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Em seis meses, Hospital Antônio Pedro tratou 380 pacientes com Covid-19

Por Redação
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Unidade federal faz balanço do trabalho desenvolvido na pandemia
huap
Equipe do Antônio Pedro atende um paciente com Covid-19. Foto: de Ary Bassous, cirurgião do Huap
O Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap) completou neste domingo (13) seis meses de atendimento a pacientes vítimas de Covid-19. O primeiro atendimento na unidade ocorreu em 13 de março. Seis meses depois, segundo balanço divulgado pelo Huap, já são cerca de 380 pacientes com Covid-19 tratados no hospital. Além disso, a unidade disponibilizou 31 leitos e contratou mais de 300 profissionais temporários para enfrentar a pandemia.
 
Funcionando inicialmente como hospital de retaguarda, o Antônio Pedro se adaptou e começou a receber casos para desafogar o sistema de saúde municipal. Desde então, recebeu doentes da cidade e tratou também dos profissionais de saúde, assistenciais e administrativos.
 
O Superintendente do Huap, Tarcisio Rivello, disse que a estratégia foi de buscar informações com outros hospitais da rede, além de formar um grupo de crise com reuniões cotidianas, às vezes duas por dia, com diversos setores envolvidos:
 
– Isso não só na ação de prevenção da Covid-19, como também na pós internação do paciente. Fizemos vários protocolos para o enfrentamento. Isso nos exigiu muita prática de escutar. Temos que enaltecer o envolvimento e o aspecto crítico de todos os colaboradores, buscando o melhor atendimento possível.
 
Treinamentos e conhecimento auxiliam a enfrentar o desconhecido
 
A doença causada pelo coronavírus é ainda nova, o que a torna mais difícil de ser combatida. Desde o primeiro caso atendido no Huap, houve um grande esforço por parte dos profissionais da saúde em buscar conhecimento sobre seu manejo, diagnóstico e tratamento. De acordo com a médica infectologista da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do HUAP, Jaqueline Abel da Rocha, tem sido um grande desafio diário e, ainda hoje, há mais dúvidas do que certezas:
 
– É uma doença facilmente transmissível, de difícil controle e com quadro clínico muito variável, desde formas assintomáticas até casos graves que levam a óbito. Sempre tentamos pautar a tomada de decisões nas melhores evidências, mas ainda temos muitas incertezas. Não ter um tratamento específico para uma doença com potencial gravidade gera ansiedade para os pacientes e para os profissionais da linha de frente. Ainda estão sendo descritas sua fisiopatologia, formas de transmissão, possíveis quadros clínicos e sequelas, tentando descobrir um tratamento, uma vacina… Só daqui a alguns anos vamos conhecer melhor a doença e parar de nos surpreender.
 
Os profissionais do quadro fixo do HUAP, assim como os contratados temporariamente para o enfrentamento à Covid-19, têm passado por treinamentos constantes que auxiliam no combate. Desde o início da pandemia, já foram cerca de 50. O objetivo é passar um panorama geral da doença e tratar sobre paramentação e desparamentação. O Chefe da UTI de Covid-19 do HUAP, Tulio Possati de Souza, ressalta a importância de toda a equipe multidisciplinar que atua na linha de frente. Segundo ele, durante estes seis meses, as vitórias foram muito comemoradas por todos.
– Logo no início da pandemia, em meados de março e abril, houve a necessidade da criação de uma corte de coronavírus. Ou seja, uma UTI destinada ao enfrentamento de casos suspeitos e confirmados da doença. Desde então, atendemos muitos pacientes. O aprendizado tem sido contínuo e o trabalho tem sido árduo. Comemoramos vitórias, mas também aprendemos muito com as derrotas. Nosso trabalho continua, com empenho e engajamento da nossa equipe multidisciplinar e de retaguarda. Vamos em frente, aprendendo com a doença e aprendendo com os pacientes -, finaliza o médico.
 
A pandemia afetou não apenas a área de saúde do hospital. Para a Gerente Administrativa do HUAP, Maria Conceição Lima de Andrade, os meses de abril e maio foram bastante complicados para o setor, principalmente por conta da falta de material e matéria-prima no mercado, não possibilitando que a unidade tivesse um estoque capaz de atingir o mês inteiro. Conforme a gerente, as compras eram feitas quase semanalmente para sempre conseguir repor a tempo e não deixar faltar:
 
– O material é usado em uma quantidade para determinado setor, e de repente passa a ser usado por todo o hospital. Nós tivemos material com valor aumentado em mais de 1000%. Compramos muita coisa com preço mais alto para não deixar faltar ao nosso profissional de saúde. Tivemos aumento em quantidade de resíduo, de roupa, na insalubridade. Tudo isso é custo para o administrativo. Hoje está mais tranquilo, acho que nos acostumamos. Aquele era um momento que a gente tinha que tomar muitas decisões que nunca tomamos, e de maneira rápida.
 
HUAP realiza ações de apoio no combate à Covid-19
 
Desde o início da pandemia, o Huap tem feito diversas ações no combate ao coronavírus, muitas delas em parceria com a UFF. Logo em meados de março, houve o fechamento do ambulatório, com o intuito de evitar aglomerações no ambiente hospitalar fechado. As cirurgias eletivas foram suspensas e a UFF iniciou a sanitização das áreas com maior circulação de pessoas no ambiente hospitalar.
 
Em abril, outra ação importante foi o drive-thru para testar profissionais que atuam no hospital e estão com suspeita de infecção por Covid-19. No mesmo mês, a UFF criou a Hospedagem Solidária, que recebeu profissionais que, por motivos de saúde ou logística, não podiam voltar para suas casas durante a pandemia.
 
Ações de humanização também foram realizadas. O setor de Psicologia do Huap oferece acolhimento e escuta àqueles que necessitarem de suporte psíquico ou emocional. O psiCOVIDa é feito de forma presencial ou online e também é estendido aos pacientes internados. Pensando na dor dos familiares, também foi criado um projeto para fazer com que a entrega dos pertences de pacientes que faleceram pela doença seja um pouco mais afetiva: é a Caixa de Memórias, acompanhada de flores e cartão com mensagem de apoio e contatos para ajuda psicológica neste momento tão difícil.
 
Também foram iniciadas as visitas virtuais a pacientes do CTI. A ideia é que, através de um tablet, eles possam entrar em contato com os familiares, já que o ambiente de Covid-19 é de alta contaminação, inviabilizando a presença física. Dentro deste contexto, o hospital inaugurou, em abril, o HuapFone, dispositivo de comunicação que facilita o contato entre médicos e pacientes. A ideia é tornar possível alguns tipos de atendimento via webconferência, reduzindo-se o tempo de permanência do paciente no hospital e, consequentemente, os riscos de infecção por coronavírus.
 
Vale ressaltar que a UFF também fez a confecção de máscaras em impressoras 3D (face shields) para proteção da equipe de saúde, assim como produziu álcool 70% líquido e em gel para atender à demanda do hospital. Todo esse material foi disponibilizado ao Huap para auxílio aos profissionais que atuam na linha de frente do combate à pandemia.
 
A Rede Hospitalar Ebserh
 
O Huap faz parte da Rede Hospitalar Ebserh desde abril de 2016. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e hoje administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
 
Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Devido a essa natureza educacional, a os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Hospitalar Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país.

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