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Luiz Cláudio Latgé

Jornalista, documentarista, cronista, atuou na TV Globo por 30 anos, como repórter, editor, diretor. Consultor em estratégia de comunicação, mora em Niterói e costuma ser visto no Mercado de São Pedro.
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Que bom falar a mesma língua

Foto: Ricardo Stuckert - reprodução internet

O ano começa com muitos desafios para o Brasil. O presidente Lula mal teve a chance de apresentar seu gabinete e planos de governo, mas já se pode notar uma sensível mudança no país: voltamos a falar a mesma língua, depois do desmonte institucional produzido na gestão de Bolsonaro.

O ministro da Educação, Camilo Santana, não distribui bíblias nem censura livros. Tem o lastro dos resultados conseguidos no Ceará – estado que governou por duas vezes e o elegeu senador – e isso é um bom caminho.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, cientista reconhecida da Fiocruz, instituição que presidia desde 2017, não vai entupir os armazéns do governo de cloroquina nem proclamar a descoberta da cura da Covid com o uso de um vermífugo. Fala a língua da Ciência e presta obediência à medicina e ao cidadão. Não podia haver escolha melhor, depois de todos os Pazuellos.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, conhece profundamente o seu tema e seu nome se confunde com os melhores esforços do Brasil pela sustentabilidade. Não está ali para deixar passar a boiada e proteger garimpeiros e desmatadores. Será ministra do Meio Ambiente e, assim, voltamos a falar a mesma língua.

A lista é enorme. A Cultura com Margareth Menezes volta a ser Cultura. O mesmo com as Relações Exteriores (Mauro Vieira), o Desenvolvimento Social (Wellington Dias).

E quando o presidente promete, diante da multidão em Brasília, democracia para sempre, está falando de respeito ao cidadão, às instituições, às leis e à liberdade – e não de ameaças de golpe em nome da liberdade, como se isso fosse possível.

É um bom começo. O Brasil resgata a interlocução com o governo. Direitos Humanos são direitos humanos; e o direito ao trabalho e o respeito à diversidade.

O representante da Fundação Palmares (João Jorge Rodrigues, presidente do bloco afro Olodum) combaterá o racismo estrutural. O presidente da Biblioteca Nacional (Marco Lucchesi, um niteroiense por adoção) gostará de livros e os projetos culturais vão valorizar o teatro, a música, o cinema. E Tom Jobim será eterno; e Caetano será Caetano; e Chico Buarque será como sempre foi: o melhor Chico Buarque que um povo poderia ter.

Talvez até a praia se livre dos jet skis e a gente possa celebrar um pôr do sol  como devemos celebrar a vida

 

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