O acordo selado entre os prefeitos do Rio, Eduardo Paes (PSD), e de Niterói, Rodrigo Neves (PT), em torno da candidatura das cidades para sediar o Pan Americano costura uma aliança que vai além do evento esportivo. É uma ponte Rio-Niterói na política. O que está na mesa é uma aliança política que alinha os dois nomes num projeto comum, como já se desenhou em outros momentos, em questões de Saúde e Segurança, por exemplo.
Se o Pan acontece em 31, muito antes disto estão as eleições de 2026, quando Paes deve tentar novamente o governo, contra o eixo político de Bolsonaro (PL), Claudio Castro (PL) e companhia, que domina a baixada e cerca de 80% dos municípios do estado. Niterói seria uma base para a campanha na Região Metropolitana 2 e Leste Fluminense. Especula-se que Rodrigo poderia ser um nome para vice, mas é muito cedo para se pensar nisto. A vaga será usada, na hora certa, para engrossar o apoio à candidatura, sem que seja possível saber por enquanto se PT e PSOl terão candidatos próprios. De qualquer forma, o prefeito de Niterói ganha dimensão política, para quebrar o isolamento que o PDT vive no estado e que atrapalhou seus planos em 2022.
Na pauta, estão projetos comuns, como obras como a linha 3 do metrô, que atravessou 50 anos no papel e nunca entrou na agenda de governo nenhum, e parece desproporcional em relação ao evento. Não se fez metrô nem para a Copa nem para as Olimpíadas. Mas a conversa é boa e cria a oportunidade de sentar na mesma mesa representantes de diversos partidos, que formam a base de sustentação de Paes e Rodrigo. A composição das equipes de governo mostra este mesmo esforço. Na foto, aparece, por exemplo, Felipe Peixoto, do PSD de Paes, ex-adversário de Neves, tornado secretário de governo.
O encontro aconteceu na prefeitura do Rio, quando foi fechado o documento endereçado ao Comitê Olímpico Brasileiro.
Não é possível saber se a candidatura de Rio e Niterói ao Pan vai avançar. Concorre com São Paulo, no Brasil, e outras cidades, no plano internacional. Mas conta com a simpatia do governo Lula, que terá o mesmo desafio de enfrentar a extrema direita em 2026 e já apoiou Paes em outros momentos. Ñão é de se esperar muito empenho para apoiar Nunes e Tarcísio. A decisão do COB acontecerá no próximo dia 29 de janeiro. Mas o acordo está lançado e a aliança sobreviverá à agenda esportiva.