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Entidades do surfe de Niterói comentam feito de Ítalo Ferreira nas Olimpíadas

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Cidade sedia Big Wave Itacoatiara e possui ampla ligação com o esporte, que sofre com desvalorização
Surfistas em Itacoatiara Foto- Divulgação:Secretaria de Esporte e Lazer
Surfistas em Itacoatiara Foto: Divulgação/Secretaria de Esporte e Lazer

No ano passado, o então melhor surfista do mundo, Ítalo Ferreira, passou por Niterói para tentar surfar um Big Surf, mas como as condições não eram as melhores, ele preferiu ficar só da areia, observando. A habilidade de ler e analisar o movimento do mar certamente ajudaram o atleta a ir longe na carreira. Somando a habilidade a uma intensa rotina de treinos e dedicação exclusiva ao surfe o resultado foi outro título histórico, o de primeiro surfista – e brasileiro, ainda – a receber medalha de ouro em uma Olimpíada.

Ítalo e Rayssa, outra brasileira com uma conquista heroica nos jogos de Tóquio, representam classes de esportistas marginalizadas e que, por muitas décadas, tiveram que contar quase que exclusivamente com a possibilidade de despontar a ponto de caírem nas graças de patrocinadores privados.

Segundo o Presidente da Associação de Surf de Ondas Grandes de Niterói, Alexey Wanick, a performance do surfista potiguar foi mesmo impressionante de uma perspectiva técnica, e sua capacidade de analisar o cenário para calcular seus movimentos, alinhada ao seu preparo, revela sua qualidade como atleta:

– O Ítalo teve um índice de acertos de aéreos muito difíceis muito alto durante toda a competição. Esse foi seu diferencial neste campeonato. As condições do mar não estavam boas, muito irregulares.

Wanick analisa que o Brasil carece de programas de incentivo para possibilitar um treinamento adequado para que mais aspirantes ao surfe cheguem ao nível de ícones do esporte, como Ítalo Ferreira e Gabriel Medina, outro grande nome do esporte mundial:

– O país ainda carece de um programa de formação de atletas de alto nível.

Beto Guarino, da Associação de Surf de Niterói, avalia que a história de Ítalo é parecida com a de muitos outros grandes atletas que despontam jovens e contam com programas de incentivo ao esporte para conseguir se desenvolver:

– A vitória do Ítalo reflete todo o trabalho de entidades que puderam lapidar e formar surfistas que foram descobertos nas categorias de base. Desde cedo o Ítalo saiu do Nordeste e se desenvolveu em São Paulo, onde na época tinha um excelente trabalho de desenvolvimento de atletas.

Neste sentido, programas como o Bolsa Atleta do Governo Federal poderiam ser importantes aceleradores de potências do esporte, mas ambos representantes das entidades locais de surfe disseram desconhecer atletas da modalidade que recebam o apoio. Ao invés de investir, o Governo Bolsonaro encerrou em 2019 o Ministério do Esporte, incorporando-o ao Ministério da Cidadania, como Secretaria Especial.

Niterói sedia o Big Wave Itacoatiara, que vai até o mês de setembro. O campeonato de ondas gigantes é um dos principais do país, e diversos surfistas locais estão participando da competição.

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