Mais que um problema pontual, a falta de energia elétrica que começou no sábado (18), com a ventania que derrubou o palco das comemorações dos 450 anos de Niterói montado na Praia de Icaraí, e durou, para muitos moradores até a noite de terça-feira (21), revela uma crise do modelo de privatização de serviços básicos, como água, luz e saneamento. Essa é a posição do professor Márcio Malta, do curso de graduação em Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (Inest/Uff), da Pós-graduação em Estudos Estratégicos da Defesa e Segurança (PPGEST/Uff) e pesquisador do Inct-Ineac. e cartunista (pseudônimo: Nico).
Para ele, “é insustentável manter esse modelo, onde uma empresa estatal de um país central, a Itália, corta custos e demite pessoal, enquanto em um país periférico a população sofre com o descaso.” Marcio Malta, escreveu sobre o tema, para o A Seguir:
“A chuva do último sábado causou estragos na cidade de Niterói. A tempestade de algumas horas fez com que parte significativa da cidade ficasse sem luz por dias. Rapidamente a população passou a repetir: a culpa é da concessão para a empresa privada Enel. A queda na qualidade dos serviços já é uma tônica de alguns anos. Porém, o que se assistiu e ainda se assiste nesse momento é, com o perdão do trocadilho, a gota d’água.
É insustentável manter esse modelo, onde uma empresa estatal de um país central, a Itália, corta custos e demite pessoal, enquanto em um país periférico a população sofre com o descaso.
O episódio deve servir como lição para os governantes. Setores estratégicos, como água, luz e esgoto, para citar alguns, não podem ser entregues na mão de terceiros com interesses escusos.
Mesmo o vento da chuva de sábado tendo sido recorde na cidade, não é desculpa para a morosidade com que a Enel lidou com o fenômeno, preferindo correr para pagar por inserções publicitárias milionárias nos meios de comunicação.
A sociedade civil já se conscientizou. Parlamentares, como exemplo, o vereador Paulo Eduardo Gomes, também sinalizaram para a necessidade de discutir o modelo. Cabe agora ao Executivo Municipal amadurecer que o contrato com a Enel já não cumpre a sua função; pela falta de compromisso da empresa. A cidade precisa se libertar das amarras dessa situação.”