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Exposição no Museu Janete Costa celebra a fé popular brasileira no cotidiano

Por Livia Figueiredo
| aseguirniteroi@gmail.com

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Mostra com curadoria de Jorge Mendes fala de festas, crença e devoções e humaniza a relação com o sagrado
janete costa
Exposição recém inaugurada no Museu Janete Costa fala das manifestações culturais e do sagrado. Foto: Divulgação

Em cartaz no Museu Janete Costa, em Niterói, desde a última quarta-feira, 28 de maio, a exposição “Santa Intimidade” propõe uma profunda reflexão sobre a experiência do sagrado na cultura popular brasileira ao explorar como o povo não apenas recebe, mas reinventa e humaniza o sagrado a partir da sua realidade cotidiana.

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Com curadoria de Jorge Mendes, a mostra fica aberta ao público até 28 de setembro e tem entrada franca. O A Seguir conversou com o curador, que ressalta que a fé não é apenas um fenômeno religioso, mas um elemento que se manifesta em diversas formas culturais, históricas e emocionais, presente nas romarias, procissões, novenas, amuletos e festas de padroeiro.

Foto: Divulgação

— As peças escolhidas procuraram valorizar diversas tipologias como madeira, barro, tecido, papel, etc. A escolha dos artistas se deu procurando evidenciar os locais do Brasil onde as peças acontecem e a relação íntima desses artistas com essas manifestações. Por exemplo, quando eu falo do padre Cícero eu trago um artista de Juazeiro, quando eu falo de João de Camargo, trago um artista de Sorocaba — analisou o curador.

Através da escolha de 17 santos populares, 3 figuras santificadas pela devoção popular, mas não reconhecidas pela Igreja, e uma sala especial dedicada à Nossa Senhora, “Santa Intimidade” busca celebrar a força da fé popular e a capacidade do povo de transformar o sagrado em um companheiro constante na jornada da vida.

Na mostra, essa manifestação subjetiva é evidenciada por meio de objetos, festas, rituais e práticas cotidianas. A intenção é perceber o sagrado não como algo distante ou institucionalizado, mas como uma presença viva, íntima, que habita os lares e as práticas populares.

O próprio título da mostra remete ao verso popular:

“Essa casa tem quatro cantos
Cada canto tem seu santo
Onde mora o cálice bento
E o divino Espírito Santo”

Esse verso sintetiza a ideia central da exposição: o sagrado está presente nos pequenos detalhes da vida diária, em cada canto da casa, nas tradições que passam de geração a geração.

— Eu evitei ao máximo falar de religião. É uma exposição que fala sobre como no dia a dia essas manifestações culturais nos atravessam sem que a gente perceba. A mostra fala de festas, crença e devoções. Esses são os três principais eixos. Nas festas juninas, a gente pouco fala dos santos. A gente sabe que essas manifestações acontecem, mas poucas vezes a gente lembra deles. Quando as pessoas perdem alguma coisa e pedem ao São Longuinho, elas não sabem como é a imagem do santo. O que importa é essa relação íntima com o santo. Um cachorro bravo, o São Roque.

A valorização das festas populares é um dos pontos centrais da exposição. Foto: Divulgação

Os cinco setores

A exposição está dividida em 5 setores. No Setor 1 – Festas, teremos o Divino, Reisado, São João, Santo Antônio e São Pedro. No Setor 2 – Devoção, São Jorge, São Sebastião, São Francisco, São José e Cosme e Damião. O Setor 3 – Crença conta com São Gonçalo, Santa Clara, São Brás, Santa Bárbara, São Longuinho, Santa luzia e São Roque. O Setor 4 – Milagreiros terá Anastácia, Cícero e João Camargo. Por último, o Setor 5 – Maria, com Aparecida, Rosário, Nazaré e Penha.

Foto: Divulgação

Os milagreiros

O curador também explora os milagreiros, personagens que são cultuados que nunca entram nos altares e a exposição encerra em Maria, como uma grande intercessora.

—Eu encerro a exposição em Nossa Senhora, essa homenagem, o matriarcado, me interessa muito o feminino nessa exposição — pontuou.

 

Foto: Divulgação

O Museu

O Museu Janete Costa de Arte Popular é o único museu dedicado à arte popular na cidade e tem como objetivo acolher artistas do território local e de outras regiões do país, criando um espaço “do povo para o povo” e promovendo a valorização da arte popular brasileira.

Além de preservar o patrimônio artístico, o museu funciona como um espaço de fortalecimento da identidade cultural e de geração de renda para artistas populares, fomentando a economia criativa local e nacional.

O museu também às vezes oferece cursos de formação, workshops, já ofereceu aulas de cerâmica.

— O público que entra lá fala: “o Janete é nosso quintal”. Isso para mim é lindo. Demonstra uma relação íntima. É um museu que tem todas as portas abertas, não cobra ingresso. E tem tudo a ver com essas manifestações culturais.

Serviço: 

Datas: 29 de maio a 28 de setembro

Horário: Terça a domingo, das 10h às 17h

Local: Museu Janete Costa de Arte Popular, Rua Presidente Domiciano, 178 – São Domingos, Niterói

Entrada gratuita

Classificação indicativa: Livre

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