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Pensar na situação vivida pelas Pessoas Com Deficiência (PCD) não é uma tarefa fácil, pois exige um alto nível de empatia em relação às situações do seu dia a dia. Empatia essa que os Jovens Comunicadores BemTV têm de sobra e usaram para ir a fundo na Nova Política Nacional de Educação Especial. A apuração chegou a uma triste equação: dos 17,3 milhões de brasileiros com alguma deficiência (8,4% da população, segundo o IBGE), apenas 16,6% concluem o Ensino Médio e só 5% possuem diploma de nível superior.
Para o governo brasileiro, a solução para essa triste equação é separar ainda mais os alunos com deficiência dos sem deficiência. Em setembro de 2020, o presidente da república sancionou o projeto da nova Política Nacional de Educação Especial. A diretriz é baseada na premissa de que o desempenho dos alunos PCD e sem deficiência melhoraria se fossem divididos em turmas – de preferência, em escolas separadas. Porém, os Jovens Comunicadores descobriram que estudos e profissionais da área discordam que a proposta ajude no desenvolvimento escolar dos alunos.
Somar é melhor que dividir
Uma pesquisa de 2018 da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), apontava benefícios advindos do convívio entre crianças com e sem deficiência dentro da escola. Segundo o estudo, que acompanhou o desenvolvimento de turmas mistas de educação infantil, crianças com deficiência desenvolvem-se melhor ao observar os colegas com desenvolvimento típico. Já os alunos sem deficiência aprendem a conviver com as diferenças, tornando-se pessoas mais abertas à diversidade.
A falta de estrutura escolar e também o despreparo dos professores são barreiras a derrubar. A professora de Educação Física Cristina Tostes dá aulas para turmas como a que o estudo da UFSM acompanhou. Segundo a professora da rede estadual de educação, no momento em que ela recebeu alunos com diferentes tipos de deficiências em sua sala de aula, percebeu o quanto precisava se atualizar para que a aula fosse proveitosa para todos:
– Nesse momento, vi o quanto era importante uma reciclagem e um estudo maior para abrir possibilidades para esses alunos que vinham em minha aula, a única oportunidade de se divertir, sorrir e até se sentirem iguais aos seus colegas de classe. Eles foram os meus maiores incentivadores.
Cristina contou ao Jovens Comunicadores que já precisou comprar material didático do próprio bolso, pois muitas vezes dava aula em espaços inadequados. Pensando em como mudar as aulas e torná-las mais inclusivas aos seus alunos, ela até buscou na internet formas de criar atividades que pudessem despertar o interesse de todos os alunos nas aulas, na quadra da escola.
A nova proposta para a política educacional parece, portanto, ignorar os dados e basear sua proposta em preconceitos enraizados na sociedade que põe em dúvida a competência de PCDs e a capacidade destas pessoas em alcançarem êxito profissional e pessoal.
A falta de visibilidade não ajuda muito a desfazer essa falsa impressão. Nas Paralimpíadas de Tokyo, o Brasil ficou em 7º lugar no ranking geral, ao conquistar 72 medalhas, sendo 22 de ouro. Mesmo com o desempenho de destaque, não houve transmissão ao vivo em canais de TV aberta. Apenas a audiência da TV Brasil e assinantes do canal SporTV tiveram o privilégio de acompanhar as vitórias dos atletas paralímpicos brasileiros.
A professora Cristina acredita que turmas mistas podem ensinar aos alunos o respeito ao próximo, a importância da cooperação em grupo e também a criar uma maior conscientização social. Para isso, ela defende o incentivo à especialização de professores, para saberem trabalhar com alunos com e sem deficiência, além da melhora das condições físicas e pedagógicas das escolas como um todo. “Eles aprenderiam muito melhor”, conclui.
Produzido por: Larissa Moura, José Rabéns, Suellen Candido, Francinne Cardoso e Israel Mendonça. Alessandra Pereira, Ana Beatriz, David Lucas Vaz, Julia Tavares, Laleska Vaz, Maria Luiza, Maria Vitória, Mariana, Marinara Alves, Rafaella Silva, e Zuri Moura.
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