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Em setembro de 2021, a prefeitura de Niterói informou que, por decisão do governo do Estado do Rio de Janeiro, não poderia mais atuar na gestão do Programa Niterói Presente, como fazia desde 2017.
Com o nome alterado para Segurança Presente, o programa passou a ser coordenado pelo Major Abrahão Clímaco, um residente de longa data da Região Oceânica de Niterói. Ele assumiu o novo cargo vindo da coordenação do Detro-RJ (Departamento de Transporte Rodoviário), onde chegara em 2020.
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Há cerca de uma semana, nos bastidores da Segurança do município, o buchicho da vez era a saída do Major da coordenação do programa. Ele não nega e diz mais. O motivo é político, mas a prefeitura de Niterói não tem nada com isso.
– É uma questão interna da secretaria de Governo do estado. Policiais ligados a políticos querem ter privilégios em escalas de serviço, o que eu não aceito. Eles não querem respeitar hierarquia e a disciplina militar – disse o Major em entrevista exclusiva para o A Seguir Niterói, sobre o que acredita ser o motivo da sua saída da coordenação do Segurança Presente.
Nas últimas eleições municipais, vários candidatos à prefeitura de Niterói manifestaram a intenção de trazer de volta a coordenação do programa para o município, se eleitos fossem. Um deles foi o prefeito eleito, Rodrigo Neves. Foi em gestões anteriores de Neves à frente do município, que o Niterói Presente foi criado.
Há 22 anos na Polícia Militar, o Major já foi fui chefe de setor de inteligência de várias unidades, inclusive do Comando de Operações Especiais da PM.
É fato ou boato que o senhor está deixando a coordenação do Segurança Presente?
Major Abrahão Clímaco: Não fui oficialmente informado sobre a minha saída. Fiquei sabendo por terceiros. O que soube é que o programa vai continuar sob gestão do governo do estado, mas já está tramitando minha transferência.
Qual o motivo?
MAC: Político. Quando me chamaram para o cargo, minha exigência foi que não tivesse interferência política. Na verdade, encaro a saída do cargo como uma situação normal, porém, frustrante pela forma como está sendo feita.
Tem alguma relação com a vontade de Niterói voltar a ter o comando do programa?
MAC: Não. É uma questão interna da secretaria de Governo do estado, não tem relação com a prefeitura de Niterói. Tentaram me envolver no caso Ceperj dizendo que eu teria indicado dois parentes para lá. A questão é que policiais ligados a políticos querem ter privilégios em escalas de serviço, o que eu não aceito. Eles não querem respeitar hierarquia e a disciplina militar. Além disso, defendo que o planejamento do local de policiamento tem que ser técnico e não político.
Qual era o quadro do programa quando o senhor chegou e como deixará, caso sua saída se confirme?
MAC: Quando cheguei em Niterói, as viaturas estavam em estado crítico. Eram 24, mas só 13 estavam em funcionamento e com manutenção precária. Tinha também 67 motos. Quando assumi, tudo isso saiu e chegaram veículos e motos novos: 17 viaturas; motos, em um primeiro momento, 20; depois, mais 32. Agora, porém, as viaturas já estão começando a dar sinais de desgaste com três anos de uso.
Quando cheguei, de imediato, dobrei para 40 o efetivo do policiamento fixo. Hoje, o efetivo diário é de 400 homens (mais do que o efetivo do 12BPM que é de 319 homens).
Quando o Segurança Presente começou, o quadro contava com seis assistentes sociais, mas, no momento, não tem nenhum. Também eram 140 agentes civis, mas caiu para os 40 atuais.
E em termos de resultado?
MAC: Quem assumir terá recordes para serem batidos. Temos recorde de redução de roubos e crimes de furtos. Desejo sorte para quem vier me substituir. Inclusive, vou orientar quem chegar. Quem chegar não é meu inimigo.
O que o senhor considera o principal motivo do programa obter bons resultados?
MAC: A abordagem de proximidade, esse é um trabalho importante. Faço parte de 43 grupos, de todos os bairros da cidade, que reúnem um total de 15 mil pessoas. Além disso, o programa atua em conjunto com o CISP (Centro Integrado de Segurança Pública de Niterói,) e o 12 BPM. Antes de assumi, na minha opinião, faltava mais integração nos trabalhos.
Qual aspecto seria negativo ou que precisa melhorar?
MAC: Como disse, os veículos já estão “cansados” e teve redução de alguns quadros.
O senhor acredita que um programa desse tipo é algo para ser executado por uma prefeitura?
MAC: O gasto para assumir o programa é muito alto para um município. Alguma parceria, penso que seria algo mais viável. A prefeitura de Niterói arcou com todos os custos em um momento em que o estado estava quebrado, mas o estado entrou em recuperação fiscal e recuperou fôlego.
Planos para o futuro?
MAC: No momento, estou em cargo de confiança da secretaria de Governo. Devo voltar para a secretaria da Polícia Militar. Mas a verdade, é que estou pensando em tirar uma licença especial e descansar um pouco. Seja como for, saio de cabeça erguida. Estou fazendo 22 anos de profissão sem nunca ter sido punido. Digo que é um até breve, quem sabe, agente volta a trabalhar na área.
Se o prefeito eleito o chamar para contribuir de alguma forma com a segurança de Niterói, já que tem bastante conhecimento sobre a cidade, o senhor aceitaria?
MAC: Eu iria analisar a oferta e, sim, posso vir a aceitar.
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