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Arthur Kampela apresenta show que mistura música instrumental e tecnologia

Por Livia Figueiredo
| aseguirniteroi@gmail.com

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Espetáculo será no Centro Cultural Justiça Federal na terça (17) e quarta-feira (18), às 19h
arthur kampella
Compositor e violonista carioca Arthur Kampela apresenta “Simulacrum Violão”, concebido por Giuliano Obici. Foto: Reprodução/Internet

Uma dose de música instrumental contemporânea, outra de tecnologia e um arsenal de elementos audiovisuais. Essa é a proposta do Simulacrum Violão, em cartaz na próxima terça-feira (17) e quarta-feira (18), no teatro do Centro Cultural Justiça Federal, no Centro do Rio.

O espetáculo começa às 19h e traz aos palcos o compositor e violonista carioca Arthur Kampela, acompanhado do artista e professor da UFF Giuliano Obici.

Os ingressos estão a venda pela plataforma Sympla. R$ 60 (Inteira) e R$ 30 (Meia).

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– A concepção por trás deste “simulacrum” é a de criar uma interface entre músicos ao vivo que reagem a gravações e vídeos de músicos pré-gravados em vídeo, também concebidos como “avatares digitais”. Porém, todo o espetáculo está em sua maioria focado em minhas composições para o violão e para violão e voz. Resolvemos desconstruir tanto a maneira de apresentar minhas peças solistas (para o violão solo) como minhas peças cantadas de influência mais pop (MPB) onde uso técnicas de colagem para narrar os acontecimentos. Isto dá margem para muitas intervenções eletroacústicas e visuais, enfatizando o contexto fragmentário da canção – explicou Kampela.

Em entrevista ao A Seguir, o violinista fala sobre o processo de concepção do espetáculo, como foi seu primeiro contato com Giuliano Obici – originalmente concebeu a série de espetáculos nomeada de “Simulacrum” – e como será o encontro da tecnologia com a música instrumental.

Confira abaixo:

A SEGUIR: NITERÓI: Como foi o processo de concepção desse espetáculo?

ARTHUR KAMPELLA: Todo o espetáculo está em sua maioria focado em minhas composições para o violão e para violão e voz. Resolvemos desconstruir tanto a maneira de apresentar minhas peças solistas (para o violão solo) como minhas peças cantadas de influência mais pop (MPB) onde uso técnicas de colagem para narrar os acontecimentos. Isto dá margem para muitas intervenções eletroacústicas e visuais, enfatizando o contexto fragmentário da canção.

– Como será feito o diálogo entre a música contemporânea e a tecnologia? Quais seriam seus pontos de interseção?

Neste concerto, haverá duas televisões estacionadas no palco do teatro ladeando o intérprete, no caso eu, Arthur Kampela. Não só reagirei aos músicos que tocam outros instrumentos e foram pré-gravados/filmados num estúdio (Vicente Alexim, no Clarone, e Andrea Ernst Dias, nas flautas) mas reagirei à minha própria imagem que será também projetada nas telas de vídeo e manipulada ao vivo pelo Giuliano Obici.

A diferença aqui, é que quando eu sou o meu próprio “avatar” eu interajo com o que acabo de tocar ao vivo e contra as manipulações de som e imagem que o Giuliano joga na cena. Assim, este processo de multiplicação do intérprete/compositor/técnico será claramente percebido pelo público.

Os pontos de intercessão entre o intérprete ao vivo e os avatares gravados, se dariam a partir da distorção do som original. Ou seja, a primeira concepção da música, vista como algo composto e contendo uma forma fixa, seria redimensionada quando eu mesmo reajo ao que eu acabei de tocar, transformando o que era um todo conceitual e acabado numa outra coisa. Desta maneira há um processo sutil, sub-reptício, de dessacralização, da ideia de “obra acabada e inalterada”. Pois nada está finalizado na verdade! Apenas interrompido, eu diria.

– Em relação ao repertório do show, o que o público pode esperar? Pode citar algumas músicas?

Quanto ao repertório do show, ele consistirá, como disse antes, em obras que compus para o violão solo (como meus Percussion Studies) e para o violão e a voz, com minhas peças de música popular de vanguarda… haverá também muita improvisação com os vídeos pré-gravados usando para isto o violão e uma viola de orquestra.

Posso citar de meu disco a peça “Itinerário de um Baixista sob a Noite Sul-Americana” uma peça fragmentada, que narra as peregrinações noturnas de um baixista pela cidade do Rio de Janeiro.

Tocarei também alguns de meus Percussion Studies pra o violão solo basicamente os estudos 1, 2 e o 4. Fora isto, como parte significativa da concepção dos Simulacrum o Giuliano fará uma improvisação com telefones celulares gravando minha performance e projetando-a no espaço. E para isto, teremos a participação do grupo SOMA de Soundart, por ele criado.

– Como foi seu primeiro contato com Giuliano Obici?

Nos conhecemos em Berlim em 2012-14. Ambos estávamos envolvidos com um importante órgão de cultura do Alemão, o DAAD. Como éramos Brasileiros em Berlim, foi fácil nos entendermos e nos comunicarmos. O Giuliano veio a alguns de meus concertos onde apresentei minhas obras como o Ensemble KNM de Berlim, e e eu frequentei a TU que é um centro de estudos avançados de Música eletroacústica onde ele estudava e onde ouvimos concertos acusmáticos.

De lá pra cá ficamos em Contato. Depois da Alemanha, eu voltei pra New York onde morava na época, e o Giuliano veio para o Brasil e começou a lecionar na UFF. Em 2018 vim para o Rio de Janeiro para ser professor visitante de composição na UniRio e reatamos nossa amizade e contato desde então… E começamos a orquestrar algo pra fazermos em parceria. Esta é a história…

– O espetáculo é um desdobramento do Simulacrum Piano. O que foi incorporado nesse espetáculo, especificamente?

O Simulacrum piano e o Simulacrum Chamber Music ambos concebidos pelo Giuliano quando ainda estava na Europa, é uma tentativa de criar uma nova maneira de apresentar sons sem que eles estejam necessariamente vinculados à uma presença real. Desta maneira, o intérprete pode ser multiplicado e manipulado ao vivo, gerando outras perspectivas visuais e auditivas para cada instrumentista e instrumento sendo manipulado.

Na verdade, é a possibilidade de um desdobramento da própria idéia de manipulação, onde instrumento e intérprete são simultaneamente distorcidos e ampliados em plataformas e espaços divergentes. Neste espetáculo, concebemos a ideia de trabalharmos um repertório que seria normalmente apresentado de forma unidirecional (ou seja, o intérprete toca e canta para um público à sua frente) acrescentando outras ângulos de visão e escuta.

A música passou a ser não o fim do que será apresentado, mas o condutor de uma totalidade, que não se limita só ao som. A amplificação da imagem e da perspectiva embutida no ato de tocar e de interpretar. Na verdade, queríamos “interpenetrar” a ideia de apresentação enquanto algo não fechado em sua forma e totalidade.

– Quais são os elementos audiovisuais que serão apresentados?

Vídeos pré-gravados, interferências visuais e eletroacústicas de minha performance. E claro, minha presença física tocando instrumentos e a do Giuliano no palco controlando os computadores.

Sobre os artistas:

Arthur Kampela é compositor, violonista, cantor e artista da performance. Doutor em Composição pela Universidade de Columbia, foi artista residente do DAAD Berliner Künstlerprogramm de 2012 a 2013. É um dos poucos compositores brasileiros a ter sido comissionado pela Filarmônica de Nova York (2009) e vencedor do Prêmio Guggenheim de Composição (2014).

Sua trajetória inclui conquistas importantes na América do Sul como o Prêmio Rodrigo Riera (1995), da Venezuela, e o Lamarque-Pons (1998), do Uruguai, ambos voltados para a composição para o violão. Recebeu ainda outros prêmios relevantes de composição nos Estados Unidos, incluindo o Koussevitzky Foundation e Fromm Music Foundation de Harvard. Nasceu no Rio de Janeiro e vive em Nova York.

Giuliano Obici tem formação em artes, comunicação e psicologia. Diretor do SomaRumor: Encontro Latino Americano de Arte Sonora. É autor do livro “Condição da Escuta: mídias e territórios sonoros”. Tem apresentado seu trabalho ao redor do mundo em festivais, galerias, museus, residências artísticas e universidades. Recebeu prêmios e bolsas de pesquisa, incluindo o Giga-Hertz-Preis do Centro de Arte e Mídia (ZKM – Karlsruhe). Nasceu no Paraná e vive no Rio de Janeiro.

Serviço:

Datas: 17 e 18 de dezembro (Terça e Quarta-feira)
Horário: 19h

Local: Centro Cultural Justiça Federal (Teatro)
Endereço: Av. Rio Branco, 241 – Centro, Rio de Janeiro

Ingressos: R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia-entrada)
Disponíveis para compra no Sympla: https://linktr.ee/simulacrumviolao

Duração: 60 minutos

Classificação: Livre

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