Este ano, 3,1 milhões de estudantes participaram do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Desse total, somente 12 tiraram nota máxima na redação. Dentre os “estudantes nota mil” está a niteroiense Clara Oliveira, de 19 anos. Ano passado, 60 alunos tiraram nota máxima na redação.

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O tema da redação deste ano foi “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. A nota média foi de 660 pontos, representando um aumento em relação à média registrada em 2023 (645 pontos).

Entre os 12 estudantes que obtiveram a nota máxima, a maioria é mulher, com oito redações alcançando os mil pontos. Além disso, somente um dos participantes é da rede pública.

No total, 4.483 participantes da rede pública atingiram notas entre 950 e 980 na redação e 215 alcançaram pontuações entre 980 e mil.

Niterói

Aluna do Colégio PH, Clara pretende cursar Medicina. Fez parte da sua preparação para o Enem estudo extra de redação, em um cursinho. Ao longo do ano passado, ela escreveu cerca de 40 textos, para treinar para a prova.

– Eu costumava estudar todos os dias e fazia uma redação por semana, fazendo rascunhos e corrigindo os erros de acordo com os retornos. Fiz pelo menos umas 30 a 40 redações no ano, o que me deu mais confiança no dia da prova. No dia do resultado, eu esperava uma nota menor por conta das notícias de que iriam pesar mais na correção da redação do Enem. A nota foi um choque. Fiquei muito feliz e não estou acreditando até agora – contou.

Além dela, em todo o estado do Rio de Janeiro, somente uma carioca foi nota mil na redação. Os outros textos que tiraram nota máxima foram de alunos das seguintes cidades: Araçatuba (SP), Baraúna (RN), Belo Horizonte (MG), Belo Jardim (PE), Brasília (DF), Goiânia (GO), Jaguaribe (CE), Maceió (AL), São Luís (MA) e Virginópolis (MG).

Balanço

O resultado do Exame Nacional do Ensino Médio 2024 foi divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) na última segunda-feira (13). As notas individuais estão disponíveis na Página do Participante. Para os “treineiros”, aqueles que não concluíram o ensino médio em 2024, o boletim individual será publicado em março de 2025. 

O Enem 2024 teve 4,3 milhões de inscritos, mas a prova foi feita por 73,5% deles (3,1 milhões).

– O Enem tem uma importância muito grande na trajetória de vida dos estudantes brasileiros por ele ser a principal porta de entrada para o ensino. Queremos ampliar cada vez mais o acesso ao exame e incentivar que mais estudantes participem da prova. Em comparação com o Enem de 2023, podemos perceber um aumento no número de presentes na prova, redução no número de ausentes e aumento de 400 mil inscrições no Enem 202 – informou ministro da Educação, Camilo Santana.

Com os resultados do exame, os participantes podem pleitear uma vaga gratuita pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que abriu a consulta às vagas na terça-feira (14), no Portal Único de Acesso ao Ensino Superior e início das inscrições dia 17 deste mês; tentar uma bolsa de estudo pelo Programa Universidade para Todos (Prouni); ou acessar o ensino superior com o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Estudantes de escola pública têm direito a concorrer às vagas ofertadas pela Lei de Cotas: pelo menos metade (50%) das vagas de cada curso das instituições públicas deve ser destinada a candidatos que estudaram na rede pública todo o ensino médio. 

Os dados da edição de 2024 revelaram que mais de 33% dos participantes (1.080.096) do Enem estariam acima do ponto de corte de 20% dos cursos do Sisu em 2023. Isso significa que, com 569,62 pontos (nota de corte), o estudante teria acesso a 842 cursos. 

Com base nesses dados, Santana ressaltou a importância de fazer o Enem: 

– Às vezes, o jovem desiste de fazer a prova achando que vai tirar uma nota baixa ou que não vai ter acesso ao curso superior. Com o Enem 2024, nós também podemos chegar aos mais de 1 milhão de alunos a terem acesso a 842 cursos oferecidos no Sisu – afirmou. 

Os resultados individuais do Enem também podem ser aproveitados nos processos seletivos de instituições portuguesas que possuem convênio com o Inep para aceitar as notas do exame. Os acordos garantem acesso facilitado às notas dos estudantes brasileiros interessados em cursar a educação superior em Portugal.

As médias gerais foram 529 para matemática e suas tecnologias; 528 para linguagens, códigos e suas tecnologias; 517 para ciências humanas e suas tecnologias; e 495 para ciências da natureza e suas tecnologias. Para redação, a média geral foi 660, e 12 participantes de dez estados obtiveram a nota máxima (1000).

– Estamos iniciando os estudos que foram encomendados pelo ministro, anunciados ao finalizar a aplicação do exame, para o uso dos resultados para fins de avaliação da conclusão da educação básica no País. E, no contexto desses estudos, os dados estão sendo esmiuçados, de modo que se tenha a possibilidade de ver o desempenho das redes de educação e fazer projeções que permitam, com o uso do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e do Enem, ver como se desenvolveram os estudantes – disse o presidente do Inep, Manuel Palacios. 

Fonte: MEC e CNN