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Onde estacionar o carro depois da revitalização do Centro de Niterói, numa cidade que tem 300 mil veículos e poucas vagas? Essa questão moveu boa parte do encontro entre lojistas da cidade e o Secretário de Mobilidade e Urbanismo, Renato Barandier, na manhã desta terça-feira (12), na Câmara de Dirigentes Lojistas. Barandier apresentou novamente o projeto de reurbanização, chamado Centro 450, que propõe conjunto de obras dialoga com a nova Lei de Uso do Solo. O plano é ambicioso, e inclui a criação de 3 mil unidades habitacionais, em grandes prédios residenciais, alargamento de calçadas, retirada do estacionamento ao lado das barcas para fins paisagísticos, plantio de árvores na Amaral Peixoto, reforma no antigo prédio da Caixa Econômica, entre outras mudanças. Na plateia, animação por parte de muitos, dúvidas por parte de muitos outros também.
Em geral, os empresários presentes se animaram com a perspectiva de mais clientes em potencial, que segundo o Secretário, seria uma consequência positiva causada pelo aumento da construção de prédios residenciais no Centro. Porém, o fluxo do trânsito e a falta de lugar para estacionar perturbou boa parte dos lojistas presentes.
Perguntas como onde os clientes irão estacionar, se há um plano de construção de novos estacionamentos subterrâneos, ou de um edifício garagem, ocuparam o Secretário durante boa parte da manhã. Barandier, que é mestre em Engenharia de Transportes pela UFRJ, ouviu, mas não teve muitas respostas para oferecer sobre a falta de estacionamentos. Disse, entretanto, que os questionamentos serão levados em consideração na formulação de um plano.
Outra dúvida que apareceu em algumas perguntas foi se há um plano para o fluxo de veículos. Isso porque o plano, segundo o Secretário, propõe a construção de 3 mil novas unidades habitacionais, ou seja, 3 mil novos apartamentos, em novos prédios, que ficariam localizados em novas quadras criadas ao lado do Terminal Rodoviário Jorão Goulart.
Segundo o Secretario, o plano diretor de Niterói permite prédios de até 21 patamares no Centro, desde 2013.
A ideia é atrair mais moradores para a área central da cidade, no entanto, a preocupação é que mais moradores implique em piora do trânsito, especialmente nos horários de pico.
Uma das propostas do plano de obras é alargar a avenida Janssen de Melo:
– Ali onde tem o mercado atacadista, a gente já conseguiu a doação do espaço. Infelizmente, na hora de fazer aquela pista lateral temporária, a gente encontrou uma interferência de drenagem, que realmente só fazendo uma obra de reurbanização da via. Fazendo isso, a gente tem aquele espaço ali, que é o mais difícil. E a gente vai ter uma nova chegada, resolvendo o problema. Vamos poder tirar o ponto de ônibus da [Praça] Renascença, que também faz um gargalo, e colocar do lado do supermercado. Com isso, quem está na faixa da direita, na praça, pode fazer o retorno do mergulhão… todo o trânsito de chegada (no Centro) começa a ficar organizado, coisa que hoje a gente não tem ainda por causa dos espaços muito espremidos. E essa reorganização é o que justifica a criação de uma faixa exclusiva [para os ônibus].
Outra ideia que deixou os presentes intrigados é a proposta de diminuir em 30 centímetros a faixa de asfalto em algumas ruas para alargar as calçadas que atualmente são muito estreitas. A ideia é tornar o percurso a pé menos sofrível.
A Secretaria de Mobilidade e Urbanismo aposta na diversificação de opções de transporte para diminuir a quantidade de carros nas ruas.
A ideia é aumentar as faixas exclusivas para ônibus e investir na malha cicloviária, para diminuir o tempo de viagem para quem opta pelo coletivo, e para que a bicicleta se torne cada vez mais um veículo viável para o dia a dia. O Secretário disse esperar que, assim, as pessoas deixem de considerar o carro como principal opção de transporte:
– Quando a gente coloca uma faixa exclusiva [para ônibus], a gente organiza o trânsito. A pior condição possível é o caos, de carro, ônibus e bicicleta disputando espaço. Com isso, uma parte de quem anda de carro vai optar pelo ônibus. Além da ciclovia e da remodelação da calçada. Essa multimodalidade vai gerar impacto positivo no trânsito, porque hoje se você é refém do automóvel, você passa a ter alternativas.
Faltou, no entanto, apresentar uma expectativa de crescimento na quantidade de veículos na cidade, e um plano específico para o impacto dessa nova demanda no dia a dia.
A Secretaria acredita que os novos moradores no Centro utilizarão mais as barcas ou outros meios de transporte coletivos, por causa da quantidade de opções ao carro. O Secretário disse ainda que a ideia é atrair para os prédios residenciais pessoas que trabalham na cidade, e que deixarão de precisar pegar o trânsito diário para se deslocar para ir e vir. Não explicou, no entanto, o que garante que os novos moradores do Centro serão também trabalhadores da cidade.
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