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Coronavírus dá trégua em Niterói, mas os ônibus não: continuam lotados e são ameaça a novos contágios

Por Camila Araujo
| aseguirniteroi@gmail.com

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Maioria retornou às atividades presenciais e escolas reabriram, mas frota do transporte coletivo continua reduzida na cidade
ônibus niterói
Ponto de ônibus municipal na Praia de Icaraí: longa espera e sufoco lá dentro. Foto: Camila Araujo

Com a pandemia de Covid dando uma trégua, mesmo sem ter acabado, muita gente voltou a trabalhar e fazer outras atividades presencialmente.  Com a volta às aulas, a adoção do modelo híbrido ou mesmo o fim do home office em algumas empresas, já se pode perceber uma diferença no acesso ao transporte coletivo na cidade. O fluxo maior de pessoas nas ruas já provoca  mais engarrafamentos e uma dor de cabeça extra: ônibus lotados e com esperas mais do que aceitáveis nos pontos.

É o que relata Solange Conceição dos Santos, que mora na Engenhoca e trabalha em Icaraí.

– É difícil. Os ônibus só vivem cheios e reduziram a frota depois da pandemia. Eles têm vindo sempre cheio de manhã e à noite. Às vezes, demora meia hora, até uma hora. A linha 61 está muito ruim, e só tem ela para minha casa, fico dependente – contou a trabalhadora doméstica que, no total, tem gastado duas horas no deslocamento todos os dias  entre a casa e o trabalho.

Pior: a Prefeitura de Niterói já liberou a exigência do uso de máscaras contra Covid em lugares abertos, mas não em transportes públicos. E passageiros relatam que, apesar de os ônibus circularem lotados, sem que se possa manter um distanciamento seguro entre as pessoas, a maioria não usa máscaras, o que pode voltar a agravar a situação da pandemia.

Segundo a Secretaria municipal de Urbanismo e Mobilidade, devido à pandemia, ao longo de 2020 a demanda por ônibus sofreu uma redução de 70%  mas agora, com os serviços já normalizados, a frota ainda não voltou ao patamar anterior.

Algumas linhas, como a 47, da Araçatuba, circulavam com 25 carros por dia antes da pandemia. Durante a crise sanitária, o número caiu para 15. Passageira da linha, a professora Estéfanie Oliveira sentiu a diferença. Para ela, o impacto foi maior depois da volta às aulas. Todos os dias, ela faz o trajeto Itaipuaçu-Niterói e Centro-Icaraí.

– Eu sempre trabalhei em Niterói. A maioria das escolas voltou agora, a partir de fevereiro, março, e foi quando eu senti mais. Os ônibus estão bem cheios. Muitas vezes eu fico em pé. Muitas pessoas com mochila, você vê que estão vindo da escola, da faculdade. Tem muita gente voltando a estudar – conta.

Marcos Paulo Borges Correia, professor  niteroiense de dança, compartilha da percepção de Estéfanie.

– O que mais me afeta são alguns horários de volta da escola, que agora é um público que está usando mais o ônibus. Por volta de meio dia, 13h, 17h e pouca, realmente tem um público que acaba enchendo e fazendo demorar mais um pouco, e as empresas acabam não colocando mais ônibus na frota. Fica mais cheio do que durante a quarentena e acho até  que do normal que a gente estava acostumado antes da pandemia – relata Marcos Paulo.

O Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários (Setrerj) alega que o que está impossibilitando o pleno atendimento dos passageiros é uma crise econômica que atinge o setor de transporte público, provocando reflexos na operação das linhas de ônibus em Niterói.

“As empresas chegaram ao esgotamento financeiro”, informa a entidade, em nota.

Os motivos, diz o Sindicato, são a redução de 25% no número de passageiros pagantes, o reajuste de mais de 100% no preço do óleo diesel nas refinarias nos últimos 18 meses e o congelamento da tarifa de transporte por três anos que, segundo o Setrerj, desrespeita os contratos vigentes.

Para tentar solucionar os problemas na frota municipal, a Secretaria de Urbanismo e Mobilidade de Niterói informou que está elaborando um plano para a cidade e deve apresenta-lo até o fim de março.

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