26 de dezembro

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Andrea Ladislau

Andrea Ladislau é graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea. Tem especialização em Psicopedagogia e Inclusão Digital. Na pandemia, criou no Whatsapp o grupo Reflexões Positivas, para apoio emocional a pessoas do Brasil inteiro.
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 Um olhar preconceituoso com a velhice, que pode vir do próprio idoso

casal de pessoas idosas
É preciso ressignificar a velhice para garantir uma saúde mental equilibrada.

Nos últimos anos, temos observado o aumento da população idosa em nosso país. A expectativa de vida hoje no Brasil, gira em torno de 75 anos. E dentro destas perspectivas, surgem algumas reflexões sobre o envelhecimento e de que maneira ele pode afetar o psicológico das pessoas.

Para muitos, envelhecer é uma dádiva. É um coroar da vida com toda a sabedoria adquirida ao longo dos anos. Uma sabedoria pontuada pelas experiências, dores e alegrias que o crescimento impõe.

No entanto, para outros, envelhecer não é um céu de brigadeiro. Envelhecer traz enraizado em suas concepções, aspectos negativos como o surgimento de doenças, impotência sexual, isolamento, sensação de inutilidade e o possível declínio mental.

Razões que explicam o porquê de alguns idosos desenvolverem preconceitos contra outros idosos e pessoas de idade mais avançada. Ou seja, tornam-se infelizes, rejeitam a velhice e não aceitam a sua evolução cronológica.

Esse fenômeno de negação da velhice é mais comum do que se imagina. Sabemos que psicologicamente o espírito não envelhece. Podemos permanecer jovens na mente por muitos anos e morrer desta forma. Mas por outro lado não se pode dizer o mesmo em relação ao nosso corpo físico.

O passar dos anos revela as rugas, traz a voz cansada, os olhos sensíveis e pouco efetivos, uma coluna frágil e cansada da sustentação corporal, além dos velhos conhecidos cabelos brancos denunciando a idade.

Dentro de todas essas questões, o aceite da tão temida velhice pode virar um problema. Muito em função também do comportamento da própria sociedade que cultua o belo e jovem, obrigando o idoso, que não admite sua idade real, a evitar classificar-se dentro do conceito de velhice.

Alimentando a visão preconceituosa de que a velhice é sinônimo de sofrimento, um estado de finitude e não uma fonte de sabedoria e prestígio.

Fato é que, psicologicamente nem todo idoso é velho e nem todo velho chegou a ser um idoso. Podemos classificar o idoso como sendo aquele que possui mais idade.

Já o velho é aquele que perdeu sua jovialidade. Aquele que sente o peso dos anos e não consegue enxergar os ganhos positivos da sua trajetória. Não consegue conceber intimamente que, ficar mais velho é mergulhar em uma imensa onda de sabedoria e experiências que podem servir como exemplo para as gerações mais novas.

Portanto, deixo claro que o processo de envelhecimento é único e será encarado por cada indivíduo de forma singular. Somos seres individualizados e nossas percepções serão moldadas conforme as experiências que trazemos em nossa bagagem mental e emocional.

A vivência se objetifica no sentido em que entendemos que viver é experimentar e não entramos na neurose de temer nossos próprios sentimentos e emoções.

Não podemos perder os sabores da vida e nem a alegria de avançar os anos, podendo contribuir para o aprendizado de outros indivíduos. Sem dúvida tudo isso é um grande privilégio e deve ser encarado como tal.

O preconceito com a idade torna amarga e doída a passagem do tempo. Rouba a liberdade e ajuda a criar rótulos descartáveis para o ser humano, desmerecendo valores e informações relevantes da memória de cada um.

Enfim, que nossos idosos sejam menos velhos e mais idosos. Que consigam ressignificar a velhice para garantir uma saúde mental equilibrada e preciosa, driblando os anos e interagindo com pessoas de todas as idades, marcados pelo prazer e pelo orgulho em garantir uma vida cheia de sabedoria e experiências únicas.

Dra. Andrea Ladislau    /   Psicanalista

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