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2023, o ano em que Niterói se viu no espelho

Por Redação
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RETROSPECTIVA 2023: Censo do IBGE mostrou que a cidade é menor do que acreditava, envelhece e exibe desigualdades
casal de pessoas idosas
Niterói tem a população mais velha do estado do Rio. Foto: arquivo

O Censo do IBGE demorou, depois de perder recursos no governo Bolsonaro, ser adiado para 2022 e exibir seus resultados apenas este ano, mas mostrou mudanças importantes na vida do país – e  em Niterói foi recebido como um banho de realidade, depois de doze anos no escuro, desde a última pesquisa, feita em 2010. A cidade descobriu que é menor do que acreditava ser. Nas projeções feitas pelo próprio IBGE, estimava-se a população da cidade em 516 mil moradores. No entanto, os recenseadores encontraram uma população de apenas 481 mil pessoas.

A análise dos dados do IBGE sobre a cidade é o ponto de partida para a série de reportagem que o A Seguir Niterói apresenta na Retrospectiva de 2023. Um ano que apresenta a cidade de uma forma mais precisa, baseada em dados e não apenas na propaganda e na imagem que fazemos de nós mesmos, e, desta forma, nos permite enxergar melhor os desafios que temos pela frente. Nestas páginas, vamos falar do que aconteceu de bom na cidade, mas  também dos problemas que enfrentamos: foi um ano de apagão, palcos que desabam, intervenções da justiça para conter irregularidades na Emusa, entre outras ocorrências. Foi também o ano em que se discutiu o plano de zoneamento da cidade, o chamado Projeto de Lei do Gabarito, que prevê o adensamento da cidade, com licença para a construção de prédios de até 20 andares, sem previsão de infraestrutura para resolver trânsito, saúde e educação. Um ano que vale rever e que pode ser bom aprendizado.

Niterói, segundo o IBGE

O IBGE mantém uma série de pesquisas sobre o Brasil, seus estados e municípios, com foco na economia e indicadores sociais. Estes estudos obedecem a um calendário próprio. Há indicadores mensais, como os que apuram as taxas de inflação, por exemplo. Outros são anuais. O mais ambicioso e complexo, no então, é o censo populacional, feito a cada dez anos, com visita aos domicílios espalhados por todo o território nacional, um trabalho que dura mais de um ano e se desdobra em análises setoriais, que, no caso, ainda não se esgotaram.

O que foi divulgado até agora, no entanto, permite ver uma cidade diferente do que se esperava. O Censo mostrou que a população diminuiu e provavelmente houve uma fuga de moradores para cidade vizinhas, especialmente Maricá, a cidade que mais cresceu no estado do Rio. O esvaziamento dos grandes centros urbanos foi uma tendência em todo o país, aconteceu em São Paulo, no Rio e na vizinha São Gonçalo, entre outras cidades, em função de problemas habitacionais, custo de vida e dificuldades de transporte. Cidades menores, por sua vez, viram crescer sua população, caso de Maricá, que melhorou seus indicadores sociais com o recebimento dos royalties do petróleo do Pré-Sal, que também beneficiam Niterói.

A deterioração da qualidade de vida aparece em outros indicadores, como o número de imóveis abandonados numa cidade que tem problemas de moradia. Uma hipóteses levantada é a degradação de algumas áreas da cidade, como o Centro, e outras afetadas pela violência, como o Fonseca e Santa Rosa. Na Rua Mario Viana, por exemplo, há inúmeros apartamentos vazios em decorrência do aumento da presença do tráfico na região.

Estes fatores ajudam a explicar também o envelhecimento da população, com a mudança de moradores mais jovens, ainda no mercado de trabalho, que sentem mais os recorrentes problemas de trânsito, que impõem trajetos de uma ou duas horas para se chegar ao Rio. Niterói é a cidade mais envelhecida do estado, com 23.8% dos moradores com mais de 60 anos. O que explica a existência quase “folclórica” de tantas farmácias na cidade.

Outra característica da cidade, na contramão do que se verifica na Região Metropolitana do Rio, é a forte maioria de população branca, 57,15%, contrariando uma tendência nacional, que, pela primeira vez, viu o número de pardos superar o de brancos. No estado do Rio, são 41,92% de brancos e 42,62 de pardos, 12,50% de negros.

Apesar dos indicadores econômicos e sociais de Niterói serem positivos, como o orçamento e a participação no PIB, a décimo-terceira no país, graças à receita do petróleo, as desigualdades sociais são fortes e o atendimento da população mais carente é deficiente, tanto na moradia, com déficit habitacional, quando na Saúde, com longas filas de espera na rede pública e na educação, onde faltam vagas na Educação Básica.

Niterói também tem aparecido de forma regular no Mapa da Violência, às vezes à frente de municípios da Baixada. O Fonseca está entre os bairros com maior número de tiroteios e mortes violentas.

Veja também:

População de Niterói encolhe, segundo o Censo 2022 (aseguirniteroi.com.br)

IBGE revê critérios do censo e número de idosos do Brasil aumenta para 15,8% da população — A Seguir Niterói (aseguirniteroi.com.br)

Censo 2022: população preta e parda de Niterói aumentou, enquanto a branca diminuiu — A Seguir Niterói (aseguirniteroi.com.br)

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