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Capivaras à vista na Região Oceânica de Niterói

Por Sônia Apolinário
| aseguirniteroi@gmail.com

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Se deparar com o mamífero é cada vez mais comum em Piratininga; Professor da UFF orienta sobre o que fazer ao encontrar com o animal
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Capivara passeando uma tarde, perto do Iate Clube Piratininga. Fotos: Conselho Comunitário da Região Oceânica de Niterói

De acordo com o Censo 2022, o número de moradores de Niterói diminuiu. Porém, um grupo específico de habitantes da cidade aumentou: as capivaras. E é em Piratininga que esses mamíferos gostam de viver.

Falar em aumento dessa população é uma espécie de licença poética. Afinal, não houve contagem de capivaras pelos recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Capivaras passeando na altura da rua Professor Fernando José de Almeida.

Como afirma o professor titular da Faculdade de Veterinária e do Instituto de Biologia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Sávio Bruno Freire, o que está acontecendo é um maior número de avistagem dos animais por conta da urbanização da orla da lagoa de Piratininga – que, ao mesmo tempo em que altera o habitat natural do animal e o expõe, permite uma maior aproximação das pessoas em um trecho da Lagoa que antes não era acessível.

É assim que os encontros com capivaras estão dando “match”. Que o diga Gonzalo Pérez Cuevas, do Conselho Comunitário da Região Oceânica de Niterói (CCRON). Ele já perdeu as contas de quantas vezes encontrou com capivaras, em caminhadas, no entorno do Parque Orla Piratininga. A última vez que avistou uma foi na quarta-feira (12), às 8h30, na guardia do Túnel do Tibau. No dia anterior, esteve bem próxima de uma, que passeava, às 16h, próximo ao Iate Clube.

 

Capivara no Túnel do Tibau.

 

– Começamos a ver mais capivaras a partir das obras do Parque Orla Piratininga. Geralmente, os animais costumavam aparecem mais no inicio da noite. Mas, agora, estão sendo vistas de dia também. Estamos vendo muitos filhotes, ultimamente – conta ele.

Estariam as capivaras se acostumando com os niteroienses e se “exibindo” mais? De acordo com o professor Freire, capivaras são animais muito arredios, que somem ao primeiro sinal de qualquer coisa que possa ameaçá-los. Porém, são adaptáveis.

– Se a capivara percebe a presença contínua dos seres humanos e isso não é identificado como situação de perigo, os animais vão permitindo-se a não saírem em fuga imediatamente ao perceberem a presença de alguém – explica o professor.

Capivaras são animais sociais que vivem em grupos, cuja estrutura social é formada por um macho dominante, várias fêmeas e animais jovens. São territoriais e definem a área de ocupação de acordo com o tamanho do grupo e disponibilidade de recursos. Sua vocalização se assemelha a um latido.

Capivaras são habitantes de áreas úmidas, pantanosas até. O que gostam, mesmo, é de locais com recursos hídricos abundantes. Como a Lagoa de Piratininga.

 

Capivara com filhotes no poluído Canal Cintura.

De acordo com o professor, capivaras costumam ficar longos períodos praticamente submersas na água. Praticamente – do contrário, não poderiam ficar “ligadas” em tudo o que acontece ao redor, o tempo todo, como costumam ficar. Se optavam por se desentocarem para passear no período da noite era por uma questão de proteção. A preferência desses animais é por áreas afastadas e tranquilas.

Se uma pessoa se assustar com a presença de uma capivara e sair correndo, corre o risco de ser atacada pelo animal?

– Nunca ouvi falar em ataque de capivara. Para isso acontecer, o animal tem que estar extremamente acuado. Vai ser mais fácil a capivara fugir da pessoa – informa o professor.

Também não há hipótese, segundo ele, do animal permitir alguém se aproximar a ponto de conseguir fazer um carinho, por exemplo. E uma aproximação desse tipo não é nem aconselhável por uma questão de saúde pública. Capivaras podem ser hospedeiras do carrapato-estrela, que transmite a bactéria Ricketsiia rickettsii, causadora da febre maculosa – doença que pode acometer a própria capivara.

Não, não se tem notícias de um surto da doença em Niterói por conta das capivaras de Piratininga, pelo menos, neste momento. Porém, como alerta o professor, é preciso ter cuidado:

– Se a pessoa passa por um lugar que tem muita capivara, pode correr o risco de ser picado pelo carrapato, que também é encontrado no mato. Por contato direto com o animal será muito difícil o contágio porque a capivara é arisca e não vai permitir a aproximação – diz ele.

Além de capivaras, a Lagoa de Piratininga é habitat de jacarés. Muitos deles se deslocaram por conta das obras para a construção do parque orla. Alguns se instalaram nos jardins filtrantes. O convívio entre capivaras e jacarés é “tranquilo” à medida que os mamíferos tenham um tamanho avantajado que não permitam os répteis “encará-los”. Uma capivara adulta pode pesar até 50 quilos. Assim, os filhotes é que podem vir a se tornar alvos dos jacarés mais avantajados.

Roteiro das capivaras

Os locais onde mais facilmente se encontram capivaras, em Piratininga, segundo Gonzalo Pérez Cuevas são:

Orla Jardim Imbui;

Parquinho da Ciclovia;

Entre as ruas Namir Peralta e Professor Fernando José de Almeida;

Residencial Fazendinha

Próximo à  Ilha do Pontal

Canal Cintura.

Não faça

O que nunca fazer ao avistar uma capivara, segundo o professor:

Nunca tentar alimentar ou deixar alimentos em locais por onde uma capivara  pode passar

Nunca tentar se aproximar para fazer carinho ou foto

Nunca jogar qualquer objeto no animal

– O melhor que podemos fazer pelas capivaras é deixa-las em paz – orienta o professor da UFF.

 

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