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Chiara Santoro retorna a Niterói com show que destaca raízes africanas e compositoras mulheres

Por Livia Figueiredo
| aseguirniteroi@gmail.com

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Em um recital intimista, cantora celebra a diversidade cultural brasileira no dia 4 de junho no Theatro Municipal
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A soprano Chiara Santoro volta a sua cidade natal Niterói para show de voz e piano. Foto: Divulgação

Após uma temporada de show em palcos do Brasil e da Europa, a soprano lírico-coloratura Chiara Santoro retorna a Niterói, sua cidade natal, para o recital Canto Brasileiro, idealizado por ela mesma, na próxima quarta-feira, dia 4 de junho, às 19h, no Theatro Municipal de Niterói. Com duração de 60 minutos e acompanhada do
pianista Silas Barbosai, o show integra o projeto Quartas Clássicas. Os ingressos podem ser adquiridos pelo site.

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A proposta é oferecer ao público uma viagem musical pelas raízes que formam nossa identidade, seja o ritmo afro-brasileiro, as lendas indígenas e as influências europeias. imersão na música de câmara brasileira, que vai de  Carlos Gomes, Villa-Lobos, Chiquinha Gonzaga, Claudio Santoro, Dinorah de Carvalho, Esther Scliar entre outros. Muitas desses nomes que aparecem no repertório são de  mulheres ainda pouco conhecidas do grande público.

Foto: Acervo Pessoal

O A Seguir conversou com Chiara Santoro uma semana antes do show para falar sobre sua trajetória musical, as principais aventuras e desafios e a relação estreita com Niterói.

Eu fico muito honrada com esse convite, por ser o Municipal um teatro histórico belíssimo e tão emblemático na história da cidade. Ao mesmo tempo se mistura com a minha história, pois já estive nesse palco muitas vezes em ocasiões diversas mas nunca num recital solo. Tenho memórias nele desde muito pequena quando fazia parte do Coral Agnes Moço, então posso dizer que é um palco que foi determinante na descoberta da minha personalidade artística destacou.

Chiara participou do tradicional Festival Amazonas de Ópera, realizado em Manaus há 26 anos, quando interpretou a personagem Susanna na ópera As Bodas de Fígaro.

A soprano é reconhecida por sua excelência no repertório mozartiano, tendo vivido personagens como Despina, Zerlina, Aminta e Pamina. Já teve passagens por Roma, Milão, Alemanha e diversas capitais brasileiras.

Ela acredita que essa trajetória ajuda a ampliar os horizontes e a expandir a expressão. “Pude ouvir muitas vozes diferentes, estudar com grandes nomes do canto lírico e aprimorar minha técnica. Entender melhor outras culturas e idiomas também me deu mais autonomia artística. Mas ao cantar para plateias de outros países me surpreendi com uma constatação aparentemente óbvia: a linguagem da música é universal, ela ultrapassa todas as barreiras”, avaliou.

Relação com Niterói

Chiara iniciou sua trajetória musical ainda criança, no coral da professora Agnes Moço. O concerto, no formato intimista de voz e piano, conecta o público à tradição da música clássica, ao mesmo tempo em que explora a performance e a
palavra.

O trabalho da Agnes transforma vidas. Faz as pessoas enxergarem a existência de forma mais criativa e sensível. É a prova de todos os benefícios que o estudo da música pode proporcionar ao indivíduo. Com certeza ela tocou diversas famílias e ao mesmo tempo possibilitou que muitos artistas descobrissem a sua vocação. O trabalho de musicalização infantil que ela perpetua há mais de 30 anos formou com certeza muitos músicos e acima de tudo cidadãos melhores.

Exaltação de mulheres

O repertório é composto por mulheres pouco conhecidas. Chiara afirma que a música clássica ainda é um ambiente regido pela ótica masculina e por uma elite branca, o que representa um microcosmo da sociedade brasileira, mas acredita que muita coisa está mudando

Há um olhar mais atento à diversidade e à representatividade nos palcos e nas equipes criativas. Através de uma intensa pesquisa, venho trocando com outras cantoras e pesquisadoras da área da música e percebendo que há um grande trabalho de resgate desse material sendo feito. Existe muita variedade absurda de composições que sempre ficaram à margem das salas de concerto e restritas a certos nichos. Como mulher me sinto na obrigação de equilibrar o repertório com canções de outras compositoras e mostrar que a produção feminina é tão relevante quanto o que vem sendo feito há tanto tempo de forma hegemônica. Minha grande referência é Chiquinha Gonzaga que transita com excelência entre o erudito e o popular, entre a dramaticidade e a comicidade e foi uma mulher à frente do seu tempo.

A sua primeira ópera foi Don Giovanni e foi com essa experiência que despertou seu olhar e sua curiosidade em busca de mais conhecimento fora do país. A partir da sua vivência na Europa, se envolveu ainda mais pela sua obra que acredita que define como a junção perfeita de teatro e música, palavra e melodia em perfeita sintonia.

A cada vez que canto suas árias ou mergulho em seus personagens descubro novas nuances, porque é uma construção genial cheia de possibilidades inesgotáveis. E acho que cabe muito bem na minha vocalidade e instinto teatral.

Foto: Acervo Pessoal

Preservação da língua

A cantora acredita que o canto em Português é um dos elos fundamentais com a manutenção da nossa identidade musical e pontua que existem nuances técnicas, musicais e expressivas que são possíveis somente aos nativos de cada repertório.” A memória afetiva da palavra e dos fonemas, o entendimento das tradições populares nas canções erudita, as liberdades poéticas que nos permitimos ao nos apropriarmos do que já é nosso”, explicou.

Dessa mesma forma, a temática de suas canções, que muitas vezes são poemas de escritores consagrados, também remete ao senso de brasilidade que permeia o repertório.

Em resumo todos bebem da mesma fonte; as inúmeras identidades que formam nossa cultura. Há cantigas de roda em Villa Lobos, a nossa nova está em Cláudio Santoro e o lirismo rebuscado também se encontra em Cartola.

Relação com o teatro

Chiara também tem formação em teatro, que a trouxe presença, subtexto, inventividade. O teatro é para ela uma ferramenta que a possibilitou o desenvolvimento, do uso da palavra e da expressão corporal. Mesma que as canções não façam parte de um enredo ou dramaturgia, ela gosta de trabalhar e construir as canções como cenas cantadas, onde gesto e vocalidade estão em favor da performance musical.

Foto: Ana Clara Miranda

Serviço:

Data: Quarta-feira, 4 de junho

Horário: 19h

Local: Theatro Municipal de Niterói

Endereço: Rua XV de Novembro, 35, Centro, Niterói

Ingresso: R$ 70,00 (Inteira) / R$ 35 (Meia)

Link para adquirir

 

 

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