O cantor Johnny Hooker, escalado como atração da noite de sábado (10) do Festival ID: Rio, que será realizado no Museu de Arte Contemporânea (MAC), e “desconvidado” pela Prefeitura de Niterói, patrocinadora do evento, reagiu nas suas redes sociais ao que chama de campanha promovida por políticos bolsonaristas.
O cantor não apontou especificamente nenhum nome, mas nas redes sociais é possível encontrar postagens do vereador Douglas Gomes e o deputado federal Carlos Jordy, pré-candidato à Prefeitura de Niterói, ambos do PL-RJ, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Eles publicaram um vídeo intitulado “lacrando com o dinheiro público”, no qual questionam a participação de Johnny Hooker no festival.
O cantor explicou que os ataques contra ele se baseiam em uma crítica que fez à censura a uma peça teatral, que foi distorcida de forma mentirosa e gerou processo, que ele ganhou. O artista diz, que desde então é perseguido por estes grupos, que voltaram a atacá-lo, diante do anúncio do evento em Niterói.
Nós sabemos que extremistas têm medo da cultura, da arte e, no limite, das várias expressões de amor e, para que prosperem, dependem da censura, da intimidação e da eliminação de qualquer debate democrático. Dependem de espalhar ódio e pânico, através de campanhas de desinformação. Querem impor de forma violenta as próprias ideias sobre todos aqueles que pensam, se expressam e vivem de maneira diversa, coisa que atenta diretamente contra o Estado Democrático e Laico – destacou Johnny Hooker.
Ataques bolsonaristas
Veja, na íntegra, a nota divulgada pelo cantor Johnny Hooker:
“Para a surpresa de absolutamente ninguém, parlamentares que parecem não ter nada a propor ou fazer além de disseminar pânico moral se valeram de suas posições de poder para tentar prejudicar, mais uma vez, minha carreira e com isso se promoverem.
Muitos de vocês devem ter ficado sabendo que fui convidado para um evento em Niterói, o ID: Rio, que busca promover e valorizar, através da cultura, a diversidade sexual, de gênero e de raça no Brasil. Nós e os idealizadores do ID: Rio fomos surpreendidos por uma campanha, promovida por alguns políticos bolsonaristas, para o cancelamento do meu show, por meio de um vídeo editado e descontextualizado de uma fala minha de 2018, em que eu criticava a censura de uma peça de teatro.
Vale salientar que ganhei todos os processos relacionados a essa fala. Mesmo assim continuam de maneira sistemática as represálias e perseguições. Isso não nos espanta, afinal, mulheres, indígenas, negros e pessoas LGBTQIAP+* são os alvos prediletos e os primeiros bodes expiatórios dos promotores do pânico moral.
Nos últimos anos fomos condicionados a aceitar todos esses ataques contra as minorias e o que há de mais baixo na humanidade: fake news, milícias digitais, mercadores da fé, golpistas… Então eu vim aqui dar um recado: a gente não pode se acostumar com isso, não podemos achar que é normal, nem permitir que eles entrem em nossas mentes. Nós não vamos nos deixar intimidar.
Nós sabemos que extremistas têm medo da cultura, da arte e, no limite, das várias expressões de amor e, para que prosperem, dependem da censura, da intimidação e da eliminação de qualquer debate democrático. Dependem de espalhar ódio e pânico, através de campanhas de desinformação. Querem impor de forma violenta as próprias ideias sobre todos aqueles que pensam, se expressam e vivem de maneira diversa, coisa que atenta diretamente contra o Estado Democrático e Laico.
Os envolvidos no vídeo que culminou no cancelamento do show acabam, intencionalmente ou não, jogando água nesse moinho do desrespeito à diversidade cultural e à própria história da música brasileira, da qual tenho orgulho de ser uma pequena parte.
Sou um artista e trabalhador da cultura com mais de 20 anos de uma carreira amplamente reconhecida; atualmente minha obra possui mais de milhões de streams nas plataformas, singles de platina, de ouro, além de inúmeros prêmios, turnês nacionais e internacionais e participações nos maiores festivais. Trilhas sonoras em programas de televisão no Brasil e fora. São 20 anos de luta em que, ao contrário dos grupos políticos que me perseguem, NUNCA precisei me valer de recursos públicos para manter meu trabalho vivo e circulando. E é assim que vou continuar.
Gostaria de mandar todo meu carinho para o meu público de Niterói, que eu amo e espero poder reencontrar em breve, levando meu espetáculo com muito respeito, amor e liberdade! Tenho certeza que lotaremos qualquer espaço da cidade! Viva a Constituição Cidadã, viva o Estado Democrático e Laico. Não vamos desistir dele.
E como digo na minha música Estandarte: “da bandeira e cores que me regem, do sagrado e lei que me protegem, carrego o meu amor!”
Johnny Hooker