22 de dezembro

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‘Como vou sair sozinha numa guerra com duas crianças e uma mala?’, desabafa niteroiense na Ucrânia

Por Redação
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Gabriele Soares tem usado as redes sociais para relatar a situação da família durante os conflitos na Ucrânia
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Gabriele em foto postada por ela em redes sociais: ela diz que a família passou a noite bem. Reprodução de redes sociais.

Por volta das 7h da manhã, no horário de Brasília, a niteroiense Gabriele Soares, que se encontra na Ucrânia, postou novos vídeos em sua rede social para atualizar a família e amigos sobre sua situação no país no segundo dia de conflitos armados. Odessa, onde ela vive com o marido ucraniano e os dois filhos do casal, fica a 472 quilômetros da capital ucraniana, Kiev. Parece distante do centro do conflito, mas segundo ela, havia ameaça de ataque aéreo. Felizmente, nada aconteceu, mas o medo deixou uma marca: “A cidade está um silêncio total”.

Leia mais: Na Ucrânia, jovem niteroiense relata momentos de tensão

Após a invasão por tropas da Rússia, com a impossibilidade de organizar uma missão de retirada dos brasileiros que se encontram na Ucrânia neste momento, especialmente de avião, a embaixada brasileira orienta os cidadãos que busquem eles próprios sair do país pelas fronteiras terrestres. Para quem fica, a orientação é uma só:

“A ajuda que a embaixada falou ainda não chegou, e as mensagens são para continuar acompanhando, continuar a olhar as notícias”, disse Gabriele em redes sociais.

O espaço aéreo da Ucrânia está fechado para voos civis, por isso a orientação do Itamaraty é para a tentativa de fuga por terra. Porém, segundo Gabriele, há barreiras invisíveis que tornam a empreitada mais difícil do que parece:

“A fronteira mais perto, que é a da Moldávia, agora parece que está fechando e abrindo, e a gente não sabe se vai ficar aberta, se vai fechar. E lá não tem embaixada brasileira, então se a gente passar pra lá, talvez não vá ter nenhum apoio para os brasileiros, né?”

A cidade de Odessa, onde Gabriele e a família vivem, fica a 71km da fronteira com a Moldávia, mas o país não possui embaixada brasileira. Google Images

Ela diz que a maioria dos brasileiros que ela conhece estão tentando ir para a Polônia de carro, o que vem causando enormes congestionamentos nas estradas para deixar a Ucrânia. Eles também encontram dificuldades, como a falta de combustível e o risco de exposição a bombardeios e ações militares.

Além disso, Gabriele se encontra em um dilema: o marido é ucraniano, e não pode deixar o país. Se sair com os filhos, ela teria que fazer isso  sozinha e enfrentar os perigos de atravessa o país em guerra a pé:

“Meu marido agora não poder sair aqui da Ucrânia. Homens entre 18 e 60 anos não podem deixar a Ucrânia. E como é que faz? Deixa o marido pra trás? A gente quer sair, mas com todo mundo a salvo. Como
eu saio e deixo ele aqui? Eu tenho dois filhos e é claro que eu faço o possível pra proteger os dois, mas como eu saio com duas crianças, sozinha por uma estrada, em que eu não sei se vai ter um ataque? É muito difícil, na teoria é fácil, mas na prática… você imagina? Você estar no meio de uma guerra e sair com duas crianças e uma mala, e deixar o marido pra trás sem saber o que vai ser da vida dele, sem saber o que vai ser do pai dos seus filhos? É difícil.”

Em seu perfil, ela compartilha depoimentos de outros brasileiros e notícias sobre a Ucrânia. São diversas histórias sobre pessoas que se feriram ou morreram ao tentar fugir do país. Pelo menos dentro de casa, em Odessa, ela afirma à família no Brasil que está bem.

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