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Em Niterói, aulas gratuitas de dança de salão fazem sucesso no Campo de São Bento

Por Sônia Apolinário
| aseguirniteroi@gmail.com

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Toda quinta-feira, à tarde, um grupo de, no mínimo, 30 pessoas se reúne na varanda do Centro Cultural Paschoal Carlos Magno para dançar
dança de salão no campo de são bento
Para participar das aulas, é só chegar no Centro Cultural Paschoal Carlos Magno. Fotos: Sônia Apolinário

Toda quinta-feira, às 14h, um grupo de, no mínimo, 30 pessoas se reúne na varanda do Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, que fica no Campo de São Bento, em Icaraí. São em sua maioria senhoras que, por cerca de uma hora, fazem apenas uma coisa: dançam. Na verdade, duas: dançam e conversam. Para ser mais preciso, melhor dizer, três coisas: dançam, conversam e sorriem.

Elas participam da aula gratuita de dança de salão, promovida pelos professores Renata Vidal e Henrique Passos. A aula da última quinta-feira (9) contou com a participação desta repórter do A Seguir – que, por cerca de uma hora, dançou, conversou e sorriu.

Que tal um samba?

Foi em 2017 que Renata e Henrique começaram com o projeto. O principal objetivo, segundo a professora, era mostrar que dança de salão é para todos. Veio a pandemia e tudo parou. Em julho do ano passado, os bailarinos voltaram a rodopiar pela varanda do centro cultural.

Diga-se de passagem, o local está pequeno para abrigar tantos entusiastas. Atualmente, 80 pessoas estão “inscritas” para as aulas. Como não cabem todas no espaço, os professores estão sendo obrigados a promover uma espécie de rodízio.

Se fosse pela vontade deles, um segundo horário seria aberto, às sextas-feiras, pela manhã. Mas isso depende da aprovação da prefeitura.

Na prática, quem quiser dançar é só chegar. Quem se acha tímido não terá nem tempo de ficar parado e já terá que escolher um par para bailar. Sim, dança de salão exige a formação de pares. E, atualmente, cavalheiros estão em falta. Então, restam às damas tirarem outras para dançar.

– Você é homem ou mulher? – vai ser a pergunta que vai ouvir, ao tirar outra dama para dançar.

A pergunta procede porque a informação vai determinar a forma como vai segurar seu par e para que lado dará os primeiros passos. Porém, avisar que é a primeira vez que está se aventurando pela aula resolve tudo e a parceira se encarrega de fazer o bailado acontecer. Ou não.

Difícil? Nem um pouco. Os passos são ensinados, primeiro, sem música, com muita calma. Com a música, vem o aviso para que os pares se formem (os pares são trocados a todo o momento). Como o espaço está apertado,  rola um bate-bate que só serve para arrancar gargalhadas – e, às vezes, algumas pisadas nos pés uns dos outros.

Na rua, nos carros ou ônibus, as pessoas observam sorrindo o bailado do grupo que está sempre sendo fotografado ou filmado.

Os professores. Foto: reprodução rede social.

Renata e Henrique são professores há 16 anos. Natural de Brasília, onde aprendeu os primeiros passos, ela mora em Niterói desde 2007. Na cidade, aprimorou o bailado com Carlinhos de Jesus e Jaime Arôxa. Os parceiros têm uma academia em São Francisco com seus nomes.

– As aulas no centro cultural sempre tiveram muita procura. Depois da pandemia, aumentou ainda mais. A cada dia aparece, pelo menos, uma pessoa para se juntar ao grupo. Dançar ajuda para aliviar depressão, tão comum atualmente. Melhora a auto-estima porque a pessoa fica alegre. É uma terapia e muito melhor do que qualquer remédio que se compre em farmácia – comenta Renata.

Que o diga Erotides Prestrello. Natural de Caruaru (PE) ela disse que adora dançar forró. Na verdade, contou que adora dançar e ponto final. Quando criança, foi pastorinha na terra natal de onde saiu faz tempo. Há cinco anos, um acidente de carro a deixou viúva. Ela ficou meses em coma e, durante um tempo, não reconhecia seus familiares. Somente há pouco tempo, ela voltou a sair à rua sozinha, ainda assim, só o faz durante o dia. Ir para a aula de dança é sagrado:

– É uma distração. Dá vazão para os nossos problemas. Naquela hora não tem problema  – diz ela que fez logo amizade com Sueli Motta Jardim.

A amiga é de Maceió (AL) e mora em Niterói há pouco mais de um ano. Se mudou a pedido do filho, para ajuda-lo.

– Soube das aulas e vim para me distrair e conhecer pessoas, já que moro há pouco tempo na cidade. Eu tive Covid duas vezes e, em uma delas, quase morri. Então, é bom celebrar a vida dançando – conta.

Elizabeth Guimarães frequenta as aulas desde o início do projeto. Ela afirma que sempre gostou de dançar. Ela cuidava do pai e, após sua morte, teve possibilidade fazer mais atividades. Como gostou muito das aulas, passou a frequentar bailes, alguns promovidos pelos próprios professores:

– Nunca fiquei com vergonha de dançar. Nem aqui, nem no baile. Aqui, todos são acolhedores. Nos bailes, os cavalheiros são dançarinos profissionais, sabem nos conduzir. É ótimo.

O casal Mariana Silva Rodrigues e Leonardo Ribeiro entrou para o grupo há pouco tempo. Ele conta que foi ela quem o “arrastou” para as aulas. Agora, Mariana tem que “compartilhar” o marido com as outras dançarinas porque não existe exclusividade de par, durante as aulas.

– No início, ficava bem sem graça, mas, agora, já estou mais tranquilo – diz Leonardo, ao que Mariana completa:

– Eu sempre tive vontade de dançar, de fazer esse tipo de aula. Quando soube dessas no Campo de São Bento, vi que era a hora de aproveitar. Estamos aprendendo e ele, que não queria vir, também está gostando.

 

 

 

 

 

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