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Fortaleza de Santa Cruz é tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional

Por Sônia Apolinário
| aseguirniteroi@gmail.com

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Iphan tombou também os fortes São Luiz e Imbuhy, todos em Jurujuba
Fortaleza de Santa Cruz
O tombamento abrange o conjunto de fortificações conhecido como Fortaleza de Santa Cruz

O Conjunto Histórico, Arquitetônico e Paisagístico formado pelas fortificações do complexo de Santa Cruz, Praia de Fora e Imbuhy, em Jurujuba, foi tombado em âmbito federal nesta terça-feira (03/09), durante a 105ª Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, órgão colegiado de decisão máxima do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

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O tombamento abrange o conjunto de fortificações conhecido como Fortaleza de Santa Cruz que possui um acervo composto de 45 canhões dos séculos XVIII e XIX, além de uma capela datada de 1612, com uma imagem de Santa Bárbara do século XVIII.

Esse conjunto histórico, arquitetônico e paisagístico era tombado de forma provisória, em um processo iniciado em 1995. Somente a Fortaleza de Santa Cruz da Barra era tombada desde 1939. Agora, a área protegida foi ampliada.

Os elementos do esquema defensivo extramuros da Fortaleza de Santa Cruz da Barra e os fortes localizados nas proximidades também foram tombados. Entre eles estão o Reduto do Pico – obra de pequeno porte, localizada no Morro do Pico, para posição de elementos de artilharia – e os fortes de São Luiz, da Praia de Fora, Barão do Rio Branco, do Pico, da Tabaíba e Imbuhy, incluindo os acervos de artilharia.

As fortificações de Niterói. Foto: reprodução

O tombamento abrange, ainda, os morros e praias a eles associados, que se encontram sob tutela do Exército e que constituem a paisagem de entrada da Baía de Guanabara. Com isso, o conjunto passa a ser inscrito no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico; no Livro do Tombo Histórico e no Livro do Tombo de Belas Artes. 

No Forte Barão do Rio Branco fica o Parque Histórico Monte Bastione. Possui 14 espaços culturais e construções que datam de cinco séculos. O local é conhecido como a Machu Picchu brasileira e oferece uma vista panorâmica de 360º.

Na mesma reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, o Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Fortaleza de São João, na Urca, no Rio de Janeiro (RJ), também recebeu tombamento definitivo do Iphan. As edificações auxiliares de defesa que fazem parte da Fortaleza de São João também foram tombadas pelo Iphan. São elas: o Forte São José, o Reduto São Teodósio, a Bateria do Pau do Bandeira, a Praia de Fora, a Praia de Dentro, Forte São José, Reduto São Teodósio, remanescente das muralhas do Forte São Diogo, Ponte da Praia de Dentro, Bateria Marques Porto e Bateria Mallet, com as estruturas anexas.

Os complexos de Santa Cruz e São João guardam a entrada da Baía de Guanabara, respectivamente, do lado de Niterói e do Rio.

“Reconhecimento importante”

– Essa notícia do tombamento é maravilhosa para nós. Niterói é abençoada por ter esse complexo de fortes. O tombamento garante sua perpetuidade, que vai permanecer para as gerações futuras. Esse reconhecimento é muito importante – afirmou  André Bento, presidente da Empresa De Lazer E Turismo de Niterói (Neltur).

Segundo ele, a Fortaleza de Santa Cruz reveza com o Parque da Cidade o segundo e terceiro lugares entre os atrativos mais visitados da cidade. Em média, recebe 3.500 visitantes por mês. Já o Monte Bastione tem uma média mensal de 1.162 visitantes. Bento informou que a Prefeitura realizou algumas intervenções na infraestrutura turística de acesso ao Complexo dos Fortes, tais como a implantação de sinalização turística viária e obras para melhorias no acesso à Fortaleza de Santa Cruz

Na sua opinião, o tombamento tende a provocar mais a curiosidade das pessoas em relação aos fortes, o que pode levar a um aumento da visitação. E isso vale para niteroienses e “estrangeiros”.

Bento disse que já visitou todo o conjunto e recomenda:

– Em 2017, tivemos o privilégio da abertura ao público do Parque Histórico Monte Bastione, uma visita que abrange o Forte do Rio Branco, Forte São Luiz e o Forte do Pico, que possui uma vista panorâmica com um espaço visual de 360 graus. Muitos já chamam de “Macchu Picchu” brasileira. Tem uma das vistas mais belas do mundo. É um passeio imperdível. É fantástico. Ninguém pode perder a oportunidade de conhecer não apenas essa parte da história de Niterói, mas do Brasil – afirmou ele lembrando que o forte do Gragoatá segue em obras de adequação para também ser aberto à visitação e se tornar mais um ponto turístico da cidade. 

Entrada do Forte São Luiz: um portal para a História. Foto: arquivo A Seguir Niterói

Valores histórico, arquitetônico e paisagístico 

Os conselheiros do Iphan destacaram que, sob o viés histórico, todas essas fortificações desempenharam um papel crucial na defesa do Rio de Janeiro, enquanto base de operações da coroa portuguesa no período colonial e capital do Brasil.

A Fortaleza de Santa Cruz da Barra, com os elementos do esquema defensivo complementar, “foi essencial na proteção contra invasões e ataques ao longo dos séculos, com forte relevância também para dissuadir pretensos ataques”. Desde as tentativas de ataques nas guerras holandesas, entre 1599 e 1663, até as invasões francesas lideradas por DuClerc, em 1710, e Duguay-Troin, em 1711, a Fortaleza de Santa Cruz da Barra se destacou.

Além disso, desempenhou um papel significativo em eventos internos, como a Revolta da Armada, entre os anos de 1893 e 1895; a Revolta dos 18 do Forte, em 1922; e as Revoluções de 1924 e 1930. 

Do ponto de vista arquitetônico, os conselheiros observaram que os fortes da Praia de Fora, especialmente o de São Luís, são exemplares de grande qualidade estilística no estilo conhecido como “traçado italiano”, que determinou sua forma. Situado entre os Morros do Macaco e do Pico, o Forte de São Luís apresenta muralhas de alvenaria de pedra e parapeito de tijolos – daí ser associado a Machu Picchu. monumento peruano que é  Patrimônio Cultural da Humanidade.

Em seu interior, destacam-se a casa do comando e o quartel da tropa, que apresentam uma linguagem clássica, com vãos em arco pleno e coroamento em platibanda. As alvenarias são de pedra aparente.

Já a bateria casamata da Fortaleza de Santa Cruz da Barra é um exemplar de um tipo de arquitetura militar, o da defesa horizontal, introduzido no final do século XVIII. No Brasil, apenas as fortalezas de Santa Cruz da Barra e de São João guardam as características desse estilo arquitetônico.

De acordo com o Iphan , o valor paisagístico do conjunto “apresenta-se em sua projeção como uma paisagem que emoldura a entrada da Baía de Guanabara e compõe o Sítio Rio de Janeiro: Paisagens Cariocas entre a Montanha e o Mar, reconhecido em 2012 como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)”. 

Essa paisagem é enriquecida e complementada pelas obras fortificadas, particularmente no caso da Fortaleza de Santa Cruz. 

Acervo reflete a evolução da artilharia brasileira   

O Forte de Imbuhy começou a ser construído em 1836, mas foi inaugurado apenas em 1901. Foto: Iphan

As fortificações do complexo de Santa Cruz, Praia de Fora e Imbuhy também possuem um valor cultural significativo, como destacaram os conselheiros. Com suas imponentes muralhas e canhões, simbolizam a força e o poderio do Brasil ao longo dos séculos.

Essa demonstração de poder era de extrema importância, especialmente durante os períodos colonial e imperial, quando o Brasil dependia de suas próprias tropas para defesa. Até a década de 1950, todos os visitantes que chegavam ao Brasil por navio passavam sob o olhar atento da guarnição da Fortaleza de Santa Cruz, reforçando a imagem de uma nação forte e bem protegida.  

O acervo de peças de artilharia se caracteriza por uma coleção que inclui canhões que datam desde o século XVII até peças utilizadas na artilharia de costa até 1998. Essa diversidade de armamentos ilustra a evolução da tecnologia militar ao longo dos séculos, tornando as fortificações um verdadeiro museu a céu aberto.  

Com o tombamento em âmbito federal, qualquer intervenção no conjunto deverá ser previamente autorizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Esta medida está em conformidade com os artigos 17 e 18 do Decreto-Lei nº 25 de 30 de novembro de 1937, que regula a proteção do patrimônio tombado em nível federal.  

Serviço

O Forte São Luís foi concluído e armado no século XVIII. Encontra-se encravado entre a plataforma de dois morros, sendo um deles o do Pico. Foto: Iphan

Fortaleza de Santa Cruz

Estrada Eurico Gaspar Dutra, s/nº – Jurujuba

Tel.:(21) 99633-2721

E-mail:  comsoc@ad1.eb.mil.br

Visitação: De Terça à Domingo das 09h às 16h, com saídas a cada hora.

Segunda a Sexta: 5h30 – 6h – 6h30 – 11h – 12h – 12h30 – 16h30 – 17h – 17h30 – 20h

Sábado / Domingo / Feriados: 5h30 – 7h – 8h30 – 10h –  11h30 -13h – 14h30 – 16h – 17h30

Adultos: R$ 10,00 (Entre 13 e 60 anos de idade)

Meia entrada : R$ 5,00 (Estudantes com carteirinha estudantil, Militares (e familiares diretos) da Marinha de Guerra, da Força Aérea Brasileira, da Polícia Militar e dos Bombeiros.)

Isentos: Crianças até 12 anos, Idosos acima de 60 anos, Militares do Exército e seus familiares diretos; Pessoas com deficiência; Estudantes e Professores da Rede Pública de Ensino (mediante Ofício da Diretora para a FSCB) e Antigos Combatentes da 2ª Guerra Mundial (Veteranos da FEB e do Batalhão de Paz).

Fortes do Pico e São Luiz

Av. Marechal Pessoa Leal, 265 – Jurujuba Acesso pelo Forte Barão do Rio Branco

Tel: 3611-4205 3611-4200

Visitação: De terça a domingo: às 10h ou às 14h.

Inteira: R$12,00 Meia-entrada: R$6,00 – Crianças, estudantes e idosos

 

Com informações do Iphan

 

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