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A Páscoa do entretenimento: lojas apostam em chocolates com brindes criativos e inusitados

Por Livia Figueiredo
| aseguirniteroi@gmail.com

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A Seguir: Niterói visita as lojas tradicionais para ver as tendências do setor; Supermercados apostam mais em bombons e barras de chocolate do que nos ovos de chocolate
ovos americanas
Lojas Americanas, em Icaraí, na Rua Gavião Peixoto, tomada pelos ovos de Páscoa, apesar da crise. Foto: Livia Figueiredo

Fone de ouvido, garrafa térmica, pochete, travesseiro para viagens, bola, massinha de modelar e… kit Xbox. O que todos estes produtos têm em comum? Difícil dizer, mas talvez a proximidade de uma data aguardada por grande parte do público dê uma pista: todos “cabem” num ovo de páscoa. Quer dizer, são brindes dos ovos de páscoa.

Faz tempo que os ovos de páscoa já não se resumem a chocolates. O que mais tem chamado a atenção nessa época do ano é o adereço que vem acompanhado do chocolate. A aposta é na criatividade e na diversidade de produtos. Os brindes hoje são produtos do dia-a-dia e deixaram de ser apenas um complemento e para ser o principal apelo de venda.

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Garrafa térmica Kopenhagen tem temperatura digitalizada. Foto: Livia Figueiredo

O A Seguir visitou quatro lojas de chocolate da cidade: Cacau Show, Brasil Cacau, Kopenhagen e Cássia, essa última de doces artesanais. Ao contrário do que se tem visto nos últimos anos, nenhuma loja estava cheia. Pelo contrário, os consumidores apareciam de forma tímida, em pequenas parcelas, e não saíam de mãos cheias. No máximo 3 produtos e olhe lá. Alguns entravam na loja, mapeavam os preços e não se estendiam muito. Esse cenário se repetia mesmo nas Lojas Americanas, que são reconhecidas há muitos anos pelas longas filas. Os altos preços podem ajudar a justificar essa “rebelião” dos consumidores.

– Lembro que houve uma virada de chave na pandemia. Um movimento mais seletivo na hora das compras. Muitas pessoas ficaram apertadas e não conseguiram se restabelecer. Outras perderam emprego e  perceberam que não faz mais sentido gastar rios de dinheiro com chocolate. Sinto que muitos têm optado pelo doce caseiro, que além de mais saudável, costuma ser mais flexível. Eu mesma rodei a Americanas hoje, fui na Cacau Show e fiquei assustada com os preços. Pode me internar se eu pagar R$ 85 num ovo de Páscoa! – disse Rosângela, mãe de Julia, que a encontrou na Americanas logo depois dessa entrevista. O saldo foi uma caixa de bombom para presentear seu professor de muay thai.

O chocolate de Julia já está comprado, mas a mãe garante que não foi em nenhuma loja de varejo: “Além de ajudar a quem precisa, estamos comprando um produto de mais qualidade e podemos, ainda, ter mais flexibilidade nas combinações”, complementou.

O preço, de fato, está muito salgado. Na Cacau Show, em média, um ovo recheado fica na faixa de R$ 70 a R$ 95. Há, ainda, opções mais caras, aquelas que vem acompanhadas de adereços, como fone de ouvido (R$ 139,90) e almofadas. Às vezes nem a estratégia de descontos para quem é cliente Cacau Show funciona.

Os headphones da Cacau Show. Foto: Livia Figueiredo

No entanto, há ainda uma parcela da população que parece não se importar muito com a alta dos preços. O chocolate, que nunca sai de moda, continua conquistando o paladar e os bolsos mais dispostos a desembolsar de uma quantia alta para bancar os custos. Embora em menor quantidade que nos últimos anos, ainda é possível observar que algumas pessoas parecem não se conter com 1, 2… 10 chocolates. E a compra acaba se estendendo. O que originalmente seria só para presentear a família vira um festival de chocolate: são presenteados os namorados, os professores de pilates, de inglês, o amigo que fez determinado gesto em um dia específico. A demanda parece não ter fim.

Ovos recheados

Uma tendência que tem acompanhado os últimos anos na Páscoa são os ovos recheados trufados ou os ovos de colher. Nos mais variados sabores eles são os destaques dos doces de pequenos empreendedores e também têm estampado as estantes e vitrines das lojas. Os recheios são diversos e atraem muito a clientela: ninho, beijinho, doce de leite, brigadeiro, oreo, morango. A Cacau Brasil tem uma linha específica para atender esse segmento. Se chama “Brasilidades”. São ovos recheados com recheios tipicamente locais, que conversam com nossa cultura. Nesta Páscoa, entrou para o catálogo o “Delírios de brigadeirão” (R$99,90). Este, em específico, tem tido uma procura acima do esperado. Os demais da linha, como marshmallow e doce de leite, também costumam ter boa saída.

Ovos da linha Brasilidades são destaque deste ano na Brasil Cacau. Foto: Livia Figueiredo

Novidades

Assim como na Cacau Show, a Brasil Cacau também tem investido numa nova categoria de chocolate: a do entretenimento. Por lá, o chocolate pode vir acompanhado de massinha de modelar e travesseiro de viagens.  Sabe aqueles travesseiros que envolvem e parece que abraçam o pescoço que as pessoas usam para viagens mais longas? Também há outras opções de adereços, como canecas e bichos de pelúcia.

Travesseiro de apoio é sucesso da Brasil Cacau. Foto: Livia Figueiredo

A Kopenhagen, uma das lojas mais caras do setor, era a mais movimentada na tarde desta sexta-feira (31). No caixa, em torno de 5 pessoas faziam as suas compras enquanto 4 rodeavam a loja na busca do ovo – brinquedo perfeito. O ovo de chocolate ao leite com garrafa térmica, que mede a temperatura, é o mais comprado da casa. O valor unitário é R$ 151,90. No momento da reportagem, perto da hora do almoço, já não havia mais nenhum no estoque, apenas os que estavam dispostos em exposição na vitrine. No caso, 4 unidades. Outro que tem saído muito é o kit Xbox, que contempla copo, almofada e balde de pipoca.

Kit Xbox é outro carro chefe da Kopenhagen. Foto: Livia Figueiredo

Além do rol do entretenimento, os tradicionais ovos da linha língua de gato também são sucesso do público. Outro que costuma ter boa adesão do público são os ovos língua de gato, abertos e com colheres. Uma caixa com ovinhos da língua de gato sai a R$ 70,90. Também há opções mais robustas como uma cesta composta por produtos sortidos da Kopenhagen. Essa pode chegar a faixa dos R$ 500.

Ao lado da Kopenhagen, a loja Cássia doces artesanais chama a atenção. Difícil não reparar na vitrine enfeitada de Páscoa, com coelhinhos sentados na cadeira segurando uma plaquinha com um “Feliz Páscoa” e uma cenourinha mesmo com toda a poluição sonora da Gavião Peixoto.

Vitrine da loja Cássia aposta na decoração da Páscoa. Foto: Livia Figueiredo

A loja aposta em um segmento que tem tido alta demanda do público: a de doces mais caseiros e, portanto, mais artesanais. Por lá é possível encontrar ovo de brownie, com o recheio de nutella e doce de leite argentino à parte, além de diversos ovos recheados, como banoffee,  morango com oreo, doce de leite argentino, leite ninho, entre outros.

A loja funciona assim: há ovos de pronta entrega: aqueles que costumam não conter frutas na sua composição e, portanto, não estragam, e os feitos por encomenda. A Cássia doces artesanais se estabeleceu há 1 ano na Gavião Peixoto, em Icaraí, mas seus produtos eram vendidos anteriormente pela internet e em outros estabelecimentos, como restaurantes e lanchonetes. Ganharam tanto o gosto do público que decidiram abrir sua unidade em Icaraí.

Os indicadores desta Páscoa

Um levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) revela que, na hora de presentear, as pesquisas da Abras apontam os maiores gastos nesta Páscoa deste ano será em bombons (26%) e barras de chocolate (25%). Os ovos de Páscoa de até 500g, por sua vez, devem representar 20% das compras. Tanto a colomba pascal de chocolate (14%) como a de frutas cristalizadas (23%) também devem impulsionar o consumo.

De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as vendas do varejo voltadas à Páscoa deverão totalizar R$ 2,49 bilhões em 2023 no Brasil, um faturamento 2,8% maior que o registrado na mesma data em 2022 e 2,7% abaixo do patamar pré-pandemia.

O Brasil importou 2,76 toneladas de chocolates neste ano, 6,5% mais que no mesmo período do ano passado, mas ficou abaixo das 3 mil toneladas do período em 2020, segundo registros da Secretaria de Comércio Exterior.

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