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Danielle Bornia: ‘Defendo que prefeitos e vereadores devem receber o mesmo que um professor’

Por Sônia Apolinário
| aseguirniteroi@gmail.com

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Eleições 2024: A Seguir fará entrevistas com todos os candidatos à prefeitura de Niterói. A terceira da série é Danielle Bornia (PSTU)
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Pela terceira vez, Danielle Bornia é candidata à prefeita de Niterói. Fotos: Divulgação

Eleições 2024: A Seguir fará entrevistas com todos os candidatos à prefeitura de Niterói. A terceira da série é Danielle Bornia (PSTU).

Pela quinta vez, ela encara uma disputa eleitoral, em Niterói. Danielle Bornia já foi candidata à vereadora (2012), deputada estadual (2018) e outras duas vezes à prefeita (2016 e 2020). Sempre pelo Partido Socialista Dos Trabalhadores Unificado (PSTU).

Danielle Bornia e o vice na sua chapa, Sérgio Perdigão.

Na verdade, na eleição passada, ela acabou fora da disputa porque teve sua candidatura indeferida pelo Tribunal Regional Eleitoral (TER) – RJ por apresentar um documento fora do prazo estipulado pela Justiça Eleitoral.

Leia mais: Mulheres são 55,37% do eleitorado de Niterói

Coube ao seu vice, o professor Sérgio Perdigão, assumir a liderança da chapa. Ele obteve 0,09% dos votos (214) ficando em último lugar dentre os nove candidatos a prefeito de Niterói, em 2020. Em 2024, ele é outra vez, o vice de Danielle Bornia.

– Não se trata de um projeto pessoal. É uma tarefa política: apresentar um programa de Oposição de Esquerda Revolucionária e Socialista, defender que a juventude e os trabalhadores devem governar a cidade através dos Conselhos Populares e apoiar todas suas lutas – afirmou ela para explicar porque voltou a ser candidata. 

Nascida em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, e moradora de Niterói desde 1999, Danielle Bornia é graduada em Nutrição e tem licenciatura em Ciências Sociais pela UFF. Atualmente, dá aulas no Ensino Médio na rede pública de Niterói e mora em Neves, na “fronteira” do município com São Gonçalo.

A militância política começou na faculdade, junto aos movimentos estudantis. Por muitos anos, conciliou os estudos com o trabalho no mercado informal e no comércio.

Se for eleita a primeira prefeita de Niterói, o principal projeto que Danielle Bornia pretende implantar no município é a construção de Conselhos Populares “para que os trabalhadores e a juventude façam as regras e lutem para colocá-las em prática”.

Ela já sabe exatamente a primeira providência que irá tomar, como prefeita eleita: 

Reduzir meu próprio salário e da minha equipe. Defendo que prefeitos e vereadores devem receber o mesmo que um professor ou um operário especializado.

Atualmente, o prefeito de Niterói recebe um salário bruto de R$ 35.297,76.

 Confira a entrevista

Em campanha, Danielle Bornia assinou termo de compromisso com a cidadania LGBTI+

É a terceira vez que concorre à prefeitura de Niterói. Por que se candidatou mais uma vez?

Danielle Bornia: Não se trata de um projeto pessoal. É uma tarefa política: apresentar um programa de Oposição de Esquerda Revolucionária e Socialista, defender que a juventude e os trabalhadores devem governar a cidade através dos Conselhos Populares e apoiar todas suas lutas. Somos oposição a todos os governos: Lula, Cláudio Castro, Axel Grael. Queremos mostrar que a juventude e os trabalhadores têm uma alternativa tanto à Frente Ampla de Lula, Rodrigo Neves e Talíria (Petrone), quanto à ultradireita de (Jair) Bolsonaro, Cláudio Castro e  (Carlos) Jordy, que, cada um a sua maneira, representam os interesses dos capitalistas.

 

Qual a principal diferença da sua última campanha, em 2020, para esta de 2024?

DB: Em 2020, estávamos em meio a uma pandemia. Naquele momento, apresentamos um programa emergencial para superar a crise sanitária e econômica, enfrentado, em nível nacional, o governo de extrema direita de Bolsonaro. Desta vez, temos uma frente ampla dirigindo o país, com Lula à frente. Um governo que diz que vai colocar o pobre no orçamento, mas segue oferecendo financiamentos recordes para a indústria e o agronegócio e pagando fielmente os juros da dívida pública aos banqueiros enquanto corta das áreas como saúde e educação, não reajusta salários de servidores, etc. Cada campanha tem suas especificidades ligadas à conjuntura do momento. Porém, tanto em 2020, como agora em 2024, vemos se expressar na cidade a falsa polarização entre a Frente Ampla e a e a ultradireita. Nossa tarefa segue sendo a mesma: a de explicar pacientemente a cada trabalhador que conseguirmos alcançar que a solução está na própria organização e luta da nossa classe para tomar o poder em nossas mãos e governar sem alianças com os bilionários donos dos bancos e das grandes empresas.

 

Para o registro da sua candidatura, a senhora se declarou indígena. Pode contar um pouco sobre sua origem indígena?

DB: No Brasil, todo mundo tem sangue indígena, seja nas veias ou nas mãos. Como muitos trabalhadores brasileiros, sou indiodescendente. Não sou aldeada, mas sou parte da luta contra o genocídio dos povos originários, que começou com a colonização e continua para garantir os lucros do agronegócio e da especulação imobiliária, que em Niterói, que expulsou os Guaranis de Camboinhas.

 

Para o registro da sua candidatura, a senhora se declarou bissexual. Acredita que essa informação ajuda a conquistar votos dentro da comunidade LGBTQIA+?

DB: Eu me declarei assim, pois essa é minha orientação sexual. Não é uma escolha, é o que sou. Para nós do PSTU, o combate às opressões é tarefa de toda classe trabalhadora. Nós LGBTs sofremos muita opressão e violência no nosso cotidiano desde o início na vida. As dificuldades são maiores para permanecer na escola, conseguir emprego, ter acesso à saúde e demais serviços públicos. Apresentamos um programa, um conjunto de medidas para fazer o combate ideológico à lgbtfobia e dar condições materiais para a libertação dessa parte dos trabalhadores e da juventude. Por isso, defendemos campanhas contra lgbtfobia nas escolas e espaços públicos, equipes multiprofissionais nas unidades de saúde e a construção de casas abrigo para vítimas de violência doméstica, em sua maioria mulheres e LGBTs.

 

Qual seu principal projeto para implantar em Niterói, caso seja eleita prefeita?

DB: A construção de Conselhos Populares para que os trabalhadores e a juventude façam as regras e lutem para colocá-las em prática. Os conselhos populares são como as assembleias ou as associações de moradores independentes, que debaterão cada questão ou problema da cidade, inclusive orçamento, e terão o poder de definir onde TODOS esses recursos serão gastos. Os conselhos populares também são espaço de organização da luta para enfrentar os que se opuserem às decisões dos trabalhadores, como os grandes empresários e até a câmara dos vereados. Os trabalhadores e a juventude têm o direito de fazer política! A política é uma ciência, que trata da organização das regras da sociedade. Os representantes dos capitalistas têm feito as regras da sociedade para garantir seus lucros e tem deixado os trabalhadores e a juventude sem emprego, sem moradia, sem educação, sem perspectiva de futuro. Nós queremos que os trabalhadores e a juventude passem a fazer as regras da sociedade para terem suas necessidades atendidas.

 

Quais os principais problemas de Niterói e como pretende solucioná-los caso seja eleita?

DB: Niterói é a cidade da desigualdade. O município que se orgulha de ter entrado na rota dos empreendimentos imobiliários de alto luxo e de ter o terceiro maior IDH do país, é o mesmo que vê crescer a miséria, o desemprego e o subemprego. Queremos garantir que todo trabalhador e trabalhadora possa ter emprego, moradia, saúde e educação pública e de qualidade, acesso à cultura e lazer. Para isso, é preciso enfrentar os banqueiros e os bilionários, donos das grandes empresas. Romper com a Lei de Responsabilidade Fiscal para investir em naquilo que a população trabalhadora precisa.

 

O seu partido, o PSTU, não tem direito ao horário eleitoral gratuito. Acredita que sua candidatura sai em desvantagem?

DB: Evidentemente, sim. As eleições não são um processo justo. Somos excluídos do horário eleitoral gratuito de TV e Rádio. Não somos convidados para a maioria dos debates. Não temos os recursos das campanhas milionárias de outros partidos, pois não recebemos dinheiro dos grandes empresários. Mas queremos aproveitar todo espaço que tivermos, como essa entrevista, por exemplo, para apresentar nosso programa, falar de socialismo, de revolução, de trabalhadores no poder.

 

Em caso de um segundo turno sem a sua participação, pretende apoiar algum candidato?

DB: Não. Nenhum dos candidatos que lideram as pesquisas até aqui apresenta um programa que enfrente os grandes capitalistas. Nem a extrema direita, representada por Jordi, nem a Frente Ampla de Rodrigo e Talíria. Somos oposição de esquerda a todos os governos: Lula, Claudio Castro e Axel Grael. Queremos que os trabalhadores governem e, para isso, é preciso enfrentar os verdadeiros donos do poder, como a Máfia dos Transportes, a especulação imobiliária, os tubarões da educação.

 

A senhora é professora. Seus alunos a reconhecem como candidata à prefeitura?

DB: Iniciei este ano letivo no CE Hilário Ribeiro, no Fonseca, mas por conta do Novo Ensino Médio, que tem aumentado a evasão escolar, duas turmas foram fechadas e precisei trocar de escola, passando a lecionar no CE Embaixador Raul Fernandes, também no Fonseca. Tanto os alunos, como os colegas, receberam bem minha candidatura, pois me reconhecem com uma trabalhadora que luta em defesa da Escola Pública e pelos direitos dos trabalhadores.

 

Seus alunos fizeram algum pedido, caso seja eleita prefeita?

DB: Meus alunos e a juventude de Niterói querem ter direito a um futuro. Precisam da Revogação do Novo Ensino Médio e da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) para conseguir entrar na universidade pública e ter acesso ao conhecimento que a humanidade produziu. A juventude precisa de emprego bem remunerado, para isso é necessário também lutar contra a Reforma Administrativa, que acaba com a estabilidade dos servidores, que é a melhor opção de emprego para a juventude LGBT, por exemplo. Os jovens também precisam de acesso à cultura e ao lazer, que hoje é caro e muito restrito.

 

Qual o bairro em que reside?

DB: Morei muitos anos no Centro e por um ano na Ilha da Conceição. Hoje, como muitos trabalhadores, passo meus dias trabalhando em Niterói e chego em casa para dormir no bairro de Neves, um dos bairros limítrofes com São Gonçalo. Eu uso o transporte público, que tem uma tarifa muito cara, sejam nas linhas municipais ou intermunicipais, além de superlotado. Sinto na pele a necessidade de aprimorar o transporte público, com passe livre para estudantes e desempregados, fim da dupla jornada dos motoristas, circulação das linhas a noite. Por isso, defendo a estatização da estatização dos transportes, controlada pelos trabalhadores, para, além de tudo isso, investir em transporte coletivo de massas como barcas e metrô, veículos menos poluentes e avançar para Tarifa Zero.

 

Qual seu local preferido na cidade?

DB: Me mudei para Niterói aos 19 anos de idade. Já morei e trabalhei em vários bairros. Me sinto à vontade em qualquer parte da cidade em que estou com os trabalhadores.

 

Caso seja eleita, qual será sua primeira ação como prefeita de Niterói?

DB: Reduzir meu próprio salário e da minha equipe. Defendo que prefeitos e vereadores devem receber o mesmo que um professor ou um operário especializado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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