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Doença infecciosa aguda, de alto contágio, que compromete o aparelho respiratório, a Coqueluche tem aumentado em todo o estado do Rio de Janeiro. O número é expressivo: de acordo com dados colhidos pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), até esse mês de julho, já são 34 casos, contra 8 no ano passado, o que representa um aumento de mais de 300% de casos da doença até julho deste ano, comparado ao ano de 2023.
Em Niterói, há apenas um caso da doença, de acordo com dados da SES, disponibilizados nesta segunda-feira (15).
Para saber detalhes sobre a doença, A Seguir entrevistou a biomédica, pesquisadora e professora da escola de saúde da Unisinos, Mellanie Fontes-Dutra. Ela é também a criadora da Rede Análise, fundada no final de 2020 com o objetivo de coletar, analisar e divulgar informações respaldadas na ciência sobre a pandemia da Covid-19 no Brasil e no mundo.
A Coqueluche é uma infecção causada por uma bactéria. Ela afeta as vias respiratórias que levam o ar até os pulmões. Os sintomas mais comuns são febre, mal-estar geral, coriza e tosse seca. Falta de ar, cansaço extremo, vômitos, lábios e extremidades azuladas por causa da falta de ar são outros sintomas.
A infecção nunca foi erradicada no Brasil. Entretanto, o último surto de coqueluche foi há uma década, quando o país teve mais de oito mil doentes.
A transmissão acontece por meio do contato com a secreção do doente. As gotículas que se espalham pelo ar através da tosse ou espirro, por exemplo, são fontes de contaminação.
falta de ar, cansaço extremo, vômitos, lábios e extremidades azuladas por causa da falta de ar.
O diagnóstico é realizado por meio de exames laboratoriais, solicitados pela equipe médica responsável.
A população pode se imunizar com as seguintes vacinas:
É importante que a saúde pública invista em campanhas de conscientização sobre a importância da vacinação e disponibilize ferramentas como os cartões de vacina gratuitamente.
A SEGUIR: NITERÓI: Quais são as principais diferenças dos sintomas entre Coqueluche e Covid-19?
MELLANIE FONTES-DUTRA: A coqueluche é uma doença respiratória transmitida por uma bactéria (Bordetella pertussis) infectando principalmente crianças de até um ano. Seus principais sintomas sao crises de tosse seca, febre baixa, corrimento nasal e mal-estar.
Na fase inicia, a doença se manifesta por febre pouco intensa, mal-estar geral, coriza e tosse seca, com maior intensidade das crises de tosse. Depois, ela pode evoluir para crises de tosse súbitas, rápidas e curtas, que podem comprometer a respiração.
A doença também é conhecida por tosse comprida, uma vez que a tosse pode persistir e durar por muito tempo.
Os grupos mais vulneráveis dos coqueluche são as crianças menores de 1 ano e os mais idosos.
Já a COVID-19 é uma doença viral (SARS-CoV-2), também transmitida pelo ar, os sintomas podem ser sobrepostos, como tosse, coriza e a febre, mas a COVID-19 muitas vezes também apresenta dor de garganta, dor de cabeça.
É extremamente importante que, na presença desses sintomas gripais, procure-se a testagem para identificar o patógeno transmissor (ou excluir possibilidades).
Vimos que os casos aumentaram bem no estado do Rio. A que se atribui esse aumento?
Acredito que existe um conjunto de fatores que podem influenciar. As baixas coberturas vacinais, a imunidade que diminui com o passar de muitos anos. Também não sabemos o quanto doenças a pandemia da COVID-19 pode estar impactando na suscetibilidade a outras doenças.
Quem se vacinou quando criança contra a Coqueluche precisa se vacinar de novo?
Todas as crianças podem receber a vacina e seus reforços ao longo do primeiro ano de vida. Sabemos que, com o passar dos anos, a imunidade da pessoa pode diminuir.
Pessoas adultas com maior risco de exposição podem receber a vacina, como profissionais da saúde e gestantes, pelo SUS. No particular, pode-se receber a vacina tríplice bacteriana (que protege contra tétano, coqueluche e difteria) a cada 10 anos.
Quais são as principais formas de evitar a transmissão? Máscara e álcool em gel, assim como a Covid-19?
Por ser uma doença de transmissão pelo ar, as medidas preventivas que conhecemos pra COVID-19 também são úteis: uso de máscara, medidas de higiene como álcool gel e evitar contatos se estiver com sintomas gripais. A vacinação é também uma importante medida preventiva.
Qual o período de incubação?
Segundo o Ministério da Saúde, o período de incubação pode variar em média de 5-10 dias mas também pode chegar a 4-21 dias a depender.
O tratamento é feito por antibióticos, certo?
Isso mesmo, a antibióticoterapia é recomendada, por isso é importante buscar um serviço de saúde na presença de tosse persistente (durando mais de uma semana).
Qual foi o último surto da doença no Brasil?
No Brasil, tivemos um pico da doença em 2014. Atualmente estamos vendo um aumento global em paises principalmente da Europa e da Ásia, além de surtos no Brasil.
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