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Cinco anos depois do surgimento do Coronavirus, a Covid, decretada pandemia pela Organização Mundial da Saúde, em março, de 2020, quase não se fala mais sobre a doença, como se ela tivesse desaparecido. No entanto, ela ainda provoca internações e mata. No ano passado, quatro pessoas morreram em Niterói vítimas da Covid-19. Ao todo, foram registrados 860 casos da doença, na cidade.
Desde 2020, segundo o Painel Coronavírus do Ministério da Saúde, Niterói teve 95.337 notificações de Covid-19 e 3.115 mortes pela doença. A cidade viveu durante dois ano o combate da doença, que lotou hospitais e exigiu a construção em regime de emergência, do Hospital Oceânico, para enfrentamento da doença. Até a vacinação começar a reduzir os efeitos da doença. Mesmo assim, ainda este ano, já foram registrados quatro casos da doença, sem óbitos, na cidade.
Do total de casos registrados em 2024, 64,1% se referiam a mulheres (552), sendo a faixa etária mais atingida entre 50 e 59 anos (107). Dentre os homens, a faixa estaria mais atingida pela doença foi entre 40 e 49 anos (58). Entre os niteroienses 80+, 25 mulheres e 16 homens tiveram Covid-19, ano passado. No município, a Covid-19 ainda ocorre, principalmente, em Icaraí. O bairro mais populoso da cidade concentrou 119 dos 860 casos de 2024, ou 13,8% do total. As mortes, porém, foram de moradores do Barreto, Largo da Batalha, Maravista e Santa Rosa.
Foi às vésperas do Carnaval de 2020 que a pandemia do Coronavírus chegou no Brasil. Na época, a festa não deixou de acontecer em nenhum município brasileiro. Este ano, porém, a Covid-19 cancelou pelo menos uma festividade. A prefeitura de Amarante do Maranhão, a 683 km de São Luís, determinou o cancelamento das festas de Carnaval devido aos crescentes casos de Covid-19 registrados na cidade. De acordo com a secretaria municipal de Saúde, do início de janeiro até a terça-feira (25), 74 casos já foram confirmados e uma pessoa está internada por conta da doença.
Amarante do Maranhão é o 35ª município mais populoso do estado e conta com 37.091 habitantes. O decreto nº 005/2025 foi publicado na terça-feira (25) e determina a suspensão de festas públicas e privadas durante o período carnavalesco, “como medida preventiva contra o aumento de casos da Covid-19”.
A determinação também proíbe a realização de eventos que tenham aglomeração, incluindo aqueles com uso de sons automotivos e a realização de shows pelo período de 15 dias. A prefeitura informou que caso seja necessário, esse prazo poderá ser prorrogado.
Em nota, a Prefeitura de Amarante lamentou o cancelamento das festas e disse que, no momento, “a responsabilidade é proteger vidas e evitar uma nova sobrecarga no sistema de saúde do município”.
No Brasil, este ano, até o último dia 15 de fevereiro, foram registrados 13.709 casos de Covid-19, com a ocorrência de 82 mortes. Os dados são do Painel Coronavírus do ministério da Saúde.
O boletim Infogripe, divulgado em dezembro do ano passado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apontou uma tendência alta de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associados ao Covid-19, em alguns estados do país. É o caso do Ceará, onde um cenário de crescimento dessas ocorrências já havia sido indicado na edição anterior da publicação.
Na época, foi detectado indícios de que Minas Gerais, Sergipe e Rondônia também iniciavam um movimento parecido. O mesmo ocorre no Distrito Federal. Os casos envolvem especialmente pacientes idosos, que são mais suscetíveis aos efeitos mais adversos da infecção pelo coronavírus causador da Covid-19.
O boletim registrou aumento de ocorrências de SRAG entre crianças e adolescentes de até 14 anos, associados principalmente ao rinovírus, em quatro unidades federativas: Acre, Distrito Federal, Minas Gerais e Sergipe. A SRAG é uma complicação respiratória que demanda hospitalização e está associada muitas vezes ao agravamento de alguma infecção viral. O paciente pode apresentar desconforto respiratório e queda no nível de saturação de oxigênio, entre outros sintomas.
Fazendo um balanço do cenário epidemiológico de 2024, a pesquisadora da Fiocruz, Tatiana Portella, destacou que o país viveu duas ondas importantes de Covid. A primeira, que começou ainda no final de 2023 e avançou pelo início deste ano, afetou diversos estados. Já a segunda onda, iniciada em agosto de 2024, teve São Paulo como o estado mais atingido.
Apesar dessas duas ondas, a pesquisadora destaca que, em comparação com 2023, houve uma redução de aproximadamente 40% nos casos de SRAG associados à Covid-19. Ainda assim, Portella alerta para o crescimento dessas ocorrências no encerramento de 2024.
O mais recente boletim Infogripe apontou que, às vésperas do Carnaval, nenhum estado brasileiro tem incidência alta de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) causados por Covid-19. Locais que registravam aumento da doença entre os idosos nas semanas anteriores, agora apresentam estabilidade ou oscilação. É o caso de Amazonas, Roraima, Rondônia, Pará, Maranhão, Sergipe e Mato Grosso.
No entanto, o levantamento feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alertou que a aglomeração de pessoas favorece a transmissão de vírus respiratórios. Por isso, quem estiver com sintomas gripais como coriza, tosse ou febre, deve evitar participar de festas de Carnaval e procurar ajuda médica se estes ficarem mais graves. A recomendação vale também para o período pós-folia.
Foi no dia 26 de fevereiro de 2020 que foi confirmado o primeiro caso de Covid, no Brasil: um homem de 61 anos, que havia viajado para a Itália e estava em atendimento desde o dia 24 no Hospital Israelita Albert Einstein (SP). Ele sobreviveu.
Em São Paulo, a equipe do Einstein já estava se preparando há alguns dias, assim como as equipes de outros grandes hospitais do país. Àquela altura dos acontecimentos no Brasil, todos os serviços de saúde e toda a sociedade já estavam esperando o primeiro caso aparecer. Qualquer paciente que chegava ao serviço de emergência com sintomas de síndrome gripal era automaticamente colocado sob suspeita de Covid-19.
No caso do primeiro paciente com sintomas da doença, especificamente por ter vindo de uma região que, naquele momento, estava em franca epidemia, que era o norte da Itália, a suspeita foi muito forte.
Na verdade, desde dezembro de 2019 equipes dos grandes hospitais do país já estavam “de prontidão” à espera da chegada da Covid-19 no Brasil. Onde seria a porta de entrada, eis a questão.
Em fevereiro de 2020, não existiam testes comerciais para a detecção do vírus da Covid-19. O primeiro caso brasileiro da doença foi notificado às autoridades sanitárias no dia 25 de fevereiro, uma terça-feira de Carnaval, com a folia começando a lotar conta das ruas das principais capitais. A festa, porém, não foi cancelada pelo governo brasileiro.
O que o governo fez, por intermédio do seu então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi dar as seguintes orientações:
– A população brasileira terá todas as informações necessárias para que cada um tome suas precauções, que são cuidados com a higiene e etiqueta respiratória, como lavar as mãos e o rosto com água e sabão. Este é um hábito importante e higiênico para evitar não só doenças respiratórias como outras doenças de circuito oral.
As medidas, como se soube poucas semanas depois, eram ineficientes.
Os primeiros casos da doença foram registrados ainda em dezembro de 2019, na China, quando o governo avisou à Organização Mundial da Saúde (OMS) que havia uma síndrome gripal nova, não identificada, com explosão de casos na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, com 11 milhões de habitantes.
Não havia detalhes sobre como era transmitida ou de onde havia surgido: a resposta à primeira dúvida veio em março, quando a doença foi classificada como pandemia pela OMS, enquanto a segunda ainda não está de todo esclarecida. A hipótese mais aceita é de que tenha se originado de contaminação entre espécimes exóticos no mercado central da cidade de Wuhan.
A quarentena em Wuhan foi decretada em 23 de janeiro. No Brasil, a informação demorou ao menos dois dias para circular.
Além do paciente atendido no Einstein, outros casos já estavam sendo investigados. No próprio dia 26 de fevereiro, tinham 20 casos suspeitos da doença, no país, em sete estados: PB, PE, ES, MG, RJ, SP e SC.
A equação escalada de casos e mortes mais demora de decretos federais em estabelecer restrição de circulação resultaram em 700 mil mortes no país, por Covid-19, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Niterói foi a primeira cidade do Sudeste a estabelecer um bloqueio total — conhecido como lockdown — para conter o avanço da pandemia do Coronavírus.
O então governador Wilson Witzel (PSC) e o prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), ambos aliados de Bolsonaro, adiaram ao máximo decretar um bloqueio total de circulação.
No dia 7 de maio de 2020, as medidas de restrições propostas pelo então prefeito Rodrigo Neves foram aprovadas pela Câmara Municipal.
Entrariam em vigor quatro dias depois quando passou a ser proibida a permanência e circulação de qualquer cidadão nas vias, praias, equipamentos, locais e praças públicas sob pena de multa de R$ 180. As únicas exceções foram para os trabalhadores de serviços considerados essenciais e as pessoas que estiverem indo a unidades de saúde ou a estabelecimentos que permanecem abertos, como supermercados e farmácias.
Na época, Niterói era o terceiro município com mais casos confirmados de Covid-19, no estado do Rio: 524. A cidade já tinha registrado 35 mortes.
Antes do lockdown, ainda em janeiro, mês em que a quarentena na chinesa Wuhan foi decretada, a prefeitura montou um “grupo de resposta rápida” para acompanhar e planejar como a cidade deveria reagir “se” o vírus chegasse no município. Vinculado à secretaria municipal de Saúde, o grupo ainda significava uma iniciativa de precaução, mas ajudou o Executivo a adotar políticas públicas antecipadas para lidar com a pandemia.
Por exemplo:
Niterói anunciou, em 18 de março de 2020, que pagaria uma bolsa de R$ 500 aos moradores mais pobres.
O município preparou o primeiro hospital exclusivo do país para o atendimento de pacientes com Coronavírus: o Hospital Oceânico, que passou a oferecer 200 leitos para o tratamento da doença.
Niterói comprou, inicialmente, 40 mil testes de Covid-19 para iniciar um programa de testagem em massa.
No total, o município investiu R$ 300 milhões, pouco menos de 10% do orçamento da cidade, então de R$ 3,6 bilhões.
Na época, o secretário de Planejamento era Axel Grael.
O primeiro caso de morador da cidade infectado pelo Coronavírus foi confirmado em 7 de março de 2020.
Os números de Niterói, segundo o Painel Covid-19 da prefeitura de Niterói
Em 2020
Casos: 32.644
Mortes: 1.412
Bairro com mais casos confirmados: Icaraí – 5.072
Bairro com mais mortes: Icaraí – 306
Em 2021
Casos: 27.468
Mortes: 1.398
Bairro com mais casos confirmados: Icaraí – 3.451
Bairro com mais mortes: Icaraí – 270
Em 2022
Casos: 29.728
Mortes: 265
Bairro com mais casos confirmados: Icaraí – 3.899
Bairro com mais mortes: Icaraí – 79
Em 2023
Casos: 4.078
Mortes: 32
Bairro com mais casos confirmados: Fonseca – 505
Bairro com mais mortes: Icaraí – 12
Em 2024
Casos: 860
Mortes: 4
Bairro com mais casos confirmados: Icaraí – 119
Bairro com mais mortes: Barreto, Largo da Batalha, Maravista e Santa Rosa com 1 morte em cada
Niterói aplicou 797.467 doses de vacina monovalente, segundo o Painel Covid-19 da Prefeitura de Niterói, cujos dados relacionados com vacinação estão atualizados até agosto de 2024.
O Painel mostra uma gradual diminuição de doses tomadas, por todas as faixas etárias, entre a segunda e a quarta doses. Em pessoas entre os 6 meses e 17 anos, não há registro de imunização com a quarta dose.
Em relação à vacina bivalente, a maior cobertura (52,38%) está entre pessoas 70+ e a menor (18,29%) entre pessoas de 18 a 59 anos. Entre as pessoas de 60 a 69 anos, a cobertura vacinal da bivalente está em 48,71%.
Quem estiver com a vacinação contra a Covid-19 atrasada, deve procurar um posto de saúde o mais rápido possível. Atualmente, a vacinação básica é feita em crianças de 6 meses a menos de 5 anos, mas quem faz parte de grupos de risco, como idosos, gestantes e pessoas com deficiência ou comorbidades precisa de reforços periódicos.
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