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Depois de informar que a população de Niterói encolheu, o IBGE revela, agora, que a população preta e parda da cidade aumentou, enquanto a branca diminuiu. Essa mudança está em sintonia com o quadro atual do país.
Os dados fazem parte da pesquisa “Censo Demográfico 2022: Identificação étnico-racial da população, por sexo e idade: Resultados do universo” divulgados, nesta sexta-feira (22), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
O IBGE tem como padrão agrupar as pessoas em cinco categorias, de acordo com a raça ou cor: branca, preta, amarela (de origem oriental), parda (inclui quem se identifica com a mistura de duas ou mais cores, exceto amarela) e indígena. A coleta de dados é feita por meio de autodeclaração. É uma percepção que a pessoa tem dela mesma.
Em Niterói, a maioria da população se declarou branca: 57,15% que representam 257.336 pessoas. Outros 144.324 moradores (29,96%) se declararam pardos enquanto 60.286 (12,51%) se declararam pretos. Do total de moradores, 0,24% (1.161 pessoas) se declararam amarelos e 0,13% (625) indígenas.
Em comparação ao censo de 2010, a população preta e parda aumentou enquanto a branca diminuiu. Naquela época, 309.762 pessoas que representavam 63,53% da população de Niterói se declararam brancas. Os pardos eram 26,33% dos moradores (128.368 pessoas) enquanto os pretos somavam 46.033 pessoas, que representavam 9,44% da população da cidade.
Em todos os 5.570 municípios brasileiros, apenas nove têm população majoritariamente preta. São oito na Bahia (Antônio Cardoso, Cachoeira, Conceição da Feira, Ouriçangas, Pedrão, Santo Amaro, São Francisco do Conde e São Gonçalo dos Campos) e um no Maranhão – Serrano do Maranhão, com 58,5%.
Em valores absolutos, os municípios com mais pretos são, na ordem: São Paulo (1,16 milhão), Rio de Janeiro (968 mil) e Salvador (825 mil). Entre as dez cidades com mais população preta absoluta, a única que não é capital é a baiana Feira de Santana, com 180 mil pessoas.
A nível nacional, em 2022, cerca de 92,1 milhões de pessoas se declararam pardas, o equivalente a 45,3% da população do país. Desde 1991, esse contingente não superava a população branca, que chegou a 88,2 milhões (ou 43,5% da população do país). Outras 20,6 milhões se declaram pretas (10,2%), enquanto 1,7 milhões se declararam indígenas (0,8%) e 850,1 mil se declaram amarelas (0,4%).
Em relação a 2010, a população preta aumentou 42,3% e sua proporção no total da população subiu de 7,6% para 10,2%. A população parda cresceu 11,9% e sua proporção na população do país subiu de 43,1% para 45,3%. Houve, ainda, aumento de 89% da população indígena, com sua participação subindo de 0,5% para 0,8%.
– Desde o Censo Demográfico de 1991, percebe-se mudanças na distribuição percentual por cor ou raça da população, com o aumento de declaração por cor ou raça parda, preta e indígena, decréscimo para a população branca – afirmou Leonardo Athias, analista do IBGE.
A participação da população branca recuou de 47,7% em 2010 para 43,5% em 2022. Já a população amarela teve uma forte redução (-59,2%) e sua participação recuou de 1,1% para 0,4%, retornando a patamares de 1991 e 2000.
No estado do Rio de Janeiro, em 2022, há quase que uma divisão entre pessoas que se declararam brancas e pardas, respectivamente, 41,98% (6.739.901 pessoas) e 41,62% (6.682.740 pessoas). A população preta representa 16,16% dos moradores do estado, ou seja, 2.594.253 pessoas.
O levantamento do IBGE indicou que a região Sul, São Paulo e a parte sul de Minas Gerais é onde existem mais municípios com população predominantemente branca. As cidades com maior participação de brancos entre seus habitantes são as gaúchas Morrinhos do Sul e Forquetinha, com 97,4% e 97,2% respectivamente.
A região Norte tinha o maior percentual de pardos (67,2%), a região Sul mostrou a maior proporção de brancos (72,6%) e o Nordeste registrou o maior percentual de pretos na sua população (13,0%). Em 2022, 35,7% dos pardos e 48,0% dos brancos do país estavam no Sudeste.
Os dados coletados pelos recenseadores revelam que entre 2010 e 2022, a presença de pardos cresceu em todos os grupos de idade pesquisados. Já a população branca teve redução em todas as faixas etárias.
De acordo com o estudo, em 2022, havia predomínio da população parda até os 44 anos de idade; a partir dos 45 anos, a população branca passa a mostrar o maior percentual. A população amarela tem a idade mediana mais elevada em 2022 (44 anos), seguida da população branca (37 anos), preta (36 anos), parda (32 anos) e indígena (25 anos).
O IBGE apresenta ainda o índice de envelhecimento – número de pessoas com 60 anos ou mais em relação a um grupo de 100 pessoas de até 14 anos. Quanto maior o indicador, mais envelhecida é a população.
O maior índice de envelhecimento foi o da população amarela (256,5), seguida da preta (108,3), branca (98,0), parda (60,6) e indígena (35,6).
Enquanto no Brasil como um todo, a relação é de 80 idosos para cada 100 jovens, a população amarela apresenta 256,5 para cada 100 jovens. Em seguida aparecem os pretos, com indicador de 108,3. Brancos (98), pardos (60,6) e indígenas (35,6) completam a sequência.
O Censo 2022 faz também uma relação entre cor e sexo. O Brasil tem 94,2 homens para cada 100 mulheres. Entre a população preta, essa relação se inverte, sendo 103,9 homens para cada 100 mulheres.
Pardos (96,4) e indígenas (97,1) também apresentam razão de sexo acima da média nacional. Entre brancos e amarelos o indicador é de 89,9 e 89,2, respectivamente.
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