10 de março

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Catamarã atrai passageiros com tarifa baixa, mas horário é motivo de crítica

Por Filipe Bias
| aseguirniteroi@gmail.com

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Movimento na estação de Charitas aumentou, mas fechamento da estação surpreendeu algumas pessoas
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Estações do catamarã voltaram a ter filas, depois de muito tempo sem passageiros. Foto: leitor.

O ano de 2025 finalmente começou, com o fim do carnaval, como se costuma dizer. A frase popular é exagerada, mas pode muito bem ser aplicada ao serviço do catamarã de Charitas, que opera desde o dia 6, quinta-feira passada, com tarifas reduzidas, de R$ 21 para R$ 7,70, o mesmo valor cobrado pelas barcas. Na prática, foi o primeiro teste verdadeiro para o transporte, que atraiu novos passageiros, que não precisaram ir até o Centro da cidade, com os preços melhores.

A ideia da integração do BRT com o Catamarã parece que foi bem recebida, a julgar pelo movimento nas estações. Mas os novos usuários, pouco acostumados aos horários reduzidos do catamarã, de certa forma foram surpreendido e bateram com a “cara na porta”, ou na roleta fechada. “Ué, não tem barca depois de meio dia?” na verdade, o serviço para entre 12 h e 16h, por falta de passageiros, uma situação que talvez tenha que ser revista.

Fluxo intenso

Nesta segunda-feira, dia 10, a manhã já foi de movimento intenso na estação, com muitos passageiros optando pelo catamarã de Charitas para atravessar a Baía de Guanabara. Segundo um dos funcionários responsáveis pelo controle de entrada na estação, o fluxo de pessoas foi um dos maiores já registrados no local. “Tivemos que fechar as catracas em alguns horários, porque o número de passageiros superou o limite das embarcações”, disse ele. A maioria das embarcações que operam na linha tem capacidade para 220 passageiros sentados, e como não é permitido viajar em pé, quando esse limite é atingido, os demais passageiros precisam esperar a próxima saída.

Muitas pessoas não sabem, mas os catamarãs que operam na linha Charitas-Praça-XV são menores e os passageiros só podem fazer o trajeto sentados, ou seja, se a embarcação tiver 220 assentos, somente 220 pessoas podem adentrar a estação. Caso esse limite seja atingido, as pessoas precisam aguardar o próximo horário de saída do lado de fora. Para quem está acostumado com as barcas da Praça Arariboia, que operam no esquema de lotação máxima, seja em pé ou até sentado no chão, essa regra pode causar estranhamento.

Surpresa dos passageiros

Mas a principal surpresa para muitos passageiros foi a interrupção do serviço ao meio-dia. Embora as saídas ocorram a cada 20 minutos, o catamarã de Charitas faz uma pausa entre 12h e 16h, pegando muitos passageiros desprevenidos. O A Seguir flagrou diversas pessoas chegando à estação no início da tarde e se deparando com as portas fechadas.

Foi o caso de Isadora Vieira, assessora de imprensa que trabalha no Centro do Rio. “É a primeira vez que venho pegar as barcas em Charitas porque vi que o preço baixou, mas não sabia que a estação não funcionava de 12h às 16h”, contou. Para ela, a mudança na tarifa foi bem divulgada, mas a questão dos horários, não.

Moradora de São Francisco, Isadora relatou que seu trajeto diário leva cerca de 1h30, incluindo um trecho de ônibus ou carona até a Praça Arariboia e, de lá, a barca até a Praça XV. “Optei por vir por Charitas justamente pela redução da tarifa e por ser mais perto de onde moro. Acho que agora vou economizar uns 45 minutos no deslocamento”, disse.

Quem também foi pego de surpresa foi Lucas Orlando, morador de Camboinhas. Ao chegar à estação ao meio-dia e encontrá-la fechada, precisou mudar os planos. “Não vi ninguém falando que a estação fechava nesse horário. Agora vou ter que ir até o Centro”, comentou enquanto chamava um Uber Moto para não se atrasar.

Antes de ir embora, ele contou que depois da redução da tarifa, era sua segunda vez pegando o catamarã em Charitas, “peguei na sexta-feira passada e cheguei bem mais rápido no trabalho, para quem mora na região oceânica fica melhor você ir até Charitas do que ter que ir até o centro da cidade para pegar a barca, ainda mais pagando o mesmo preço”, completou Orlando.

Segundo um funcionário da estação de Charitas, já há discussões sobre a possibilidade de manter o catamarã operando entre 12h e 16h, mas com uma frequência reduzida, com saídas a cada uma hora. A medida também poderia ser aplicada em feriados e finais de semana, quando a linha Charitas-Praça-XV atualmente não funciona.

Histórico

A mudança no valor da tarifa foi uma tentativa da prefeitura de Niterói de impulsionar o uso do catamarã, que ultimamente transportava apenas 2 mil pessoas por dia. Quando a linha foi criada, a ideia era desafogar o trânsito rumo ao Centro do Rio e à Ponte Rio-Niterói, facilitando a vida dos moradores da Região Oceânica. Para isso, o município investiu no Túnel Charitas-Cafubá e criou uma linha exclusiva para ônibus, esperando que os passageiros descessem em Charitas e seguissem viagem pelo catamarã.

No entanto, o alto custo da passagem (R$ 21) e do estacionamento (R$ 30) afastou usuários. A prefeitura chegou a construir um estacionamento subterrâneo com tarifa reduzida para R$ 10, mas o fluxo continuou baixo e caiu ainda mais durante a pandemia. Para tentar viabilizar a integração, o município decidiu subsidiar a tarifa, reduzindo o valor para R$ 7,70 – equiparado ao das barcas da Praça Arariboia.

Em entrevista, um funcionário que trabalha no caixa do estacionamento subterrâneo da estação também notou a mudança no movimento. “Hoje parou muito mais carro aqui, não costumava ser assim, não”, comentou. O estacionamento, que funciona das 6h às 23h, tem 328 vagas e cobra R$ 10 para carros, R$ 6 para motos e R$ 1,25 para bicicletas.

Nova fase

Para quem mora na Região Oceânica e precisa ir ao Centro do Rio, a redução na tarifa do catamarã pode significar não só uma economia no bolso, mas também no tempo de deslocamento. Mariane Pereira, estudante de Medicina e moradora de Piratininga, já está pensando em aderir ao novo trajeto. Antes, ela precisava pegar dois ônibus: o Oceânico 1, de Piratininga até Icaraí, e depois a linha 570D da Expresso Garcia para seguir até o Rio. “Levo cerca de duas horas nesse percurso, o trânsito é bem pesado, principalmente na chegada a Icaraí e na travessia da Ponte”, contou.

Por causa do preço elevado, Mariane só usava o catamarã de Charitas para voltar para casa de vez em quando. Agora, com a tarifa mais acessível, ela pretende fazer o trajeto completo pelo mar. “Acho que ganho pelo menos uns 30 minutos no caminho, tanto na ida quanto na volta”, estimou. Assim como ela, muitos passageiros estão redescobrindo a estação de Charitas, que antes era pouco movimentada, mas que agora parece estar vivendo uma nova fase.

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