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Feito em parceria com o Instituto D’Or (Idor) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um estudo do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz) observou que o vírus causador da pandemia de Covid-19, o Sars-CoV-2, pode infectar células neurais e criar danos cerebrais. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (21) pela Fiocruz.
Organizado pela Faperj e publicado em preprint, o projeto teve como ponto de partida a análise do tecido neural de um paciente que morreu pela doença.
– O que tínhamos analisado era que no parênquima cerebral, ou seja, na massa cinzenta propriamente dita, não havia sido detectada a presença do vírus. Porém, no revestimento das células que estão na caixa craniana, sim – explica Thiago Moreno L. Souza, pesquisador virologista à frente do Grupo CDTS/Fiocruz.
A partir desta informação, segundo a Fiocruz, os grupos começaram a fazer uma série de experimentos em laboratório para avaliar se, de fato, o neurônio se infectava ou não. O Grupo CDTS/Fiocruz é responsável pela revisão das análises laboratoriais do caso clínico, infecções experimentais e quantificação viral. Já o Grupo Idor e UFRJ, liderado pelo neurocientista Stevens Rehen, encarrega-se da prospecção do caso clínico, preparação de modelos celulares neuronais 3D.
– O que descobrimos foi que as células neuronais podem permitir a entrada do vírus. Ele consegue, então, produzir seu material genético dentro da célula, mas a progênie viral gerada, ou seja, o ciclo replicativo, não acontece. Portanto, o que entendemos na conclusão deste estudo é que essa replicação no neurônio é abortiva – quando chega lá, não há mais a replicação e assim, não existe a infecção no local. Contudo, isso não é suficiente para não causar uma lesão. Só o fato de o vírus estar presente no tecido nervoso já é nocivo para as células cerebrais – esclarece Moreno.
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