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A nomeação do vice-governador Thiago Pampolha (MDB) para o Tribunal de Contas do Estado (TCE) apontou os holofotes da política para o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), virtual candidato do governador Claudio Castro (PL) e do ex-presidente Jair Bolsonaro(PL) ao governo do Estado do Rio, em 2026.
O governador Claudio Castro, que cumpre o segundo mandato, pavimenta o caminho para a eleição do sucessor e pode renunciar para se candidatar ao senado entregando a cadeira do Palácio Guanabara a Bacellar, que entraria na disputa com o poder da máquina do governo, candidato à reeleição em 2026.
O vice Thiago Pampolha era uma pedra no meio do caminho de Castro para eleger seu sucessor. O plano do governador era renunciar para concorrer ao senado, já que não pode disputar a eleição, e entregar o governo a Bacellar. Mas Pampolha estava na linha de sucessão e havia rompido politicamente com o governador. A nomeação ao TCE resolveu o problema. Castro, agora, pode, caso renuncie antes do fim do mandato, entregar a cadeira diretamente a Bacellar, que concorreria em vantagem em 2026, pelo uso da máquina pública, com o atual prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), apontado como candidato com o apoio do presidente Lula.
A costura política demonstra o crescente poder do presidente da Alerj na política do estado, já visível nas escolhas do primeiro escalão do governo. Um exemplo foi a indicação da Secretaria de Educação, costurada ainda na sua primeira eleição para chefiar a Alerj. Depois, ele também teve peso nas nomeações de Bernardo Rossi para o Meio Ambiente e Marcus Amin na Polícia Civil. Outra marca de sua gestão na Assembleia foi a criação das emendas impositivas, dando mais voz aos deputados na hora de decidir onde o dinheiro do estado será aplicado.
Com a maioria dos deputados – 70 deles – ao seu lado, Bacellar se tornou o escolhido por Cláudio Castro para sucedê-lo.
Nesse cenário, a velocidade com que a indicação de Thiago Pampolha para o TCE avançou não foi por acaso. A cadeira no tribunal ficou livre na segunda-feira, com a aposentadoria de José Maurício Nolasco sendo oficializada. Horas depois, Cláudio Castro indicou seu vice para o cargo. Em apenas dois dias, Pampolha foi sabatinado, teve seu nome aprovado pelos deputados e virou conselheiro do Tribunal de Contas, com o PSOL, sendo o único partido a votar contra, e PT, PCdoB e PSB preferindo se abster.
Apesar de se apresentar como um político de centro, a aproximação de Bacellar com o bolsonarismo levanta questionamentos sobre o futuro das políticas públicas no estado e como elas podem impactar Niterói. A cidade, que historicamente tem um eleitorado diverso, pode se tornar um campo de batalha por votos nas eleições de 2026, com a possível polarização entre Bacellar e o prefeito Eduardo Paes (PSD), que será apresentado como candidato do presidente Lula e conta com o apoio do prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT).
Recentemente, Bacellar se encontrou com o senador Flávio Bolsonaro (PL), que teria dado seu aval à movimentação que culminou com a ida de Pampolha para o TCE. Essa articulação não é um fato isolado, já que nos últimos meses o presidente da Alerj manteve encontros com o ex-presidente Jair Bolsonaro, chegando a receber no ano passado um gesto simbólico de aproximação.
Nas suas redes sociais, Rodrigo Bacellar, esteve presente em uma manifestão de apoio aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro. Naquela data, manifestantes invadiram e depredaram a Praça dos Três Poderes, em Brasília, onde se encontram os prédios dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Uma das imagens publicadas no perfil de Bacellar no Instagram aparece um pedido de “anistia já” para os participantes da tentativa de golpe. No mesmo post, em uma das fotos ele aparece ao lado do deputado Filippe Poubel (PL), conhecido por suas posições alinhadas ao bolsonarismo e por vídeos onde realiza “blitzes” utilizando um distintivo da polícia sem valor legal, já que Poubel nunca atuou em nenhuma força de segurança.
A trajetória política de Bacellar inclui a presidência da Alerj e a Secretaria de Governo de Castro. Nessa passagem pelo Palácio da Guanabara, Bacellar foi alvo de acusação pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) por suposto envolvimento em contratações irregulares de projetos ligados à Fundação Ceperj.
Embora tenha sido inocentado pelo Tribunal Regional Eleitoral, o MPE não aceitou a decisão e recorreu. Além disso, o deputado também é objeto de investigação pelo Ministério Público sob a suspeita de ter recebido benefícios indevidos. Até o momento da publicação dessa reportagem, o A Seguir não obteve retorno ao contato realizado com Rodrigo Bacellar para comentar as investigações.
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