Não basta ser homem, tem de ter uma mulher de sub. Dois dos principais pré-candidatos a prefeito de Niterói já lançaram os vices em suas chapas. Numa cidade com 54% do eleitorado de pessoas do sexo feminino, Rodrigo Neves (PDT) e Carlos Jordy (PL) escolheram mulheres. Nada, porém, soa natural nessas escolhas. (Dá só uma olhadinha na foto aí de cima).
O bolsonarista Jordy lançou Alexandra Ferro, pastora evangélica e gari da Clin. Aos 47 anos, ela disputou uma vaga de vereadora em 2020 pelo Cidadania e teve 741 votos apenas. Mesmo assim, é apresentada pelo deputado como a vice em sua chapa de pré-candidato a prefeito.
O ex-prefeito Rodrigo Neves lançou domingo passado Isabel Swan, velejadora e medalhista olímpica que está indo para sua terceira olimpíada.
Aos 47 anos, Alexandra é do PP, que apoiaria Jordy mesmo sem ela como vice. Aos 40, Isabel é filiada ao PV, partido da base do governo Axel-Rodrigo e que tem cargos nas gestões deles desde sempre.
O que elas agregam? Experiência de gestão? Conhecimento sobre a cidade? Tomara que sim. Mas, pobres eleitores e eleitoras, não foi nas qualidades delas que os homens cabeça de chapa pensaram.
Nada contra as duas, que fique claro. Sequer as conheço. Assim como você certamente não conhece nada sobre elas além de já ter ouvido falar de suas atividades profissionais. Em alguns casos, mesmo desconhecidas, devem ser melhores que os homens que comandam as candidaturas. Mas isso é outra história.
A terceira colocada na disputa pela Prefeitura de Niterói, segundo pesquisas encomendadas pelos próprios partidos e/ou candidatos, é a deputada Talíria Petrone, do PSOL. Como já é mulher, pode ser que não lance mão do expediente de escolher uma vice do sexo feminino. Ou pode ser a razão da escolha dos adversários. Sei lá, não sei.
“Chegamos à conclusão que era a hora de Niterói ter uma mulher como vice-prefeita. Em 450 anos de história, nunca tivemos uma, e mais de 50% da nossa população é composta por mulheres”, disse Rodrigo Neves ao lançar Isabel. Depois de tantas eleições, enfim chegou a hora.
Mulheres e homens deste Brasil, quando vamos levar (inclusive) a política mais a sério?
