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A minha alegria atravessou o mar, e ancorou nas barcas Rio-Niterói

Por Livia Figueiredo
| aseguirniteroi@gmail.com

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A Seguir conversa com um dos fundadores da Sinfônica Ambulante e com o criador do Boto Marinho para falar sobre o famoso “esquenta” do carnaval
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Sinfônica Ambulante no cortejo marítimo, que virou tradição. Foto: Divulgação

Já virou tradição, parada obrigatória para quem curte carnaval de rua. A festa começa bem cedo, sempre aos domingos, sem muita divulgação. É o boca a boca que dá as coordenadas. A travessia é relativamente curta, mas a festa se estende. A concentração é na Praça Arariboia, em Niterói, onde o cortejo se inicia. São 20 minutos de muita cantoria, música e animação. Um tempo em que os problemas são suspensos, mesmo que por um instante.

Leia mais: Carnaval em Niterói: confira a programação até a quarta-feira de cinzas

O desembarque, como não era para ser diferente, é ao som de muita marchinha. O repertório é amplo: samba, forró, rock e suas mais variadas releituras conhecidas por arrastarem multidões. O grupo de fanfarra de Niterói, o orgulho de Niterói e vencedora do Estandarte de Ouro, Sinfônica Ambulante, já capturou a atenção das terras cariocas. E o A Seguir conversou com um dos fundadores, Edison Matos, para falar um pouco sobre essa tendência que se solidifica a cada carnaval: o cortejo marítimo.

São diversas as abordagens. O fato é que o cortejo marítimo funciona como um esquenta do Carnaval. Mas também há um grupo de pessoas que gosta de se aventurar sozinho e a festa se dá de forma espontânea. Um instrumento de sopro aqui encontra a percussão ali e dali se forma uma canção (cabe ao ouvinte saber se o resultado é harmônico ou não). Pouco importa, pelo menos nessa época do ano. Mas essa história não é de hoje. Já há algum tempo que o carnaval nas barcas é um dos momentos mais esperados.

Era Carnaval de 2011 e Edison ainda não trabalhava diretamente com o carnaval, apesar de já atuar como profissional de música. O tempo que sobrava era para selecionar seus blocos preferidos e curtir como folião.

Para isso, era necessário se programar com bastante disciplina. O despertador era sempre programado para tocar muito cedo para não perder os momentos iniciais da festa. A saída era nas primeiras horas da manhã, pois ainda tinha que pegar as barcas para curtir os mais tradicionais blocos do Rio, como Céu Na Terra no sábado, Boitatá no domingo, entre outros. (para se ter uma ideia, o Céu na Terra, por exemplo, começa às 8h, em Santa Teresa).

Naquele carnaval, o músico e um dos fundadores da Sinfônica resolveu levar o pife (um tipo de flauta tradicional do nordeste feita de taboca/bambu/madeira ) para compor sua fantasia e poder brincar o carnaval.

Nessa época ainda nem existia a Sinfônica Ambulante, que nasceu uma semana após o carnaval juntamente com um dos amigos que passou essa edição de 2011 com Edison, o Rafael Tereso.

O músico e um dos fundadores da Sinfônica Ambulante, Edison Matos. Foto: Arquivo Pessoal

– Levar um instrumento na época para o meio do grupo de amigos sempre foi a maior festa e alegria, pois “o bloco do pife” nunca foi o “bloco do eu sozinho”. Desde as barcas (ida no início do dia e volta para casa no final dos blocos) até todos os lugares que íamos eu tocava o pife e juntava gente, foliões, batuqueiros, tamborins e latinhas de cerveja para ajudar na brincadeira. Sem dúvidas, foi um dos carnavais mais incríveis que passei com meus amigos naquele ano.

Edison Matos no meio da folia. Foto: Pedro Esteban

Vitor Mazzeo fez sua estreia no carnaval no Cordão do Boitatá. Ele é um dos fundadores e atualmente organizador do Boto Marinho, que há 8 anos atravessa as barcas em direção a Ilha de Paquetá.

O Boto Marinho é um bloco aberto que surgiu em 2017. Geralmente o bloco sai todo segundo domingo pós-carnaval. O bloco é reconhecido por movimentar a economia da Ilha de Paquetá.

Boto Marinho reunido em Paquetá. Foto: Arquivo Pessoal

– A gente vai para a Ilha de Paquetá e é sempre muito bom. Os comerciantes costumam pedir para a gente ir lá. Eu tenho essa ligação com as barcas. Estou sempre fazendo esse movimento pendular. Moro no Rio, mas sou cria da UFF. Além disso, eu acho que abracei esse movimento como um todo.

E completa: – Acho que Niterói abraça os blocos. Já participei de alguns como Arara y Boya, Italiano não é joelho, Papa Goyaba, Terra de Ninguém… Gosto muito da cena de Niterói. A Sinfônica é o pilar, né? Tem músicas de orquestra, profissionais mesmo e os alunos fazem alguns blocos também. Só que a cena ainda é muito pequena, tanto que a Sinfônica vai para o Rio.

O músico e “cria” da UFF, Vitor Mazzeo. Foto: Arquivo Pessoal

Mazzeo conversou com o A Seguir no uber a caminho de uma maratona de blocos. Nesta sexta (9) ele ainda ia tocar no Órfãos do Brizola, sede do PDT, Bloco da Radiologia te vejo por dentro, às 18h e às 20h, o festejo é no Brejeiro, no Metrô do Flamengo. Ufa!

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