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‘Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira’ é nova exposição que entra em cartaz no CCBBRJ

Por Redação
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Mostra tem como foco a contribuição dos artistas negros para o país. É formada pelo trabalho de 62 deles, dentre os quais, 12 cariocas
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“Iconografia anacrônica para Nina Rodrigues”, de Éder Oliveira é uma das obras expostas. Fotos: Divulgação

A contribuição dos artistas negros para o país é o foco da exposição “Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira”, que entra em cartaz no próximo sábado (16), no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro (CCBB RJ).

Com curadoria de Deri Andrade, a mostra chega ao Rio durante a realização dos encontros do G20 Social e se apresenta como mais uma oportunidade de contato do público nacional e internacional com a arte brasileira.

No dia da abertura, às 16h o grupo Terreiro de Crioulo se apresenta, gratuitamente, no térreo do Centro Cultural. Um encontro com muito samba de raiz e muita energia positiva, alegria e cheio de axé. A entrada é livre, mas haverá emissão de ingressos, disponibilizados na bilheteria digital e no site do CCBB. A exposição estará aberta ao público já a partir das 9h e as galerias permanecerão abertas durante todo o dia.

Antes, às 14h, o público vai poder conferirá a performance “Do que são feitos os muros”, de Davi Cavalcante. O artista construirá um muro, com tijolos que trazem diversas palavras.  O trabalho propõe uma reflexão poética sobre o peso da ação humana na construção das relações com o espaço e seus pares.

A Exposição

A mostra é formada pelo trabalho de 62 artistas, entre eles 12 cariocas nascidos ou adotados pela cidade. Dois estão entre os homenageados pela mostra, Lita Cerqueira e Arthur Timótheo da Costa. Os demais são: Andrea Hygino, André Vargas, Panmela Castro, Guilhermina Augusti, Matheus Ribs, Mulambö, Kika Carvalho, Elian Almeida, Rafa Bqueer e Yhuri Cruz.

– O propósito é um diálogo transversal e abrangente da produção de autoria negra em todo território nacional, mas há destaques locais, evidentemente. Sempre convidamos artistas que sejam reconhecidos nos estados em que a exposição é montada – afirma  Deri Andrade, curador da mostra.

No segundo andar e no espaço próximo à bilheteria estarão pinturas, fotografias, esculturas, instalações, vídeos e documentos que revelam diferentes épocas e discussões, contextos, gerações e regiões. De grande abrangência, a mostra percorre do período pré-moderno à contemporaneidade.

“Os pardos também amam”, de Paty Wolff.

Os trabalhos estão alocados em cinco eixos:

Tornar-se, sobre a importância do ateliê de artista e do autorretrato;

Linguagens, que aborda os movimentos artísticos;

Cosmovisão, a respeito do engajamento político e direitos;

Orum, sobre as relações espirituais entre o céu e a terra, a partir do fluxo entre Brasil e África;

Cotidianos, que aborda as discussões sobre representatividade.

Cada eixo é representado por artistas negros emblemáticos: Arthur Timótheo da Costa (Rio de Janeiro, RJ, 1882-1922), Lita Cerqueira (Salvador, BA, 1952), Maria Auxiliadora (Campo Belo, MG, 1935 – São Paulo, SP, 1974), Mestre Didi (Salvador, BA, 1917- 2013) e Rubem Valentim (Salvador, BA, 1922- São Paulo, SP, 1991).

Figuras centrais

No primeiro eixo, o público confere a arte do carioca Arthur Timótheo da Costa, cuja produção transita entre os séculos 19 e 20, expõe a relação do artista com seu ateliê, com a pintura, a fotografia e com artistas que se autorretratam. Seus traços revelam certa dramaticidade e evoluem para uma obra pré-modernista.

Rubem Valentim, homenageado na seção 2, é considerado um mestre do concretismo brasileiro. Propõe uma discussão sobre forma e elementos religiosos. Iniciou a carreira produzindo de natureza-morta a flores e paisagens urbanas e enveredou para o uso de símbolos e emblemas geométricos de religiões de base africanas.

O eixo 3 é dedicado à mineira Maria Auxiliadora, que encanta pelo uso das cores em seus retratos, autorretratos e festas religiosas. Mas não só. Sua obra carrega uma discussão mais política, engajada no debate sobre moradia, territórios, segurança alimentícia e direitos da população negra.

Mestre Didi, na seção 4, foi artista e sacerdote, revelando muito da espiritualidade e da relação Brasil/África em seus trabalhos. Sua obra também é marcada pelo uso de materiais naturais como búzios, sementes, couro e folhas de palmeira e trata bastante das afro-religiosidades a partir das relações entre Brasil e África.

No último eixo, a artista central é Lita Cerqueira, única ainda viva dentre os cinco nomes-chave da exposição. Aos 72 anos se consagra como uma das mais importantes representantes da fotografia brasileira, com reconhecimento internacional. Iniciou a carreira capturando imagens de festas populares da Bahia, da capoeira e detalhes da arquitetura do centro histórico de Salvador. Logo depois, enveredou para a fotografia cênica, realizando importantes registros de músicos de sua época, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gal Costa. Atualmente, vive e trabalha no Rio de Janeiro.

Senhor pescador costurando rede no mercado modelo, 1976. Lita Cerqueira.

Projeto Afro

A exposição é um desdobramento do Projeto Afro (projetoafro.com), em desenvolvimento desde 2016 e lançado em 2020, que hoje reúne cerca de 330 artistas catalogados na plataforma. São nomes que abarcam um vasto período da produção artística no Brasil, do século 19 até os contemporâneos nascidos nos anos 2000.

Serviço

Exposição: Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira

Período: de 16 de novembro de 2024 a 17 de fevereiro de 2025

Funcionamento: de quarta a segunda, das 09h às 20h (fecha às terças)

Local: Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro

Endereço: R. Primeiro de Março, 66 – Centro, Rio de Janeiro

Entrada gratuita

Ingressos disponíveis na bilheteria física e no site do CCBB RJ.

 

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