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Sergio Torres

Sergio Torres trabalhou nos três maiores jornais do país ao longo de 35 anos. Mas se interessa mesmo é pelas notícias locais de Niterói, onde nasceu e sempre viveu. 
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Que nome!!!

hotelsanssouci
Foto antiga do hotel Sans Souci. Reprodução da internet

Meu primeiro emprego de repórter, no jornal “O Fluminense”, há 39 anos, me levou a vários municípios do Estado do Rio.

Na lagoa de Maricá, conheci recantos em que a natureza permanecia intocada. Hoje, como tudo, a urbanização não deixou vestígios da natureza original. Não consigo mais reconhecer aqueles belos trechos lacustres.

Em Itaboraí, entrevistei um negro muito velho que dizia ter mais de 100 anos. Assegurava ter sido escravo e contava com detalhes histórias das lavouras da região nas últimas décadas do século anterior. Não sei se tinha sido mesmo escravo. Mas o ancião era um memorialista de primeira grandeza.

No Parque Nacional da Serra dos Órgãos, percorri trilhas até chegar a cachoeiras escondidas. Na estrada Rio-Santos, cobri o brutal desmoronamento de uma encosta entre as cidades de Angra dos Reis e Paraty. Era como se um facão gigantesco tivesse arrancado uma fatia da pista.

Na velha estrada que ligava Rio Bonito e Araruama (hoje parte da Via Lagos), estive na Curva da Morte, onde um terrível capotamento matou jornalistas da TV Globo, entre eles Samuel Wainer Filho, um dos idealizadores da Rádio Fluminense FM, a Maldita.

Na área rural de Nova Friburgo, conheci um dos mais seletos hotéis da região serrana fluminense, o Sans Souci, que fechou na década de 90.

Com dependências muito confortáveis, quadro funcional bem treinado e competente, comida de excelência, o hotel era frequentado por famílias abastadas e casais em lua de mel.

Sinceramente, não lembro o que fui fazer lá. Mas recordo-me de um diretor ou gerente que me falou sobre o interesse do hotel em ter uma assinatura de “O Fluminense”.

Disse a ele que me telefonasse no dia seguinte e eu faria a ponte com o departamento de assinaturas. Assim aconteceu. O homem me ligou, avisei a turma do comercial e transferi o telefonema.

Dias depois o executivo do hotel voltou a me ligar.

“O que houve? O jornal não está chegando?”, perguntei.

“Não é isso, prezado repórter. Chegou já no dia seguinte. Mas o nome veio errado”, respondeu.

“Como assim?”

“A assinatura está em nome do senhor Sérgio Alberto Nazaré Sérgio Sérgio Otávio Ubaldo Carlos Ivo.”

“Mas quem é esse cara?”

“Pelo que sei, ele não existe.”

“Então, quem inventou esse nome?”

O sujeito me explicou. Ao falar com a atendente das assinaturas, notou que a moça não entendia o nome do hotel. Decidiu, então, soletrá-lo.

“Hotel Sans Souci. S de Sérgio, A de Alberto, N de Nazaré, S de Sérgio, S de Sérgio, O de Otávio, U de Ubaldo, C de Carlos, I de Ivo.”

Pois foi assim que o portador do estranho e comprido nome passou à condição de assinante do à época mais importante jornal diário do interior do Estado do Rio.

O que me causou estranheza foi que a jovem atendente não perguntou o sobrenome do novo assinante.

 

 

 

 

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