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Cerca de seis mil discos, dos mais variados estilos musicais, estarão em exibição na Feira de Vinil Niterói, que será realizada no sábado (2) e domingo (3), no Centro de Artes UFF, em Icaraí.
A partir de R$ 5,00 será possível levar uma “bolacha” para casa. Porém, alguns vinis podem custar até R$ 5 mil, como é o caso do primeiro disco de Roberto Carlos, “Louco por você” ou o primeiro LP de João Donato. Por cerca de R$ 3 mil, será possível comprar a primeira prensagem do lendário “Clube de Esquina”, de Milton Nascimento.
– O vinil nunca morreu, sempre teve o espaço dele, mesmo quando parecia que seria desbancado pelo CD. Hoje talvez esteja mais visível por ser um objeto esteticamente legal, ou seja, instagramável – comenta José Pantoja, organizador do evento que teve sua primeira edição em 2019 e, por conta da pandemia do Coronavírus, só agora retorna.
Aliás, a pandemia pode ter ajudado a reaproximar nostálgicos do vinil. Dono de uma coleção de 12 mil itens, Pantoja conta que, nos últimos dois anos, tem vendido, em média, de 5 a 10 discos, por dia.
O amor pelos velhos discos parece ser também uma epidemia. No final de 2020, a venda de vinil, nos Estados Unidos, superou a de CDs, pela primeira vez, desde os anos 1980. Ano passado, artistas como Marisa Monte, Criolo e Marina Sena lançaram seus trabalhos em vinil. No caso de Marina, o seu disco (“De Primeira”) não é preto, mas vermelho opaco.
De acordo com Pantoja, o público do vinil é amplo – vai dos 17 aos 70 anos. Em Niterói, antes da pandemia, existia um Clube do Vinil cujos integrantes se reuniam pelo menos duas vezes por mês para ouvir algum disco e debater sobre ele. Foi justamente o sucesso do clube que animou Pantoja a criar a primeira feira de vinil, no Campo de São Bento, em Icaraí.
Foram cinco edições da feira, uma delas também no Centro de Artes UFF, até que tudo teve que parar. Agora, seis expositores vão participar dessa volta do evento. Como Pantoja, são colecionadores, mas também donos de loja ou e-commerce de discos.
O amor de Pantoja pelos vinis começou em casa, por conta do trabalho do pai, que foi DJ. Mas não rolou “herança” para ele. O pai começou a trocar os vinis por CD para facilitar o transporte do seu “material de trabalho”. Isso fez com que Pantoja começasse sua coleção de discos aos 12 anos – ele só foi ter a primeira vitrola dois anos depois.
Aos 32 anos, também ator e produtor cultural, durante um tempo Pantoja chegou a atuar também como DJ, mas usava computador para realizar suas apresentações. Os discos ficavam “seguros” em casa. Ele conta que promoveu uma venda, pela primeira vez, quando se deu conta que tinha tantos discos a ponto de não saber tudo o que estava guardado.
Naquele momento, ela só queria desapegar. Percebeu, porém, que as vendas o estavam ajudando a conseguir “um dinheirinho” que, inclusive, ajudou a pagar seu curso de ator. Arriscou a dividir uma loja com uma amiga, em Icaraí, mas a veio a pandemia. Loja fechada, sem reuniões do Clube do Vinil, sem peças para atuar, Pantoja começou a entrar em depressão.
– Fiquei três meses completamente parado. Até que resolvi focar na venda on-line dos meus discos. Quando percebi, estava comprando e vendendo muito. Foi na pandemia que minha coleção pulou para 10 mil discos e não tinha mais lugar para tanto disco na casa onde morava com minha mãe – conta ele que, no final de 2020, alugou uma casa de 650 metros quadrados no Centro de Niterói que, desde então, serve de loja e moradia:
– Os discos me ajudaram durante a pandemia porque me deram foco e me permitiram trabalhar de uma forma intensa. Acho que a loja fez sucesso porque as pessoas estavam precisando de música e também estavam nostálgicas de tempos passados. Os discos estavam causando sentimento positivo nas pessoas. Isso me fez muito bem.
Neste momento, Pantoja está catalogando toda a sua coleção. Segundo ele, alguns itens jamais são colocados à venda, como os discos autografados. Para a feira, ele gosta de levar MPB, álbuns clássicos, “muito rock” e artistas como Beatles, Bob Marley e Madonna.
Serviço
Feira de Vinil Niterói
Local: Centro de Artes UFF – Rua Miguel de Frias, 9 Icaraí
Dias 2 e 3 de julho
Horário: das 10h às 17h
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