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Cuidados contra Covid têm de continuar, mesmo com vacinação, diz especialista

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Pesquisador e professor da Uerj, Mario Dal Poz alerta sobre riscos ainda grandes na pandemia e ressalta necessidade de imunização completa
Praia de Icaraí durante a pandemia : Foto de leitor
Praia de Icaraí durante a pandemia / Foto de leitor

A vacinação aliada a medidas de distanciamento social, uso de máscaras e boa higienização das mãos tem sido a orientação unânime de especialistas, que continuam preocupados com o avanço da Delta e a possibilidade de surgimento de outras cepas da Covid-19. A orientação é clara: só a combinação de vacina e cuidados é capaz de reduzir a circulação do vírus.

– Voltamos a ter grande circulação de pessoas por conta de certa euforia, mas não podemos jogar todas as fichas na vacina sem considerar qual o mecanismo de circulação do vírus e de contaminação – disse o pesquisador e professor da Uerj Mario Dal Poz, em entrevista ao A Seguir: Niterói. Segundo o especialista, a prioridade, no momento, deve ser de aceleração da imunização completa, mas para isso é necessário que cada um faça a sua parte de modo a reduzir a possibilidade de nova onda e o aumento de óbitos por Covid.

O aumento de pessoas vacinadas com primeira dose tem contribuído para uma falsa sensação de proteção, como uma espécie de passe livre para a retomada à normalidade, tanto que há pessoas que não voltam para a segunda dose, essencial para a maior eficácia e proteção contra a Covid. Contudo, para que a vacina tenha efeito, os cuidados devem continuar sendo mantidos, até que a pandemia se estabilize, após uma boa cobertura vacinal. Quanto maior a circulação de pessoas sem máscara, maior a possibilidade de disseminação de novas cepas, mais contagiosas, como a Delta.

O especialista destaca alguns cuidados que devem ser mantidos: redução da capacidade do transporte público coletivo, distribuição de máscaras que conferem proteção maior, o controle da entrada de ambientes de grande circulação, como supermercados e shoppings, boa higienização das mãos com sabonete e álcool gel. Em paralelo, ele fala da importância da adoção de testes massivos e regulares.

– Nós temos pouco mais de 20% de pessoas com as duas doses ou com a dose única no Brasil. Ainda temos que acelerar muito, o que não é um número ideal para reduzir a circulação do vírus. O nosso limite deveria ser a capacidade de imunização. A capacidade pode ser aumentada, com forças armadas, voluntários, mas de qualquer maneira tem a questão do treinamento, de logística da distribuição de vacinas. Um ano e meio da pandemia e ainda estamos discutindo projeto piloto e objetivamente isso não ocorreu. Nós tínhamos que estar testando regularmente áreas de grande concentração de pessoas, como escolas, grandes empresas e universidades – resumiu Dal Poz.

Na contramão, o que temos visto são praias lotadas, sem distanciamento e sem máscara, cenário ideal para a proliferação do vírus. A cena se repete em alguns restaurantes e bares, que não distanciam mesas e não controlam a capacidade de lotação. O resultado pode ser interpretado em números: o painel da Covid da Secretaria Estadual de Saúde mostra que a Covid voltou a avançar no estado, especialmente no Rio de Janeiro e Baixada.

De acordo com os registros da última Semana Epidemiológica, a SE 33, encerrada neste sábado (21), a taxa de ocupação hospitalar na capital chegou a 90% dos leitos e 95% das vagas de UTI reservadas para doentes de Covid na rede do SUS. Um número que permite a demora de até seis horas para se conseguir uma vaga para internação.

A situação de Niterói é menos preocupante, assim como em toda Região Metropolitana 2, que permanece com risco baixo para Covid, de acordo com a classificação da Secretaria Estadual de Saúde. A taxa de ocupação hospitalar permanece estável, com 40% dos leitos ocupados e 39% das vagas de UTI. No entanto, os casos da doença aumentaram na última semana, foram 489, contra 310 na semana anterior, o que representa um crescimento de 57%.

O pesquisador e professor da UERJ, Mario Dal Poz / Foto: Arquivo pessoal

– Não se trata de abrir mais leitos, mas é pensar que a ação de saúde pública precisa ser feita de forma articulada. É inevitável a reabertura de leitos para Covid, mas é fundamental que outras ações sejam tomadas. O cenário é muito ruim. O comportamento de autoridades, como o presidente, não usando máscara e provocando aglomerações cria uma euforia e a percepção de que a pandemia está sob controle, o que efetivamente não ocorre – concluiu o especialista.

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