13 de janeiro

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Após atingir a marca de 100 mil visitantes, MAC planeja exposição em homenagem a Paulo Gustavo

Por Livia Figueiredo
| aseguirniteroi@gmail.com

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Em conversa com o A Seguir, diretor do museu, Victor de Wolf, fala dos próximos passos do museu, cada vez mais pop e diverso
MAC externa
O MAC visto de fora. Foto: Divulgação

Com 28 anos de existência, o Museu de Arte Contemporânea (MAC), em Niterói, conquistou um feito inusitado, definido pela própria diretoria do Museu como um recorde histórico: a marca de 100 mil visitantes.

Não foram as pinturas, as instalações artísticas, e muito menos a inteligência artificial que colaborou para esse número. Foi o Festival de Lanternas de Jinju, ou melhor, as luzes da Coreia que arrastou 100 mil cabeças para o museu.

A exposição “Luzes da Coreia”. Foto: Divulgação

Imagens no túnel formado pelas centenas de lanternas coreanas compartilhadas em diversos perfis de redes sociais não deixam mentir.

Além de um público local, formado por moradores da cidade, o museu foi muito frequentado por turistas do estado do Rio de Janeiro e de outros locais do país.

Personalidades como o jogador da NBA Jaylen Brown, os atores Mateus Solano e José Loreto e os digital influencers também marcaram presença. Até o embaixador da Coreia do Sul, Ki-Mo Lim foi conferir a exposição, conquistando os corações dos brasileiros ao cantar clássicos da música nacional durante a abertura da exposição.

Junto de instalações, fotos e vídeos da cidade e do Festival Jinju Namgang Yudeung, a exposição também trouxe elementos que constituem a cultura coreana, como a presença do mascote de Jinju, a lontra Hamo, de 3 metros de altura, com os Hanboks e vestimentas tradicionais da Coreia.

A cultura como vetor do desenvolvimento do turismo. Um alicerce que forma pontes e ajuda a resgatar o que ficou perdido com o esvaziamento dos museus provocado pela pandemia. Essa foi a premissa da exposição e a aposta do MAC para conquistar um público que não tem na rotina o hábito de frequentar exposições, de consumir cultura.

O A Seguir conversou com o diretor do MAC Victor de Wolf, que está há quatro anos a frente do museu, para falar sobre as razões do recorde histórico, o perfil dos visitantes, cada vez mais plural e diverso nas suas origens e nos seus comportamentos, e sobre a composição do acervo do MAC.

– Além de ser um símbolo da cidade, ele contribui efetivamente pra cidade e pras artes. O MAC hoje é um museu de arte contemporânea e dos debates contemporâneos – destacou Victor.

Foto: Divulgação

Ele anuncia, em primeira mão, as próximas exposições: uma sobre o  processo de criação de um desfile campeão do carnaval, com Alafiou Viradouro, junto com o carnavalesco Tarcísio Zanon, e a outra no início do ano que vem que pode se tornar uma das exposições mais visitadas na série histórica do museus: essa homenagerá o ator Paulo Gustavo, que além de ser essa figura tão marcante e morador da nossa cidade, também foi um grande colecionador de arte contemporânea.

Confira a entrevista abaixo:

A SEGUIR: NITERÓI: A que você atribui esse recorde histórico de visitas no MAC?

VICTOR DE WOLF: Acredito que esse público recorde que tivemos se deu por vários motivos, foi uma construção ao longo dos últimos anos. Vivemos um período difícil no pós pandemia. Em todo o mundo os museus demoraram longos períodos para reestabelecer seu público e no MAC não foi diferente.

Mas, sem dúvida, a exposição Luzes da Coreia, com a curadoria da Ana Claudia Guimarães, foi decisiva para este recorde. Temos pensado uma programação no museu que atraia diversos públicos, combinando exposições mais conceituais, com uma diversidade de artistas e linguagens.

Ano passado já tínhamos quebrado o recorde mensal com a exposição do Toz Viana e esse ano com Luzes da Coreia todos os recordes foram batidos.

A cultura coreana tem feito um enorme sucesso no país e foi o “carro chefe” dessa quebra de recorde. Acreditamos que esse diálogo com as mais diferentes culturas funciona para o público e agradecemos muito ao governo Coreano e a Ana Claudia Guimarães por terem proporcionado isto à cidade de Niterói. E, para nós, isso é muito importante.

Um museu só existe na sua totalidade, quando o público acessa quebra recorde, não é só uma questão de números, é perceber o museu vivo.

– Qual o perfil dos visitantes do Museu? Qual a faixa etária ou classe social que mais frequenta o MAC?

Nosso público tem um perfil muito variado e, nos últimos anos, vimos ampliar ainda mais essa diversidade. O MAC recebe muitos turistas, de diversas nacionalidades: americanos, franceses, japoneses, sul americanos, entre outros.

Somos um museu internacional e o turista que vem à cidade, sem dúvida faz uma parada no MAC e esse é um trabalho importante, por isso temos funcionários treinados para receber bem o turista.

Além disso, toda a sinalização do museu e das exposições é trilingue (português, inglês e espanhol). Os moradores da cidade também vêm crescendo nos últimos anos.

O museu é gratuito sempre para quem nasceu e/ou reside aqui e pensamos na curadoria, no tempo de cada exposição, pensando no retorno do morador da cidade que estava um pouco afastado do dia a dia do museu. Recebemos muitas escolas de todas as cidades do Rio de Janeiro e esse público também cresceu nos últimos anos.

O mais importante quando começamos esse trabalho, há quatro anos, foi pensar o público que não entrava no museu, o “não público” e desenvolvemos um trabalho de formação de equipe, de contratação de novas pessoas, pensando em cada vez mais ser um museu para todos e não focado apenas no turista ou aqueles que já vão a museus de arte contemporânea.

Queremos receber bem todo mundo, seja uma pessoa do asfalto ou da favela, branca ou preta, LGBT ou não. Estamos buscando construir um museu diverso, que respeite as pessoas e que os mais variados públicos se vejam representados nas exposições e nos eventos do museu.

Exposição fotográfica “Das Cinzas Voltar, nas Cinzas Vencer, Viradouro de Alma Lavada”. Foto: Divulgação

– O que constitui o acervo do MAC? O que as mostras costumam retratar?

Temos um acervo muito rico, tanto com a Coleção João Sattamini, quanto da Coleção própria do museu. São centenas de obras de artistas contemporâneos brasileiros. Não trabalhamos com o conceito de uma exposição fixa. São sempre exposições temporárias que, normalmente, duram 3 meses.

Normalmente temos, ao longo de um ano, doze exposições no museu (acredito que somos hoje o museu que mais realiza exposições em um ano no Estado do Rio). E assim também funciona com a nossa coleção.

– Quando é escolhida a temática das exposições? Vocês tem um período específico?

Decidimos a temática e a curadoria no ano anterior, sempre em setembro, e apresentamos ao Conselho Deliberativo do museu que avalia e ajusta as propostas. Elas estão sempre alinhadas com o Plano Museológico, onde buscamos o diálogo com os temas da atualidade, com os debates contemporâneos.

Então, você poderá encontrar exposições sobre questões ambientais, sobre democracia, sobre questões da diversidade. E, outras vezes, sobre a própria coleção, trazendo ao público uma visão do museu sobre os processos de construção do seu acervo (como a exposição em cartaz “Entre Esculturas e Objetos, capítulo II).

O MAC à noite. Foto: Divulgação

– Quais são as próximas exposições? 

Esse ano ainda vamos inaugurar duas exposições, uma do artista niteroiense Cesar Coelho Gomes (inaugura nesse sábado, 7/12), com curadoria de Marcus Lontra, e outra sobre o processo de criação de um desfile campeão do carnaval, com Alafiou Viradouro, junto com o carnavalesco Tarcísio Zanon.

Essas duas exposições marcam a transição para o próximo ciclo expositivo, que inaugura em março de 2025.

Ainda não podemos anunciar todas as exposições, mas dando um spoiler, podemos dizer que vamos abrir o ano com uma linda homenagem ao Paulo Gustavo que além de ser essa figura tão brilhante da nossa cidade, também foi um grande colecionador de arte contemporânea e com a nossa coleção faremos uma homenagem a Nelson Leirner, que em março faz cinco anos que nos deixou.

Manteremos a proposta curatorial de trazer artistas niteroienses, sem perder o diálogo com a arte contemporânea internacional. Então, estão previstas exposições de artistas sul americanos, europeus e asiáticos, além de mantermos a diversidade com exposições de arte digital, pinturas, esculturas, entre outras.

– Há previsão de algum evento em formato mais inusitado nos próximos meses?

Essa não posso dar spoiler, mas vamos discutir ainda esse ano com o Conselho do museu os próximos passos.

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