficamos tão carentes. Foi uma injeção de ânimo nesses tempos”, acrescenta.

A ideia é que a livraria promova, já nos próximos meses, saraus no espaço ao ar livre que a casa tem na parte de trás, além de abrigar eventos como clubes de livros. Lançamentos de obras também estão previstos. Dar visibilidade para escritores locais e artistas de uma forma geral também é uma preocupação: “A gente tem um varalzinho que pensamos em expor obras de artistas. Já entramos em contato com uma que faz colagens e gravuras para expor aqui”, explica.

Foto: Divulgação

O foco do catálogo é a literatura infantil, com o intuito de formar, cada vez mais, novos leitores, além de uma seleção criteriosa de livros de ficção. Mangás, quadrinhos e uma seção totalmente dedicada ao público jovem adulto que curte fantasia também fazem parte do acervo. Há, ainda, livros de poesias, contos e biografias, embora sejam em menor escala.

A maioria dos livros tem apenas um exemplar disponível, que vai sendo reposto conforme a demanda. Outros já possuem mais de um exemplar. O objetivo é proporcionar um acervo cuidadoso, que tenha passado por uma curadoria. Com essa restrição, a variedade de títulos e assuntos acaba sendo maior.

Foto: Reprodução/Redes Sociais

– É algo que não vem jogado. Às vezes você pode não encontrar o livro de um autor ou uma autora que está procurando, mas pode se deparar com um outro que te surpreenda. Foi uma preocupação que eu tive: separar bons livros, boas histórias. Como não sou um leitor de fantasia, tive que buscar, pesquisar, ler, perguntar para os colegas que leem mais. E é isso, sempre ficar de olho nas novidades, no que o público está se interessando. Tem uma geração nova de brasileiros surgindo e temos que estar atentos a essa cena. Alguns escritores já vieram aqui deixar seus livros. O que está sendo produzido aqui em Niterói é muito interessante para a gente – afirma.

O livreiro e um dos fundadores da livraria Ponte, Raffaele Calandro, e o escritor niteroiense Marcelo Aceti

O site da livraria ainda em construção para e-commerce, mas Raffaele é bem enfático sobre a real intenção do espaço virtual: não há possibilidade de competição com sites já consolidados e conhecidos pelos preços mais baixos.

– Não queremos competir com os grandes. É uma competição que nem tem como entrar. Não tem como concorrer. Mas a gente oferece algo diferente, que é justamente o contato com o livro e com as pessoas. É isso que faz a livraria viva, o que a gente tem a mais. Vir aqui atrás de um livro e se deparar com outro, conversar sobre as histórias, tomar um café, trocar. A gente quer fazer parte da cena viva do bairro do Ingá, estar enraizada com ele. Estamos perto do Museu do Ingá, do Janete Costa, do MAC. A ideia é que as pessoas possam sair num sábado de manhã e possam visitar a livraria, se apaixonar pelas obras, visitar os museus – conclui.

“Nossas horas contam 12 mulheres”. Livraria faz uma seleção de 12 títulos de autoras mulheres. Foto: Reprodução/Redes Sociais

COMPARTILHE