A infância tem como característica o mundo das descobertas, o turbilhão de emoções não compreendidas com intensidades muito grande, onde nem sempre é possível contar com uma perfeita condição cognitiva de se expressarem em palavras.
Neste sentido, a observação destas mudanças na fala, no gestual e no comportamento de forma geral, é imprescindível para auxiliar os pais a perceberem a necessidade de uma intervenção psicológica no sentido de resgatar o equilíbrio de uma possível sobrecarga emocional.
Toda alteração de comportamento infantil passa a ser considerada um problema disfuncional quando impede a criança de fazer tarefas simples, como: brincar com outras crianças da mesma idade; recusar-se a ir para a escola; evitar estar em grupos de amiguinhos; apresentar grande dificuldade para dormir ou se concentrar. Enfim, quando ser criança deixa de ser uma experiência leve e se enche de desconfortos.
A saúde mental deve ser uma prioridade no cuidado, tanto para adultos quanto para as crianças. Elas sofrem com o acometimento de transtornos e neuroses em diversas etapas da infância. Alguns mais leves, outros mais severos, sendo a maior incidência de casos manifestados por crianças em idade entre 2 a 12 anos.
Sinais de ansiedade, angústia, medo excessivo, choro sem explicação, alterações bruscas de humor, oscilação de apetite, irritabilidade, agressividade incomum, descontrole do sono e a enurese (xixi na cama) constante, são alterações comportamentais que acionam o sinal de alerta demonstrando que algo está em desequilíbrio.
Um dos transtornos que mais afetam nossas crianças é o Transtorno de Ansiedade. A ansiedade é um estado em que a pessoa se sente preocupada, temerosa e nervosa. E no caso das crianças esse estado emocional pode se repetir da mesma forma que no adulto.
Elas também demonstram ansiedade com uma certa frequência. Porém, nas crianças, os medos e ansiedades estão associados ao processo de aprendizado de sua fase de vida, e o mais correto é que a medida que vão mudando de fase e idade, essas ansiedades, dúvidas e medos tendem a desaparecer naturalmente.
Se você identificar que seu filho está sofrendo com manifestações de transtornos ou neuroses, não se desespere. O primeiro passo é toda a família se envolver para compreender melhor o que se passa.
Os pais devem ficar tranquilos, pois não é sempre que um tipo de transtorno é sinônimo de medicamento ou de internação. Muitos pedem tratamentos simples que precisam apenas de um suporte e uma conduta diferenciada da família e de quem acompanha esta criança no dia a dia, seja na escola ou em seu ambiente familiar.
Muito cuidado para não reforçar o comportamento em desequilíbrio. Demonstre carinho e procure o diálogo e o acolhimento. O bom gerenciamentos das emoções não significa represá-las.
Portanto, em vez de dizer “não chore” ou “controle-se”, acolha os pequenos, procurando compreender as razões deste comportamento e ajude-os a dar respostas adequadas para cada situação, tomando o cuidado para não invadir o limite desta criança, o que pode torna-la dependente e passiva.
Estimule a reflexão e o diálogo, sendo um facilitador do autoconhecimento. Perceba a necessidade de um acompanhamento psicológico adequado, quando ela apresentar sinais de desequilíbrio emocional e psíquico. Enfim, lembre-se: quando a criança tem dificuldades, toda a família tem também e por trás de um comportamento sempre existe uma necessidade.
Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista