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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE) divulgou, nesta terça-feira (11), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA): -0,08%, em junho. Pela primeira vez no ano, a inflação ficou abaixo de zero, ou seja, houve deflação – um recuo nos preços em comparação a maio.
De acordo com o IBGE, o resultado foi influenciado principalmente pelas quedas em Alimentação e bebidas (-0,66%) que contribuíram com -0,14 ponto percentual (pp) para o resultado do mês.
Dentre os produtos, os “heróis” da deflação foram o óleo de soja(-8,96%), frutas (-3,38%), leite longa vida (-2,68%) e carnes (-2,10%). Porém, o IBGE também registrou “vilões”: a batata-inglesa (6,43%) e o alho (4,39%) foram os itens que mais subiram de preço.
O resultado representa o quarto mês seguido em que a inflação perde força. Em maio, o IPCA foi de 0,23%. No ano, o índice soma 2,87% e, nos últimos 12 meses, 3,16%, abaixo dos 3,94% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Em Niterói, os números das estatísticas começam a chegar às prateleiras e serem percebidos pelos consumidores. Na tarde desta terça-feira, A Seguir interrompeu as compras de alguns deles em um supermercado, em Santa Rosa, para saber como os dados do IPCA estavam se refletindo nos respectivos bolsos.
– Os preços de alguns produtos estão mais baratos, mas ainda não está dando para comprar mais coisas. Acho que a queda da inflação ainda está começando a chegar nas prateleiras – afirmou o professor Bernardo da Costa Souza Medeiros.
Sim, ele percebeu queda no preço da carne e do óleo de soja, mas não identificou essa tendência de queda em relação aos legumes, por exemplo.
A doméstica Ana Cristina Rodrigues de Melo contou que voltou a comprar carne vermelha, recentemente. Reconhece a queda do preço do óleo de soja, mas identificou outras altas não citadas pelo IBGE. Segundo ela, ovo, açúcar e café estão mais caros.
– Fica esse sobe e desce de preços e, no final, no bolso, está tudo igual. Até o momento, não vi muita diferença no preço final das compras. Para mim, já tive que cortar alguns produtos da lista -, disse ela que é a responsável pelas compras na casa onde trabalha.
A professora Jeanne Zuliani ainda não está convencida que os preços caíram. Ela informou que reserva R$ 800 para suas compras do mês e tem levado menos produtos, nos últimos tempos. E troca de marca, sem dó nem piedade, mesmo que seja por diferença de centavos, nos preços.
– Geralmente, algum preço cai enquanto outro sobe. No final, fica tudo igual – disse ela.
O administrador Ricardo Peres afirmou que tem conseguido economizar entre R$ 100 e R$ 60 nas compras que faz rotineiramente. Até o momento, ele atribui essa economia mais às promoções oferecidas pelos estabelecimentos do que à deflação. Porém, admite que a notícia de uma queda de inflação “dá esperança”:
– Acredito que, mais para frente, dê para perceber melhor essa queda da inflação, na hora de pagar as compras. Por enquanto, o que vejo é que uns preços baixam, mas outros sobem.
Há mais de um mês, o óleo de soja tem sido vendido entre R$ 4 e R$ 5. Antes, o preço poderia chegar a mais do que o dobro desses valores. O analista de pesquisa André Almeida explicou o motivo do “milagre” da queda do preço do produto:
– Nos últimos meses, os preços dos grãos, como a soja, caíram. Isso impactou diretamente o preço do óleo de soja e indiretamente os preços das carnes e do leite, por exemplo. Essas commodities são insumos para a ração animal e um preço mais baixo contribui para reduzir os custos de produção. No caso do leite, há também uma maior oferta no mercado.
No comportamento dos preços, o IBGE destacou também o resultado dos combustíveis (-1,85%), com as quedas do óleo diesel (-6,68%), do etanol (-5,11%), do gás veicular (-2,77%) e da gasolina (-1,14%).
– A gasolina é o subitem de maior peso individual no IPCA, com 4,84%. A queda na gasolina teve um impacto de -0,06 p.p – informou Almeida.
O resultado do IPCA de junho também foi influenciado pelas quedas de preços em Transportes (-0,41%), Artigos de residência (-0,42%) e Comunicação (-0,14%).
Em Transportes (-0,41% e -0,08 p.p.), o resultado foi impactado ainda pelo recuo nos preços dos automóveis novos (-2,76%) e dos automóveis usados (-0,93%). Além do já citado resultado dos combustíveis.
No lado das altas, o maior impacto (0,10 p.p.) e a maior variação (0,69%) no índice do mês vieram de Habitação, por conta da energia elétrica residencial (1,43%), devido a reajustes aplicados em quatro áreas de abrangência do índice: Belo Horizonte (13,66%), com reajuste de 14,69%, a partir de 28 de maio; Recife (3,73%), com reajuste de 8,33%, a partir de 14 de maio; Curitiba (1,64%), com reajuste de 10,66% a partir de 24 de junho e Porto Alegre (-0,26%), com reajuste de 2,92% a partir de 19 de junho, em uma das concessionárias pesquisadas.
Para o cálculo do IPCA, foram comparados os preços coletados entre 30 de maio e 28 de junho de 2023 (referência) com os preços vigentes entre 29 de abril e 29 de maio de 2023 (base). O índice é calculado pelo IBGE desde 1980, se refere às famílias com rendimento monetário de 01 a 40 salários-mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas do país, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís, Aracaju e de Brasília.
Com Agência Brasil
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