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Especialistas discordam da desobrigação das máscaras: ‘Precoce’

Por Fabiana Batista
| aseguirniteroi@gmail.com

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Rede de pesquisadores mantém recomendação: vacina, máscaras de boa qualidade e distanciamento ainda são a melhor opção
Foto: Gustavo Stephan
Foto: Gustavo Stephan

O debate sobre a desobrigação de uso das máscaras ganhou um novo capítulo nesta quinta-feira, quando o Governador Cláudio Castro sancionou a lei que flexibiliza a utilização do equipamento. Com isso, fica valendo o decreto da cidade do Rio, que torna a proteção compulsória em ambientes externos. Em Niterói, o processo será mais lento, e a partir de segunda o uso será opcional entre praticantes de atividades ao ar livre, mantendo-se o distanciamento. Mas na opinião de especialistas da Rede Análise Covid-19 ouvidos pelo A Seguir: Niterói, abrir mão da proteção em qualquer circunstância ainda é precipitado.

Até o momento, os municípios que cogitam ou planejam a liberação das máscaras têm usado como argumento o avanço da vacinação. Para o cientista de dados e coordenador da Rede Análise Covid-19, Isaac Schwartzhaupt, essa percepção é um equívoco.

– A cobertura vacinal não deveria ser, de maneira alguma, indicador de liberação de proteção, explica Isaac Schwartzhaupt, coordenador da Rede.

A opinião é compartilhada pela neurocientista Mellanie Fontes-Dutra, que também considera precoce a decisão de flexibilizar as máscaras:

– Acredito ser um pouco precoce, tendo em vista a cobertura vacinal para duas doses, apenas, um pouco maior que 50% e com uma transmissão, ainda, significativa no país e em seus estados.

Entre os moradores de Niterói que praticam atividades ao ar livre, a flexibilização prevista na cidade divide opiniões. A estagiária Ângela Pereira, de 28 anos, corre pelo menos duas vezes por semana. Desde o início da pandemia, ela faz o exercício em horários com pouco fluxo de pessoas na rua. Nestes quase dois anos, se acostumou com a máscara e não pretende deixá-la mesmo com o decreto.

– Só deixarei de usá-la quando me sentir mais segura. Que significa o país todo vacinado e o índice de transmissão quase nulo.

Já um morador que não quis se identificar diz que após um mês da aplicação da segunda dose passou a jogar futevôlei na praia sem máscara. Jogador apenas no tempo livre, o acessório é um obstáculo que o faz ter rendimento baixo. Entretanto, não vê a liberação como positiva e pondera:

– Com a vacinação em massa, em Niterói, me sinto mais seguro de jogar ao ar livre sem máscara, porém, se houver aumento dos casos e surgirem novas variantes retornarei a utilizá-la em todas as situações, assim como retornarei a praticar o distanciamento social rígido.

Liberação precipitada

Em uma das análises divulgadas no site da Rede, Isaac explica que o principal dado para liberar ou não medidas sanitárias é a métrica da “positividade”. Nela, caso torne-se um indicador padrão para todas as análises, é possível mensurar qual o “placar” que o país ou cidades se encontram no combate ao novo Coronavírus.

– Para calculá-lo, basta dividir o número de testes RT-PCR [ou antígeno] com resultado positivo em um determinado dia pelo número de testes totais executados naquele determinado dia.

Segundo o estudo, com isso, o resultado ajuda a compreender como se encontram cada localidade com precisão. E, a partir desta avaliação, mensurar alertas ou ondas baixas para definir novas medidas. Para o especialista, ao tornar o uso de máscaras opcional há, ainda, o aumento do risco da geração de uma nova variante ou a necessidade de testar o sistema imune sem necessidade com uma exposição contínua, pois podem “começar a empilhar exposição em cima de exposição”.

Os cientistas da Rede Análise Covid-19 compreendem que a tríade “vacina, máscaras de boa qualidade bem vedada e a não aglomeração desnecessária” ainda é a aliada principal para a redução da transmissão e consequentemente barreira para possíveis novas variantes.

– Se conseguíssemos comunicar bem as nuances, fiscalizar e reforçar a importância do uso obrigatório em ambientes fechados e com aglomeração, aí sim. Mas o maior problema é que esta não é a realidade do Brasil, relembra Isaac.

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