COMPARTILHE
Os planos de Bruno Lessa (Podemos) na disputa pela prefeitura de Niterói. O candidato da coligação “Niterói Pode Mais”, é o entrevistado do A Seguir, na sabatina que será realizada com todos os candidatos ao governo da cidade. Bruno está na política desde cedo – de berço, pode-se dizer -, é filho do ex-deputado Sílvio Lessa. Foi candidato a vereador em 2008, com 17 anos. Em 2012, foi eleito vereador da cidade, pelo PSDB. Tinha 21 anos e se tornara o mais jovem parlamentar da Câmara Municipal. Bruno se reelegeu em 2016 e teve como colegas, no parlamento municipal, Carlos Jordy (então PSC) e Talíria Petrone (PSOL) que, agora, disputam com ele a prefeitura de Niterói.
Em entrevista para o A Seguir, no seu escritório, no Ingá, ele contou que não partir para um terceiro mandato como vereador foi uma decisão pessoal. Para ele, vale o ditado: um é pouco, dois é bom, três é demais:
– É preciso renovar a Câmara constantemente – afirmou – A mudança é fundamental em Niterói e a alternância de poder é fundamental para a democracia.
Com essa decisão tomada, em 2020, ele tentou pela primeira vez uma vaga no Executivo. Foi o vice em uma chapa encabeçada por Felipe Peixoto que, nesta eleição de 2024, apoia Rodrigo Neves (PDT) na busca de seu terceiro mandato como prefeito de Niterói.
Leia mais: Petróleo vai render R$ 1 bi de royalties, por ano, para Niterói até 2028
Na Câmara, o advogado Bruno Lessa presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito dos Transportes Públicos, a CPI dos Ônibus; relatou a CPI da Ampla, atual Enel e também foi o relator do Plano Diretor.
Agora, aos 33 anos, ele encabeça uma chapa que tem a administradora Bruna Doriel (Podemos) como vice, estando à frente da coligação “Niterói Pode Mais”, formada pelos partidos PODE / PRTB / AVANTE.
Bruno Lessa disse que já sabe exatamente qual será sua primeira ação, caso seja eleito prefeito de Niterói:
– Minha primeira canetada é a reforma administrativa. Significa enviar uma mensagem para a Câmara para reduzir as atuais 63 para 25 secretarias e não prover os cargos em comissão que eu defendo que sejam cortados que é da ordem de 30%.
Eleito ou não, ele também já sabe o que vai fazer assim que a eleição terminar: vai à praia de Piratininga, praticamente, o “quintal” de sua casa, onde pretende tomar uma cerveja enquanto curte o pôr do sol.
Essa é a sétima eleição que participa. Por que quer ser prefeito de Niterói, neste momento?
Bruno Lessa: Minha decisão de disputar a prefeitura foi tomada por volta de fevereiro. Foi um momento de muita reflexão pessoal. O que me motivou ser candidato a prefeito foi oferecer, de fato, uma alternativa para o niteroiense. No cenário que se punha, até então, com as candidaturas do Rodrigo (Neves) , (Carlos) Jordy e Talíria (Petrone), uma parcela significativa da nossa cidade não se sentiria confortável para votar em nenhum dos três. Acredito que existe um sentimento de mudança, no niteroiense, com relação ao grupo político que está aí há 12 anos, liderado pelo Rodrigo e há um sentimento de cansaço desse grupo, na minha opinião. Também não enxergo, no Jordy e na Talíria, que estão posicionados nessa polarização ideológica estridente, um pouco sintomática do Brasil de 2018 para cá, alternativas com capacidade de gerir a prefeitura de Niterói. A gente precisa de alguém de centro, no campo de oposição ao Rodrigo. A gente pode derrotar o Rodrigo. Se o segundo turno for Rodrigo e eu, o debate ideológico é posto de lado e a gente passa a debater, concretamente, os problemas da cidade. Debate esse que o Rodrigo está fugindo. Tem muita coisa que me incomoda nesse grupo político liderado pelo Rodrigo.
Por exemplo
BL: Ineficiência, corrupção, mau uso do dinheiro público, o inchaço da máquina pública, incapacidade de se ter uma política educacional séria, incapacidade de se ter até hoje saúde pública decente na cidade. Muita coisa me incomoda, mas tem uma que me incomoda muito: é o sentimento que esse grupo tem de ser dono da cidade. A mudança é fundamental em Niterói, a alternância de poder é fundamental para a democracia.
Na eleição municipal passada, o senhor foi candidato a vice-prefeito, então pelo DEM, tendo Felipe Peixoto na liderança da chapa. Agora, Felipe apoia outro candidato. Como avalia esse quadro?
BL: Primeiro, eu queria muito ter sido candidato a prefeito, na última eleição. A condições daquela eleição foram complexas, por conta da pandemia. Acabei não conseguindo viabilizar minha candidatura a prefeito. Eu já tinha uma decisão pessoal tomada de não disputar um terceiro mandato de vereador.
Por que?
BL: Porque dois mandatos no legislativo está de bom tamanho. Quando o político está muito tempo em um mesmo lugar, ele trabalha mais por ele próprio do que pela população. Tem que ter um limite de mandatos também no legislativo. É preciso renovar a Câmara constantemente.
Voltando então à candidatura passada…
BL: A composição com o Felipe, naquele momento, foi natural. Ele era um nome de oposição, até então. Felipe disputou contra o Rodrigo em 2012 e 2016 e eu o apoiei nessas duas eleições. Em relação à posição dele este ano, é óbvio que é uma posição que me incomoda. Caramba, tudo o que a gente criticava no Rodrigo nos anos anteriores, milagrosamente, em 2024 mudou? Não acredito nisso e eu me mantive coerente. Acho que o governo Rodrigo é ruim, de números absolutamente medíocres. Muito marketing, muita propaganda, aliado a muitos royalties, muito dinheiro. Então, você vê de alguma forma a prefeitura na rua, mas acho que dá para fazer mais entrega do que é feito. Eu critico a posição do Felipe como também critico a posição da Juliana Benício que também foi candidata contra o Axel (Grael), na eleição passada. Não posso crer que todas as críticas, todos os problemas que eles apontavam, em 2020, foram solucionados. Muito pelo contrário.
Como avalia sua campanha até agora?
BL: Estou adorando. Estou fazendo minha melhor campanha. Sou muito bem recebido onde vou, a rua é fantástica para mim. Não recebo nenhuma crítica. Comprimento todos, inclusive os cabos eleitorais dos adversários. Nisso é engraçado, que eu encontro pessoas que ainda acham que eu sou vereador e chegam até mim para fazer alguma demanda ou reclamação da cidade. Acho que isso se deve ao fato de que eu tive mandatos muito intensos na cidade. Eu vivia muito a vida da cidade, estava em todos os cantos.
Em 2020, sua chapa obteve 7,20% dos votos, ficando em quarto lugar, dentre 9 candidaturas. Como avalia suas chances de se eleger em 2024?
BL: É um chão árido, é uma caminhada que não é fácil. Politicamente, acho que são cenários completamente diferentes. Em 2020, a gente estava em uma pandemia. O Rodrigo na pandemia foi muito habilidoso na capacidade de comunicação com a cidade. Ele criou uma sensação que ele cuidou da cidade. Sensação que eu gosto de desmistificar porque os números da pandemia em Niterói, em 2020, foram piores do que a média Brasil e a média do estado do Rio de Janeiro. Rodrigo é um comunicador muito habilidoso e concentrou nele as informações para a cidade. Além disso, a cidade por ter um fluxo de caixa bom, foram criados uma série de programas importantes, inclusive, votei a favor de vários deles, enquanto vereador. A questão é que Rodrigo é muito marqueteiro. Ele convenceu a cidade que tacar água e sabão na rua combatia o Covid. Em 2020, por conta da pandemia também não teve muita campanha. Axel não deu uma entrevista, não foi a um debate. Ele não tinha opinião sobre os assuntos da cidade. Hoje, o ambiente político é outro: de um grupo político desgastado, um governo ruim. Se fosse bom, o Axel era candidato à reeleição. Estou muito convencido que a eleição de 2024 é de apontamento de mudança. E o maior sintoma disso é que o Rodrigo tenta se vender como mudança. E eu acredito que sou o único nome para derrotar o Rodrigo no segundo turno.
E se não for para o segundo turno. Pretende apoiar algum candidato?
BL: Eu sou otimista. Só tem uma chance de não ir para o segundo turno: é ganhar a eleição no primeiro.
Mas o senhor não respondeu
BL: É, pode ser essa mesma a resposta (risos)
Quais os principais problemas de Niterói e como pretende solucioná-los caso seja eleito?
BL: Temos problemas estruturais de saúde e educação, fora isso, acho que tem duas questões graves, na cidade, que emergencialmente precisam ser cuidadas: população em situação de rua e mobilidade urbana.
Vamos falar, então, sobre população em situação de rua.
BL: Houve um aumento vertiginoso da população em situação de rua, nos últimos anos. Os números orçamentários da secretaria de assistência social são colossais. Em 2013, era de R$ 11 milhões e, agora, é de R$ 283 milhões e a gente não vê uma política efetiva em relação à população de rua. Reconheço a complexidade do problema. Não serei leviano e dizer que vamos estalar os dedos e resolver. Não é assim. Mas é preciso compreender que existem dois perfis do morador de rua. Um está na rua por conta da crise econômica, que é o perfil majoritário. Então, é preciso reinserir essa pessoa na sociedade. Primeiro, tem que ter abrigo de qualidade. Eu conheci a experiência de Florianópolis (SC). Eles fizeram um grande centro de referência onde a pessoa tem o acolhimento, o alojamento, tem lavanderia, cozinha, alimentação, espaço para o pet e tem cursos onde a pessoa aprende um ofício e a prefeitura contrata essa pessoa. E quem está na rua por conta de drogadição, eu defendo a internação involuntária.
Como seria isso?
BL: Respeitar a dimensão humana desse indivíduo é trata-lo. E ele perdeu a capacidade de optar por esse tratamento. Se a prefeitura não fizer nada em relação a isso, a gente vai estar deixando ele se matar aos poucos. Eu não consigo aceitar esse tipo de coisa. A gente precisa ajudar essa pessoa. Não quero trancafiar ninguém em lugar nenhum. A gente precisa ter Caps (Centros de Atenção Psicossocial) funcionando. Internação involuntária desde que prescrita por médicos, respeitando todas as legislações e protocolos médicos. Tem muito dinheiro na assistência social e pouco retorno. Por exemplo, Niterói só tem nove Cras (Centro de Referência de Assistência Social).
Precisa de quantos?
BL: Eu defendo triplicar.
Agora, vamos falar sobre mobilidade.
BL: Niterói é uma cidade engarrafada. Há cerca de um ano, Niterói recebeu um prêmio de mobilidade. Quem deu esse prêmio nunca veio a Niterói, surreal. Mas, enfim, também não é um problema simplório. Somos uma cidade de 133 km2 com 56% da sua área de preservação. Somos uma cidade estreita. E o niteroiense é cativo no carro. São 50 mil carros emplacados na cidade. É preciso ter um plano de mobilidade que a cidade não tem. Na Câmara Municipal, fui o relator do Plano Diretor e coloquei que tinha uma obrigatoriedade de fazer o Plano de Mobilidade e a prefeitura descumpriu.
Qual a importância do plano?
BL: É pensar a mobilidade como um todo. O problema do atual governo é pensar pontualmente as questões de mobilidade. Faz a transoceânica. Claro que o túnel é uma grande obra, mas qual a sequência? Agora defendem o VLT no Barreto. Acho que o VLT é algo em algum momento a se perseguir mesmo, mas e aí, é Barreto – Centro? Como a cidade dialoga com isso?
Mas quais são, concretamente, suas propostas para a questão da mobilidade?
BL: São três pontos fundamentais. O primeiro, é melhorar o sistema de transporte urbano da cidade. Eu defendo revisão do valor tarifário. Acho que a gente tem capacidade de redução tarifária, sem necessidade de subsídio.
Tarifa zero?
BL: Não, sou contra. Não sou candidato para vender terreno na lua. Tarifa zero custa R$ 400 milhões por ano. A gente só discute isso porque a cidade tem royalties. Não é política pública inteligente pegar uma receita transitória, finita, e colocar em uma política pública que se pretende permanente. É uma proposta ruim, mas eu sei que dá voto.
Voltando para as propostas para a questão da mobilidade, quais são os três pontos?
BL: Defendo uma revisão do valor da tarifa e é fundamental uma coisa que vou fazer: licitação em separado da bilhetagem eletrônica. O negócio da empresa de ônibus é transportar as pessoas; bilhetagem é um negócio financeiro, têm que ser apartados. Dessa forma, vai fazer com que o sistema de transporte tenha dados concretos que hoje a gente não tem. A médio prazo, pagar passagem em Niterói deverá ser feita apenas por meio eletrônico. Quem opera o RioCard hoje? A Fetranspor (Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do RJ), inclusive com os ganhos financeiros com o dinheiro que fica lá aplicado. Então, o primeiro ponto é melhorar o transporte público municipal reduzindo o valor da tarifa; melhorar o conforto da frota e acabar com a sobreposição de linhas. O segundo ponto é compreender onde é possível melhorar o sistema viário de Niterói. Tem gargalos no trânsito da cidade. Exemplo, rua Marechal Deodoro com Marquês do Paraná. Aquele sinal é uma porcaria, você demora, na hora do rush, 30 minutos para descer a Marechal Deodoro. Ali cabe um pequeno mergulhão. O terceiro ponto é ser ousado. Eu acredito no VLT, mas acredito também em uma saída da Região Oceânica para o centro da cidade sem passar pela zona sul de Niterói. Isso já foi chamado de Linha Azul, que o Rodrigo propôs no primeiro mandato. É feita utilizando a Washington, Luiz, a RJ-100, a passagem do Caramujo para o Morro do Castro. Evidente que isso só pode ser feito após um estudo meticuloso. Também pretendo incentivar o uso de bicicleta. Niterói tem distâncias pequenas e uma parcela da população se dispõe a fazer uso da bicicleta no seu dia-a-dia.
Sua coligação tem 43 segundos no horário eleitoral gratuito. Acredita que isso traz desvantagem para sua candidatura?
BL: O problema do programa eleitoral não é o tempo. Eu fiquei satisfeito com os programas que gravei dentro dos 43 segundos, a gente convida o eleitor a conhecer nosso programa de governo. O problema que me prejudica, e a todos os candidatos e o próprio processo eleitoral – exceto o Rodrigo que não está interessado em fazer campanha, parece que ele quer ser nomeado prefeito – o problema é o canal de TV que passa. A TV Brasil não é um canal de muita audiência. Acho que quando o eleitor se toca que está chegando a hora de votar e vai buscar informação, ele vai na internet e não na TV.
No seu “Programa de Governo Niterói Pode Mais”, o senhor propõe o fim da Emusa e a criação de um novo organismo da administração indireta para cuidar da infraestrutura urbana. Isso não é trocar seis por meia dúzia?
BL: Não é. Defendo a extinção da Emusa porque ela virou sinônimo de corrupção, mas também porque a organização administrativa da cidade em relação a obras e conservação é ruim. Tem Emusa, secretaria de Obras e secretaria de Conservação. Por exemplo, a secretaria de Conservação toca o asfalto da cidade, só que a Emusa tem um departamento de pequenos reparos que faz o tapa buraco. Administrativamente, essa divisão está mal feita. Entendo que quem faz a obra também deve ser responsável por mantê-la. A divisão do serviço público, em Niterói, é feita não por uma lógica administrativa, mas política. Então, defendo o fim da Emusa e da Seconser – vamos reduzir de mais de 60 secretarias para 25 – e a criação de uma nova unidade administrativa que reúna tanto a zeladoria e conservação da cidade quanto as obras públicas.
O senhor também está propondo a criação de uma representação de Niterói em Brasília. Por que?
BL: São 46 deputados federais e 3 senadores do Rio de Janeiro, fora os ministérios, bancos públicos, outros organismos não governamentais que estão em Brasília. O que eu defendo é que Niterói tenha uma política de relação de buscar mais parceiros. Niterói só não faz isso porque a gente recebe muito dinheiro do petróleo. Niterói está muito autossuficiente com o dinheiro do petróleo e não tem buscado outras fontes de financiamento para as políticas públicas. Só que o dinheiro do petróleo não pode significar a maldição do comodismo. Esse dinheiro um dia vai acabar. A ideia não é criar uma secretaria em Brasília, é um escritório de representação onde vai trabalhar uma equipe técnica da prefeitura captando recurso. A gente defende também a ampliação da relação da cidade do ponto de vista internacional. Queremos divulgar Niterói para o mundo. A gente não pode se acomodar com dinheiro de royalties que é o que essa gestão está fazendo.
O senhor está se propondo a já no primeiro ano de governo, zerar a fila de vagas na pré-escola. Como pretende fazer isso?
BL: Isso é muito caro para mim. Vamos ampliar significativamente o número de vagas comprando vagas na rede particular.
Mas isso já é feito.
BL: É feito, mas em uma dimensão pequena. Precisamos ampliar. O objetivo é zerar a fila em um ano, isso é compromisso meu. E ao longo dos quatro anos, vamos construir 20 novas Umeis. Com isso, no fim do mandato, tem toda a demanda absorvida pela rede. Sem mais necessidade dos convênios.
Na saúde, qual sua principal proposta?
BL: Saúde é o pior serviço público prestado pela prefeitura de Niterói. O Previne Brasil, que é um indicador do Ministério da Saúde , dos 5.565 municípios do país, em atenção básica, Niterói está na posição 5.221. Então, estamos muito mal. Isso é uma tristeza para nós niteroienses porque o Médico de Família nasceu aqui, em 1990, no Preventório (Charitas). O programa Médico de Família, que hoje está presente em todas as cidades do Brasil, tem o DNA niteroiense. Aqui, a cobertura do Médico de Família caiu de 60% para 42%. Então, o que defendo: é preciso ter um centro de imagem na cidade, urgentemente. Um exame simples demora meses, anos, para ser feito. Defendo fazer o centro de imagem onde era o hospital Santa Mônica (Santa Rosa).
Esse terreno não é do estado?
BL: É do estado. Temos uma coisa em Niterói que é positivo e negativo ao mesmo tempo. Temos muitos imóveis do estado que estão parados, o que é negativo. Mas é positivo porque é uma oportunidade que a gente tem de trazer esse imóvel para Niterói e dar uso para ele. O estado, como não está em um momento financeiro confortável, o que puder abrir mão de imóvel, para ele é bom. Para isso, basta ter relação política. Falta humildade para os nossos gestores. É bater na porta do governador e dizer “preciso da sua ajuda”.
Mas o governador do Rio de Janeiro não olha com esse carinho todo para Niterói. Ele olha bastante para o município vizinho que é do mesmo partido dele.
BL: O governador olha com carinho para os 92 municípios do estado. É uma questão de ter capacidade de articulação política, de pedir ajuda. Até que ponto nós estamos pedindo para ele investir na cidade? Acabou a eleição, acabou disputa política, os entes têm que trabalhar em conjunto. A atual prefeitura não se articula porque se acha muito autossuficiente.
Acha que nesse ponto de articulação com o estado o senhor sai na frente por já ter feito parte do governo Claudio Castro?
BL: Sim, acho que saio na frente por já ter feito parte do gabinete do governador. Tenho o maior respeito pelo governador Claudio Castro; foi uma alegria trabalhar por um ano ao lado dele auxiliando na relação com as prefeituras, que era o que eu fazia, que era um trabalho técnico. Evidentemente, enquanto niteroiense, busquei trazer coisas positivas para Niterói e fomos bem-sucedidos. Conseguimos a reforma do ginásio, da piscina e construção da piscina infantil do Caio Martins, equipamento que estava parado e a gente conseguiu reabrir. E também a reforma da maternidade do Azevedo Lima, que ficou de primeira. Tenho muito orgulho da maternidade que foi construída lá. Como a prefeitura fechou o Alzira Reis para reforma, o niteroiense que nasce pelo SUS, nasce no Azevedo Lima.
Eleito prefeito, municipaliza o Caio Martins?
BL: É um caminho a municipalização do Caio Martins. Acho que a prefeitura tem a maior capacidade de investimento corrente, hoje, do que o estado, falando percentualmente do total do orçamento. É um caminho que tem que ser feito com diálogo e transparência. O estádio do Caio Martins ficou concedido a um clube de futebol, que é o Botafogo, durante muito tempo e a gente compreende que a concessão para um clube , hoje, não é o melhor modelo porque aquilo é um patrimônio da cidade e precisa ser utilizado pelo niteroiense.
Estávamos falando sobre saúde. O senhor já falou sobre todas as suas propostas?
BL: Não, vou continuar. Também defendo a criação de um centro de especialidade, em outro prédio do estado que é o Iaserj (Centro). A gente tem que perder a mania de construir tudo do zero. Tem coisa abandonada, faz uma reforma e põe para funcionar. Enquanto não constrói o centro de imagem, vamos usar um programa que deu muito certo na prefeitura de São Paulo que é comprar a vaga no hospital particular remunerando pela tabela SUS. O terceiro ponto é a universalização do Médico de Família, isso é fundamental. E não tem jeito, é concurso, é contratar médico, mas não esse concurso mequetrefe que a prefeitura fez pagando um salário ruim para o médico que não teve um inscrito.
Vamos falar, agora, sobre segurança. Quais suas propostas para essa área?
BL: Tenho a proposta dos totens de segurança, que é uma espécie de botão do pânico, que ficarão instalados em alguns lugares, conectados em um aplicativo. Esse aplicativo estará ligado com a Central. Tem que transformar o Cisp (Centro Integrado de Segurança Pública de Niterói) em um grande centro de inteligência. O Cisp, hoje, tem pouca capacidade de atendimento porque tem pouca câmera. Vamos aumentar significativamente o número de câmeras. Não pode ter menos do que 2 mil. Hoje temos cerca de 600, mas em operação apenas 280, se não me engano. As câmeras estão instaladas, mas não estão em operação por questões de contrato, ou seja, uma questão de burocracia aliada com profunda incompetência. Tem que criar os portais de segurança na entrada e saída da cidade. Também acho importante o aumento do efetivo da guarda municipal para mil guardas.
Esse aumento é por concurso?
BL: Sim, concurso. Temos uma guarda qualificada, os guardas de Niterói são bons. A prefeitura pode ajudar muito na vigilância da cidade, na sensação de polícia de proximidade com o cidadão. E eu defendo a retomada da direção do Segurança Presente para o município.
Por que?
BL: Porque é o que no niteroiense quer. O morador se sente mais seguro se o Segurança Presente estiver ligado diretamente ao gabinete do prefeito. Reconheço no Segurança Presente um grande programa. Os índices de criminalidade da cidade reduziram. O programa era bom com a gestão da prefeitura e continua sendo muito bom com a gestão do governo do estado. A questão é que o niteroiense se sente mais confortável se o programa tiver uma gestão municipal e eu, enquanto prefeito da cidade, vou defender aquilo que eu acredito que o niteroiense quer.
Qual o papel que a sua vice, Bruna Doriel, terá no seu governo, caso seja eleito? Ela vai atuar em alguma área específica?
BL: A Bruna é um grande nome, tem sido uma grande companheira de chapa. Ela trabalhou durante muitos anos em uma obra social da igreja dela. Ela tem um olhar muito voltado para o social e a participação dela no governo vai ser voltada para os que mais precisam. E claro, a função precípua do vice é substituir o prefeito, caso haja qualquer eventualidade, e eu acho que ela está preparada para isso. Nós vamos governar a cidade juntos.
Caso seja eleito, qual será sua primeira ação como prefeito de Niterói?
BL: A primeira canetada é a reforma administrativa. Significa enviar uma mensagem para a Câmara para reduzir as atuais 63 para 25 secretarias e não prover os cargos em comissão que eu defendo que sejam cortados que é da ordem de 30%. Isso é importante ser feito logo em janeiro, no início do governo, porque vai gerar uma economia significativa de recursos para poder planejar o primeiro ano de governo. E no nosso primeiro ano de governo, temos o compromisso de zerar a fila da creche; a fila por cirurgia e exame na rede municipal e de fazer o Plano Municipal de Drenagem Urbana, que também é obrigação estabelecida no Plano Diretor. Feito o plano, nos três anos seguintes, ano a ano, vou colocar 5% da receita corrente liquida em infraestrutura para a cidade parar de alagar. Não vou resolver o problema do alagamento no dia primeiro, mas vou startar o processo.
Acabou a eleição, venceu ou não venceu, aonde o niteroiense Bruno Lessa vai para recompor as energias e curtir Niterói?
BL: Praia de Piratininga, tomando uma cervejinha gelada. Na segunda-feira depois da eleição, vou na praia dar um mergulho e, no final do dia, ver aquele pôr do sol maravilhoso.
COMPARTILHE