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Em Niterói, duas candidatas com origem indígena

Por por Lívia Figueiredo

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Namara Gurupy, descendente dos guajajaras, tenta vaga de vereadora pelo DEM
eleição 13
Namara Gurupy, candidata à vereadora de Niterói / Foto: Reprodução

No mapa do TRE, aparecem mais de 500 candidatos à Prefeitura de Niterói e à Câmara Municipal. O Tribunal informa o currículo dos eleitores e suas características, como sexo e cor. Entre todos os candidatos, a cidade de Araribóia tem dois candidatos que declaram ter origem indígena. Uma é a candidata à Prefeita Danielle Bornia, do PSTU. A outra é Namara Gurupy, que se apresenta como filha de um cacique Guajajara.

Namara conta que seu pai, João Gurupy, já falecido, foi um índio militar que ingressou nas forças armadas a convite do Marechal Rondon. Situada na Barra do Corda, município do Maranhão, a etnia Guajajara fala a língua guarani.

– Meu pai nunca abandonou a luta dos seus parentes. Ele sempre intermediou conflitos entre índios e brancos na região da aldeia – conta a candidata, com orgulho.

Até que Seu João, ainda jovem, veio morar no Rio de Janeiro, onde a candidata nasceu. Mas foi em Niterói que ela passou toda a sua infância e juventude. Namara Gurupy reside há 30 anos na cidade e atualmente mora em Itaipu. Ela conta que seu pai também participou da ocupação da Aldeia Maracanã, no Rio, local onde ela atuou como advogada militante da defesa dos direitos dos povos indígenas.

Segundo a candidata, o último conflito em que participou foi na Aldeia Maracanã, ainda quando Cabral era governador do Estado do Rio. Na época, ele determinou à tropa de choque invadir o prédio e retirar os indígenas que lá residiam. Ela conta que conseguiu sair com os bebês e as mulheres, porém até hoje o grupo de resistência, que atua no local, sofre constantes ameaças. De acordo com Namara, os guajajaras ainda estão ocupando a antiga sede do antigo Museu do Índio, primeiro museu dedicado exclusivamente às culturas indígenas, fundado por Darcy Ribeiro, em 1953.

– Tenho um orgulho imenso de representar as minorias. A gente nunca abandona os nossos ancestrais porque nossos índios lutaram e muitos morreram. Lutamos pelos direitos imateriais deles, como a memória e a preservação de um patrimônio histórico. Eu diria que sou a continuidade do meu pai. Normalmente na aldeia quem ocupa esse lugar é o filho mais velho, mas eu sempre estive ao lado do meu pai, o acompanhando em todas as lutas – explica Gurupy.

Graduada em Direito e pós-graduada em Direito Civil, Namara entrou com uma medida contra o despejo dos índios, recorrendo da decisão da desembargadora.

– Minha luta sempre foi processual, utilizando os conhecimentos que eu tenho – relata a candidata.

Namara participou inclusive do Primeiro Encontro dos Advogados Indígenas, em Brasília, na época da morte do índio Galdino, queimado vivo por cinco jovens do Plano Piloto, em 1997. Lá, a candidata participou do julgamento dos responsáveis pela morte de Galdino.

Como candidata a vereadora, seu principal projeto é a capacitação profissional dos jovens, como o primeiro emprego de carteira assinada. Já em relação às políticas públicas, Namara tem como metas a redução das contas de energia elétrica e o investimento em fontes de energia renováveis, como a solar. Outro ponto de destaque é o foco na saúde e em políticas públicas, em especial, nos hospitais que carecem de maior atenção.

– Meu maior desejo é ser porta-voz do povo de Niterói na Câmara dos Vereadores em suas demandas relacionadas à área de saúde, educação, profissionalização dos jovens, segurança pública e saneamento básico, principalmente no que tange à saúde, porque eu visitei os hospitais e tive algumas experiências não muito agradáveis – conclui Gurupy.

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