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Quem frequenta os mercados de Niterói já deve ter reparado num alimento fora da curva dos preços: o tomate. Item comum na cozinha brasileira, a fruta (não é legume!) está pesando no orçamento há pelo menos duas semanas. Aquele mais comum, usado para saladas, está beirando R$ 10 o quilo. Se for do tipo Débora ou italiano, então, passa facilmente de R$ 12, nos sacolões e feiras. O motivo é a entressafra, ainda mais diante dos problemas climáticos que o Brasil está enfrentando.
— O tomate é muito influenciado por sazonalidade. Neste caso, fundamentalmente, por causa da seca, que deu uma quebra na safra. Ele está fora da colheita e com dificuldades referentes à clima — explica Ruy Santacruz, diretor da Faculdade de Economia da UFF.
A questão da safra do tomate deve ser resolvida em breve, quando o alimento voltar para o tempo de colheita, com mais oferta e qualidade. Mas outros produtos continuam dando dor de cabeça aos consumidores e sem perspectiva de melhora a curto prazo. São os da cadeia de proteínas: carne, frago, leite e derivados. A cartela com 30 ovos, por exemplo, não custa mais R$ 10 há meses. A ração animal segue cara, o que causa uma espécie de “efeito dominó”, e tudo que depende da criação pecuária está com preço em patamares altos.
Energia, combustíveis e transportes também causam impacto
Apesar do susto causado pela clima e da entressafra, explica o especialista, o tomate está fugindo à lógica atual da economia brasileira. O grupo dos alimentos teve, no último mês, uma inflação um pouco menor do no mês anterior. Em setembro, a alta foi de 1,1%, depois de chegar a 1,6% em agosto.
A alta pode ser menor, mas o impacto da inflação no orçamento das famílias persiste. Santacruz explica que outros fatores também influenciam no preço final dos alimentos. O aumento dos gastos com produtos e serviços que ligados direta ou indiretamente à alimentação também deixam a conta doméstica difícil de fechar:
— Energia, gasolina, diesel e transporte batem diretamente na alimentação. A falta de chuva também dá uma desequilibrada — diz Santacruz. — Ainda assim, repito, demos uma recuada no mês passado.
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