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Dona Hermínia, Déa Lúcia e a celebração de todas as mães

Por Por Fabiano Reis

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Na semana da morte de Paulo Gustavo, uma homenagem ao ator e às mulheres de nossas vidas
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Dona Hermínia, na praia de Icaraí. Foto: Divulgação

Dona Carmem acordou eufórica, e já foi arrumar a mesa da sala. Seu famoso pavê de chocolate já estava pronto de véspera, assim como o bolo formigueiro que as netas adoram. Hoje ela vai receber o carinho e o amor de suas três filhas, das suas quatro netas e do seu único neto menino. Vai pegar o caderninho de telefones e ligar pra todas as amigas que são mães e avós também, pra dar parabéns.

Dona Cecília não está mais por aqui, mas seus dois filhos vão fazer uma bela homenagem pra ela, e comemorar com amor e saudade essa primeira data sem a mãe, mas com as noras e seus filhos. Eles sabem que a vó das crianças está zelando por eles, lá do céu.

Dona Rosely vai acordar e esperar seu filho chegar, vai abrir a porta com um sorriso no rosto, dizer que não precisava presente nenhum. Não preparou nada especial, as datas festivas não a apetecem, mas vai ficar satisfeita com a visita do filho e fazer um café fresquinho.

Dona Roberta vai preparar uma festa pros seus filhos, e acolher a enteada com todo amor, porque ela pediu pra ir pra sua casa, porque a mãe está na CTI com Covid e ali a menina recebe o mesmo amor de mãe, como fosse a sua.

Dona Lurdinha está acordada desde as seis, já orientou todas as suas secretárias sobre como será o almoço, já ligou pro filho para, pela décima vez, perguntar que horas ele chega, e vai recebê-lo com festa, mesmo detestando a nora.

Dona Sandra terá um dia igual aos outros, a essa hora já está no mercado, na entrada, medindo a temperatura de quem chega, indicando onde é o álcool gel e chamando todos pelo nome. Quando chegar em casa, cansada, vai receber um beijo dos filhos e comer a ‘macarronese’ deliciosa que preparou antes de sair de casa, senão azeda.

Dona Beth é mãe das suas duas filhas, da do ex, dos do seu atual, dos da sua irmã e da filha da sua irmã, também dos seus amigos. Dona Beth é mãe. E mais não precisa ser dito.

Dona Tamy terá seu primeiro dia das mães, e tudo será festa e alegria, com muita música e amamentação, rock e chupetas, MPB e choro do neném, e ele vai dormir a maioria do tempo, mas vai abrir um sorrisinho especial com olho no olho como só os bebês sabem fazer, e ela vai saber que ele sabe o sentido da data de hoje.

Dona Antonieta vai juntar sua prole, os seus e os dele, numa grande família de ensinamentos diários, de alegria e amor, vai fazer bolos e tocar piano, e curtir todos os momentos do dia que chamam de seu.

Dona Déa.

Ah, a Dona Déa.

Hoje acorda pela primeira vez sem seu filho.

Seu filho majestoso, amoroso, generoso, alegre como poucos.

Ele a apresentou para o mundo.

Ele fez a todos felizes, de qualquer raça e gênero, de qualquer posição política.

Uniu a todos no seu palco iluminado, com sua energia contagiante, sua bondade e talento.

Não sabemos como Dona Déa vai acordar hoje.

Decerto, vai receber todo carinho do mundo.

Decerto, Dona Hermínia vai continuar vivendo nela.

E em todas as mães do mundo.

Paulo Gustavo morreu.

Viva Dona Hermínia!

Paulo Gustavo e sua mãe, Déa Lúcia. Foto: Divulgação

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