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Bem TV: educação e comunicação na vida dos jovens das periferias de Niterói

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Conheça a história da organização que atua há 29 anos na cidade e superou as dificuldades da pandemia com um novo projeto em 2021
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Exposição de formatura do Olho Vivo, 2018. Site Bem TV.

O que começou como um projeto universitário, se transformou em uma instituição de educação e comunicação popular. Ponto de Cultura desde 2018, pela Lei Cultura Viva (Lei 3.345/2018), a Bem TV é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos, que trabalha desde 1992 com mídia e educação junto a adolescentes e jovens de territórios vulneráveis de Niterói e São Gonçalo.

Seu último projeto, a Agência de Comunicação Popular Jovens Comunicadores, propõe um novo olhar sobre os acontecimentos da cidade, e vai passar exibir seu conteúdo também no A Seguir: Niterói. Conheça um pouco da história da organização, que vem contribuindo para a formação de jovens niteroienses há quase 30 anos.

Coração de Estudante

Segundo uma das fundadoras, Márcia Correa e Castro, a ideia inicial surgiu em um encontro nacional de estudantes de comunicação, no começo dos anos 1990, quando ela era aluna na Universidade Federal Fluminense:

– Quando a gente começou a pensar a Bem TV, a ideia era simplesmente devolver à sociedade o investimento que a sociedade fazia na gente, estudante de universidade pública. O único capital que a Bem TV tinha era a vontade de fazer alguma coisa.

Literalmente. De início, até o telefone da organização era o telefone da própria Márcia. Levou alguns anos até conseguirem ter uma sede. Com o primeiro financiamento importante, conseguiram adquirir a primeira câmera do projeto, que serviu para conseguir mais recursos para a TV Comunitária em ascensão.

– Começamos a fazer casamento, evento… Tudo para conseguir dinheiro para financiar o projeto.

Em 2003, com um grande apoio de dois financiamentos de peso, do BNDES e do Instituto C&A, deram início ao projeto Olho Vivo, com cursos de fotografia e audiovisual para um público de 15 a 29 anos:

– A ideia da gente era usar as ferramentas de comunicação para mobilizar as pessoas em torno de causas importantes para aquele coletivo.

Foto feita na Oficina de Fotografia Olho Vivo, no C.E. Guilherme Brigs. Site Bem TV.

De lá para cá, o leque de atividades da Bem TV só cresceu, ampliando sua incidência em territórios de favela e periferia, e sua importância no combate ao racismo e à desigualdade social em Niterói.

Atualmente, possui um conselho diretor que toma decisões conjuntas sobre os próximos passos da instituição, que integra a Frente Papa-Goiaba de Promoção dos Direitos da Juventude Negra.

Divulgação Bem TV

O Olho Vivo foi vencedor nacional do Prêmio Itaú UNICEF em 2007 e 2017 (categoria médio porte), e semifinalista do Prêmio Cultura Viva em 2007, 2009 e 2010. Atualmente, também oferece uma oficina de desenvolvimento de aplicativo para celular, em escolas públicas parceiras.

Formatura de turma do Olho Vivo de 2019. Site Bem TV

Em 2018, como desdobramento desta ação, o trabalho da Bem TV é reconhecido pela Secretaria Municipal de Cultura e Ministério da Cultura como Ponto de Cultura. No fim daquele ano, a organização começa a desenvolver o projeto de pesquisa A Incidência do Racismo Sobre a Empregabilidade da Juventude Negra de Niterói e São Gonçalo, publicado em 2019.

Márcia Correa apresentando o relatório da pesquisa na Câmara Municipal de Niterói. 25/09/2019

Leia Mais Niterói ganha Observatório de Promoção da Igualdade Racial

Jovens Comunicadores – Comunicação e Saúde na pandemia

Com a pandemia da Covid-19, o curso do Olho Vivo que começaria no primeiro semestre de 2020 teve que ser adiado por tempo indeterminado, e conforme o tempo foi passando, a coordenação da Bem TV percebeu que precisava começar a pensar em como dar continuidade às atividades dentro da nova realidade, pois novos problemas começaram a surgir, como insegurança alimentar e interrupção do calendário escolar.

Foi a partir dessa urgência que surgiu o projeto Jovens Comunicadores – Comunicação em Saúde, que formou incialmente 80 jovens para produzir conteúdo informativo sobre a pandemia, enviado para centenas de contatos via aplicativo de mensagens. Com o sucesso da primeira turma, o projeto foi expandido para atender 500 jovens, que receberam uma bolsa para participar da ação entre julho e outubro.

Ao fim do projeto, a coordenação decidiu que não era hora de interromper o trabalho, e decidiram formar uma agência de notícias feita pelos próprios participantes do projeto Jovens Comunicadores. Em março, a Agência publicou seu primeiro conteúdo, sobre cultura do cancelamento e seus malefícios para a saúde mental.

Agência Jovens Comunicadores

Segundo o coordenador da equipe de Artes e Fotografia Matheus Magalhães, a Agência Jovens Comunicadores possui 32 pessoas na equipe, que se divide em áreas de trabalho: texto, audiovisual e podcast, imagem, e redes sociais. Suas pautas vão de encontro aos interesses do grupo e do território onde os participantes moram.

O próprio instrutor já participou de cursos e trabalhou em projetos da Bem TV. Seu primeiro curso de fotografia foi em 2013, quando tinha 18 anos:

– Foi muito bom, com professor Marcello Valle, que é brilhante. A partir disso, eu não saí mais do campo da comunicação, especialmente comunicação visual. Hoje, sou fotógrafo, e coordeno o grupo de Artes e Fotografia da agência.

Ele explica que as pautas de interesse da Agência são as do universo dos próprios participantes:

– Pautas que nos interessam são pautas que tem a ver com território, principalmente território dos meninos, e do universo deles. Eles estão pesquisando muito sobre dificuldade de acesso à internet, que dificulta a estudar, por exemplo.

E o que espera da parceria com o A Seguir: Niterói?

– Acho que vai ser uma troca de experiência e uma possibilidade bem bacana, principalmente por já ser uma coisa mais sólida, com profissionais da área.

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