Niterói à beira mar. Obra recupera paisagem do Centro da cidade

A mais recente “entrega” da prefeitura faz o niteroiense querer copiar, um pouco, a posição de Arariboia: de frente para a Baía de Guanabara. E isso está relacionado com uma promessa devidamente cumprida: a reurbanização da orla para a desobstrução da paisagem. Saem estacionamentos, chegam novas árvores ainda amparadas por estacas. De um lado e do outro da estação Arariboia das barcas, o niteroiense conta, agora, com novos mirantes debruçados para a Baía de Guanabara que, no fim do dia, brinda os transeuntes com um belo espetáculo do pôr do sol.

Em uma região da cidade onde a maioria das pessoas caminha de forma apressada, a nova paisagem conseguiu fazer alguns moradores reduzirem os passos. Foi o que aconteceu com o casal Viviane e Felipe Ripoll, na última quarta-feira (27).

Enquanto diminuíam o ritmo em direção ao Plaza Shopping, os moradores de Santa Rosa tentavam se lembrar porque não conseguiam, antes, ver tão bem a Baía de Guanabara e as árvores.

– Levei um susto bom. As mudanças me deram uma impactada. Tem muitas árvores que eu nunca tinha reparado – disse a professora Viviane.

– Aqui tinha um estacionamento, muitas motos e camelôs que escondiam a paisagem – afirmou Felipe que trabalha com marketing digital.

Até uma grande amendoeira – que “sempre” esteve na beira da rua e nunca escondeu a Baía de Guanabara – eles conseguiram “enxergar”, dessa vez. E foi sob sua ampla sombra que o casal quis tirar uma foto para a reportagem.

Da estação das barcas, em direção ao Terminal Rodoviário, a paisagem foi “aberta” com a retirada de um shopping que vendia produtos da região serrana. Agora, ocupa essa área, às quartas-feiras, uma feira de artesanato formada por 16 barraquinhas.

É a mesma feira que fica em frente ao Terminal às segundas e terças. Responsável por uma das barracas, Gabriele Moreira aprovou o novo espaço:

– Nós curtimos essa nova área. É bonita e o público é diferente do Terminal, o que é bom para nós porque são pessoas que saem das barcas. Mas, se eu puder fazer um pedido para o prefeito, por favor, coloquem mais lixeiras nas ruas. Por aqui só tem uma – observou Gabriele, que é moradora de São Gonçalo.

Essa requalificação da Avenida Visconde do Rio Branco é uma espécie de coluna dorsal para os planos da prefeitura para o Centro. Números oficiais do governo dão conta que os investimentos municipais entregues ou em execução no bairro chegam a quase R$ 420 milhões, nos últimos quatro anos. Só com a Visconde do Rio Branco o gasto é de quase R$ 90 milhões.

Por parte da prefeitura, neste momento, as obras seguem na parte central da movimentada via, onde estão sendo implantados novos pontos de ônibus – alguns com vidros já quebrados.

Boom imobiliário

Do Terminal Rodoviário, em direção ao Mercado de Peixe, as obras ficam por conta de construtoras. Entre estandes de vendas, um “esqueleto” começa a subir.

São as primeiras torres de 19 andares do empreendimento “Rio Branco 220 Residencial’’, da Cury. A empresa planeja construir, ao todo, oito prédios residenciais por ali. Perto da obra, no quarteirão atrás, em direção ao Caminho Niemeyer, a construtora já instalou o estande de vendas de outro empreendimento: o “The Pier Residencial” que terá 608 unidades.

Na beira da calçada, o que se vê, atualmente, é um enorme estande da MP Construtora e tapumes com cartazes da prefeitura onde se lê “Revitalização da orla de Niterói.Centro”. O empreendimento em questão, o “Monumental 450”, está previsto para começar a subir no início do próximo ano. Será um prédio de 26 andares com 400 unidades.

Naquele trecho da Avenida Visconde do Rio Branco será impossível ver a orla. A menos, é claro, que se esteja em um dos futuros apartamentos.

Entre as construções e o Caminho Niemeyer, ainda tem muito espaço. Um trecho, inclusive, é usado como garagem de ônibus. No final do ano passado, a Prefeitura iniciou uma reurbanização da área. Foi criada a Alameda Oscar Niemeyer, com projeto paisagístico do escritório Burle Marx. São 10 mil metros quadrados, de uma área total de 65 mil metros quadrados, onde foram plantadas cerca de  200 árvores.

É um espaço ainda praticamente deserto. É naquela direção, a partir da Avenida Visconde do Rio Branco que os prédios tendem a subir. Seriam 20, ao todo, que levariam para a atual área vazia mais de 10 mil pessoas.

O que falta

Faz parte da requalificação do Centro planejada pela prefeitura outras obras na região, listadas pelo próprio governo:

Ampliação do Bicicletário Arariboia – A obra já foi licitada, mas a ordem de início ainda não foi dada. A Prefeitura pretende dobrar a oferta de vagas que atualmente é 446.

Esporte no Centro – O local onde existia a Concha Acústica no Centro de Niterói deu lugar a um parque esportivo (inaugurado em dezembro de 2023), que atende cerca de 3 mil atletas amadores. No local também está sendo construída um ginásio poliesportivo com capacidade para 2 mil pessoas (ainda sem previsão de inauguração).

Nova Avenida Amaral Peixoto – Obra licitada. O investimento previsto de quase R$ 40 milhões.

Urbanização do entorno do Caminho Niemeyer – Entregue em dezembro de 2023.

Solar Notre Rêve (Casa Norival de Freitas) – O local restaurado foi Inaugurado no último dia 22 de novembro, aniversário de Niterói.

Cantareira e Museu do Cinema Brasileiro – O prédio histórico na Cantareira foi tombado pela Lei 1.063/1992 e desapropriado pela atual gestão, em dezembro de 2022. A obra está em execução e vai sediar o Distrito de Economia Criativa. Já o museu teve a obra apenas licitada.

Castelinho do Gragoatá – A nova sede do programa Niterói de bicicleta foi inaugurada no último dia 22 de novembro, aniversário de Niterói.

Revitalização da Alameda São Boaventura – Ordem do início das obras dada em janeiro de 2023.

Revitalização do Portugal Pequeno – Obras estavam previstas para serem concluídas no primeiro trimestre de 2023.

Mercado Municipal – Inaugurado em julho de 2023

Reforma do prédio da Caixa Econômica Federal: R$ 25 milhões. Desapropriação foi recentemente aprovada pela Justiça.

Ainda não saíram do papel

Reurbanização da Rua da Conceição: R$ 30 milhões

Reforma das praças do Rink, Jardim São João, Praça das Águas, República e Leoni Ramos: R$ 5 milhões